Foto: We Heart It|/ Créditos do autor na imagem |
Está tarde agora. E
este é um daqueles textos que a gente encontra uma dificuldade tremenda para
escrever, então peço desculpa desde já por qualquer oração sem sentido e, de antecipação,
por tudo que direi aqui. São palavras e mais palavras desconexas que já
poderiam ter sido ditas, que ecoaram em minha mente ao longo de alguns meses e
nela se instalaram, como um mal aguardando de maneira silenciosa até se
manifestar. E então se manifesta agora (me manifesto agora), em tom literário,
como sempre foi e deveria ter sido.
Desde que tenho cerca
de 12 anos de idade, tenho também um blog. Em alguns momentos, foram até dois,
para ser franca. Nada de muito consistente, no entanto. Apenas mais algumas
páginas estranhas de uma garota que, como várias outras ao longo desta fase,
estava começando a desbravar os territórios obscuros da adolescência. Talvez
apenas novos, diferentes... Hoje eu não saberia dizer. Os antigos medos foram
exorcizados. Outros prometeram vir pela frente.
Em 2010, todavia,
consegui, pela primeira vez, unir minha paixão por Literatura ao amor pela
escrita – duas coisas que, aliás, de uma forma ou de outra, sempre tinham
caminhado juntas ao longo de minha vida – e criei o Na Parede do Quarto ao lado
de duas amigas, um blog tão tímido quanto os outros, mas o único no qual passei
a vislumbrar maior potencial. E o primeiro que, mais tarde, se tornou um blog
real. Um blog capaz de atrair leitores, de chamar atenção de um público
interessado pelos mesmos assuntos e de receber aqueles comentários sensacionais
nos quais nossos textos eram elogiados deveras. Um site feito com todo o
carinho de uma jovem motivada pela euforia e que, com o tempo, teve papel
fundamental na compreensão que passei a ter de meu próprio eu. Um site que,
além de meio pelo qual era possível compartilhar gostos literários, também
formou a consciência crítica e responsável da blogueira que lhes fala.
Antes e, por algum
tempo, durante o NPQ, minha vontade era viver para escrever. Ou escrever para
viver. A literatura, afinal, já àquela época tinha se mostrado como um caminho
sedutor para quem tão envolvida se sentia pela refinada arte das palavras. A
leitura, para quem habituada a ela estava, era também um aconchego, uma ternura
antiga e um deslumbramento sempre atual, constante e etéreo, daqueles que a
gente carrega ao longo de todo o percurso, haja o que houver. Num momento
inexplicável, porém, o tal do Jornalismo – avassalador, fantasioso e com pinta
de quem não iria vingar – “houve”, acabou se alojando sutilmente em minha
consciência e, de forma homeopática, em meu coração já tão carregado de livros
e de vontade de saber.
Coexistindo de maneira
saudável, Literatura e Jornalismo (letras maiúsculas para me referir às duas
modalidades como pessoas, tais quais a minha consciência as representa) têm
sido o combustível para meus textos neste blog desde então. Mais literários que
jornalísticos, é verdade, no entanto sempre inspirados um pelo outro. E o Na
Parede do Quarto, em meio a tudo isso, viveu momentos de glória para minha
mente encantada: as citações em outros blogs; o carinho de quem visitava – e
retornava! - a página; o debate gerado por um texto contrário ao de uma
articulista do Portal Terra; as parcerias com as editoras que sempre admirei em
anonimato; a oportunidade de ter acesso a um livro com muita antecedência; a
aproximação do conhecimento sobre a produção editorial; a vontade de também,
por um ímpeto pretensioso, fazer literatura. O desejo de ser conhecida e de
conhecer mais, de devorar romances de maneira ávida e de conversar com leitores
e amigos blogueiros sobre as coisas maravilhosas (ou terríveis) que tinha lido.
Daí as cartas começaram
a chegar em casa num momento em que todo esse reconhecimento era apreciado de
forma quase religiosa. Eram bilhetes, às vezes textos bem longos também,
acompanhados de cartelas de adesivos, marcadores e de todas essas coisinhas que
nós, como leitores, passamos a adorar. Mas eram acompanhados especialmente da
alegria e do retorno que apenas me motivavam a escrever mais e mais, a melhorar
e a explorar a blogosfera literária para a qual eu me dedicava. E foram tempos
dourados, como foram! Tempos enriquecedores, que também me causaram eventuais
problemas e dores de cabeça, os quais, todavia, sempre foram recompensados com
a felicidade de um comentário gigante no dia seguinte.
A partir do final do
ano passado, porém, comecei lentamente a sentir um revés em relação ao blog.
Estava estressada com a fase pré-vestibular e tinha enormes dificuldades, desde
aquela época, para responder comentários e visitar as páginas de outros amigos.
Foi o primeiro momento em que, sinceramente, pensei em desistir de tudo isto.
Mas a fase ruim passou, a Fernanda e a Karine chegaram para ajudar a mim e a
Letícia e, pelas quase 14.000 visitas em janeiro deste ano, voltei a crer que
estava no meu rumo. Ainda, como declarei em texto do qual alguns se lembrarão:
prometi que ficaria.
Em fevereiro, então,
mais precisamente ao final do mês, iniciei um caminho que hoje classificaria
sem volta rumo ao Jornalismo, aquele a quem dei os braços para me guiar como
profissão e a quem, lentamente, acabei me entregando de corpo inteiro. Foi aqui
que o blog começou a perder sinceramente a sua força e eu, como blogueira,
minha vontade e o tempo para me dedicar a tudo isso. Pela primeira vez nesses
quase três anos, senti-me desnorteada. O que estava fazendo aqui mesmo?
E o descontentamento
foi constante. Quando eu dormia mais do que o esperado, enquanto poderia estar
postando ou respondendo aos comentários, acordava irritada, triste. Depois
vinham uns acessos de dedicação, uma madrugada insone assistindo a vídeos de
outros blogs e conversando com gente que me remetia a uma época áurea do Na
Parede do Quarto. Foi quando eu me dei conta de que, em nome de tudo aquilo que
vocês já me ofereceram, não tinha mais o suficiente para oferecer. Minhas
migalhas de blogueira apenas degradavam uma coisa que, ao lado de pessoas
incríveis, construí com genuíno carinho.
Há duas semanas, enfim,
a conclusão fatídica deste blog martelou em minha mente. Provocou grandes
dúvidas, causou uma intensa sensação de letargia e, ao fim, uma paz pessoal que
seria difícil de explicar. Conversei com pessoas mais próximas, contei às
meninas e, principalmente, à minha consciência. A hora, desta vez, e eu já
sabia há algum tempo, tinha chegado.
Então hoje, peço perdão
por estes milhares de caracteres, venho aqui oficialmente me despedir de vocês.
Com o coração apertado e a saudade já batendo fortemente, concretizo, com este
texto, o adeus do Na Parede do Quarto. Para vocês, o adeus ao Na Parede do Quarto.
Nesta minha última
apresentação ao estimado público desta página, fico humildemente de joelhos
para agradecer a presença de cada leitor que passou, que ficou e que, por algum
motivo, trouxe outro leitor àquilo que construímos. Àqueles que comentaram e
auxiliaram na construção de um debate sadio e inteligente, deixo um beijo e um
abraço sinceros. Aos autores, editoras e demais profissionais que confiaram em nosso
trabalho, todo o meu respeito e gratidão. A quem elogiou ou reclamou e colocou
a boca no trombone, pelas críticas construtivas, um muito obrigada. Também a
você, que está lendo isto agora, pela paciência, pelo respeito e pelo
interesse.
Como jornalista,
continuo amante da Literatura, disposta a ler, comentar e amar cada novo
romance que por algum motivo cair em minhas mãos. Mas também como jornalista,
passo a compreender o mundo de um panorama mais amplo, que não pode ser
limitado e que, futuramente, talvez me leve a escrever em outro blog, em outros
caminhos. E que lá, neste lugar distante, nossos caminhos ainda se cruzem para
que possamos construir, com o mesmo carinho e dedicação, o que construímos no
Na Parede do Quarto.
Acompanhada da
relutância natural de qualquer despedida, enfim, deixo o meu adeus. E também
meus agradecimentos, e também minhas paixões. Deixo, acima de tudo, um blog
feito especialmente para cada um de vocês. Um blog que, com suas atividades
suspensas, passa a viver de maneira longeva em minha memória e, espero, na de
todos nós.
Muito obrigada.
Ana Ferreira
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Não é fácil dizer adeus. Principalmente para algo que você acompanhou desde o início. O NPQ cresceu tanto nesses anos, mudou a cara várias vezes, apresentou novas ideias, ganhou novos leitores... E hoje, infelizmente, é tempo de dizer adeus. Obrigada por tudo de bom que vocês nos proporcionaram, a todos os comentários e respostas as nossas postagens que nos deixavam felizes por saber que alguém gostava e apoiava nosso trabalho. Muito Obrigada! Seguiremos nossa vida, tomares rumos diferentes, mas tenho certeza que lembraremos sempre de todos e, especialmente, do blog. Um grande beijo,
Letícia Figueiredo
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O Na Parede do Quarto já faz parte de mim e é difícil ter que lidar com o fim. Pelo pouco tempo que passei aqui, eu cresci bastante como escritora, conheci novas pessoas e tive experiências incríveis. Tenho apenas a agradecer pelo carinho com o qual fui recebida já na primeira postagem. É triste sim ter que dizer adeus ao blog mas tenho certeza que sempre nos lembraremos dele com muito carinho. Muito obrigada por tudo! Com carinho,
Fernanda Evangelista
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Antes de chegar a parte triste, que é de fato me despedir de
vocês, queria antes dizer algumas coisinhas. Primeiramente, eu adoro escrever,
e adoro escrever pra vocês. Sempre fiz isso com o maior gosto e sempre tentei
ser o mais atenciosa possível com vocês. Sempre me esforcei para responder a
todos os comentários e não deixar ninguém no vácuo. Tentei escrever bem, tentei
expressar claramente minha opnião sobre os livros e muitas vezes tentei
convencer vocês a lerem certos livros que adorei haha. Enfim, tentei dar o meu
melhor e espero que vocês tenham apreciado minhas resenhas e minhas críticas,
positivas ou não. Eu sempre adorei ler e espero continuar sendo uma leitora
voraz e espero que vocês continuem também. Leiam muito, muitos e muitos livros!
Eu amei estar escrevendo esses meses pra vocês e espero que vocês tenham
gostado. Não sei se vocês estão sabendo da Turnê Intrinseca que vai acontecer
em SP, bem eu provavelmente irei, se algum de vocês forem e quiserem, me
procurem. Meu facebook está aqui para contato: https://www.facebook.com/karine.pestana.
E o evento da turnê: https://www.facebook.com/events/256856907793920/.
Espero encontrar algum de vocês lá. Estou sempre disponível para conversar
sobre livros, então, pode chamar no chat a vontade caso vocês queiram dicas ou
a minha opinião sobre certo livro. Ok, inicialmente esse texto era para ter uma
cinco linhas, acho que acabei passando um pouco. É triste me despedir de vocês,
mas aqui vai: tchau pra vocês, agradeço muuuuuuuito a todos que acompanham o
blog e eu vou sentir saudades de vocês e de claro, escrever pra vocês. Um
abraço e um beijo pra vocês!
Karine Pestana