24 janeiro 2011

Papo sério: A educação ao redor do mundo

   Quando fala-se de escola, surge aquela dúvida, normalmente pura curiosidade, de saber como os jovens de outras partes do planeta estão acostumados a estudar. Como é o método? Qual é a carga de horas? Como são os uniformes? Se eles realmente usam uniformes... Como funcionam os testes? Quais são os países com os níveis de educação mais altos?

   Algumas regiões específicas serão colocadas em pauta aqui, para que possam conhecer um pouquinho mais da rotina dos estudantes estrangeiros. Quem sabe não lhe surja a oportunidade de fazer um intercâmbio?

1. Austrália e Nova Zelândia

Situada na Oceania e no topo do ranking da educação mundial está a gloriosa (e bem jovem, diga-se de passagem) Austrália, que vem seguida da Nova Zelândia, sua vizinha, em 4º lugar com os mesmos números, entretanto.

   Para entender, é imprescindível ressaltar que ambos os governos investem altíssimo em educação, principalmente pelo fato de serem países jovens, com um grande número de estudantes.
   Cada estado australiano é responsável pelo controle de suas instituições (públicas ou privadas). Seus estudantes começam a cursar a escola aos 5 anos, no primário, e podem optar pelo ensino de 12 anos (para quem quer cursar a universidade – grande maioria) ou o de 10 (para quem pretende trabalhar sem graduação universitária).
   A Austrália também investe muito em esportes, o que pode explicar o número de adolescentes que optam por terminar o secundário (famoso High School) aos 15 anos e entrarem, por exemplo, nas escolas de surfe, já bem conhecidas pelos brasileiros.
   Tanto as escolas privadas quanto as particulares requerem o uso de uniforme, mas as primeiras costumam ser mais rígidas, uma vez que também estão comumente relacionadas à religião. Ao contrário do que muitas vezes vemos no Brasil, as escolas públicas australianas são, muitas vezes, tão boas quanto as pagas e oferecem suporte e preparação para as conceituadas faculdades.
   Nestes dois países há os maiores índices de estudantes imigrantes, pois são os favoritos (além do Canadá) para a realização de intercâmbios. Para nós, brasileiros, há apenas o pequeno grande problema da distância, o que, muitas vezes, torna o preço da viagem de estudos astronômico.

2. Países Europeus em Geral

O bom e velho sistema europeu, dificilmente superado, principalmente quando se trata dos países nórdicos (Dinamarca, Noruega, Finlândia, Islândia, etc), que ditam padrões educacionais por todo o mundo.

   Há um contraste no continente que funciona: os colégios tradicionalistas caminham lado a lado com as instituições liberais e modernistas, completamente normais na Europa. Uns usam uniformes, outros vestem-se como querem: realidades paralelas e que dão certo.
   Naturalmente, a região lidera o ranking da educação em geral, pois tem a maior quantidade de países bem classificados no mesmo. O que há por detrás de tanta instrução é simples de compreender: influência à cultura. Enquanto os brasileiros leem aproximadamente 2 livros anualmente, por exemplo, os europeus leem 8, podendo chegar a 10 nos Países Nórdicos.
   Ao contrário da Austrália ou da Nova Zelândia, entretanto, o Velho Continente não oferece muita receptividade aos que não são seus conterrâneos. Há muitas histórias de brasileiros deportados injustamente, ainda que muitos tenham merecido, os números são altíssimos. Mais altos que deveriam ser.

3. Canadá e Estados Unidos
Os estadunidenses que perdoem, mas seus vizinhos estão à frente no que se diz respeito à educação. O Canadá, país de altíssimo nível, ocupa a quinta posição, enquanto os irmãos ianques encontram-se na vigésima.

   É natural que uma potência econômica com tantos habitantes não ocupe a melhor posição do ranking, embora ainda seja muito boa (e muito melhor que a nossa também) e deva ser colocada em destaque aqui.
   O sistema dos vizinhos é parecido. Escolas públicas ótimas, particulares tradicionalistas e muito período integral, nada de cinco ou quatro horas diárias.
   Em muitas regiões do Canadá, pela forte influência francesa e pelo grande número de habitantes que falam a língua, as escolas ensinam tanto o inglês quanto o francês. É um país extremamente chamativo para os estrangeiros e, no que se diz respeito a dinheiro e brasileiros, bem mais rentável e perto que a Austrália ou a Nova Zelândia, por exemplo.
   Já nas instituições americanas deve-se ressaltar o patriotismo, muito semelhante ao europeu, que é de suma importância nas aulas de história, por exemplo. Os estadunidenses pouco sabem sobre a história mundial, pouco se comparado ao que sabem de sua própria terra, de seu próprio sangue.

4. Coreia do Sul e Japão
A Ásia também conta com seus representantes em padrões educacionais. Caracterizados por seus sistemas rígidos (especialmente a Coreia do Sul), são excelência no oriente.

   Período integral, uniformes completos (das meias e sapatos aos chapéus, sim, aos chapéus!), seis dias letivos semanais (eles têm aulas aos sábados).
   No Japão, o sistema educacional é dividido em cinco estágios: jardim de infância, escola primária, ginásio de 1º grau, ginásio de 2º grau e universidade. Todas as crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos devem, obrigatoriamente, frequentar a escola.
   Já na Coreia do Sul, os melhores alunos do mundo. Não são superdotados. Apenas deram a sorte de estar no país que tem o melhor ensino básico do planeta. Uma média de oito horas diárias, notas altas em todas as escolas, 20% dos gastos familiares são destinados à educação. E o governo também investe alto.
   São provas de que o tradicionalismo dá certo, afinal, de onde vêm as grandes descobertas tecnológicas? Quem tanto produz para o mundo inteiro? Produção e educação na dose certa. Este equilíbrio os deixa economicamente atrás da vizinha comunista. Made in China, nah?

5. China e Índia

O país que é politicamente adepto do comunismo e que, paralelamente, tem uma das economias capitalistas mais importantes do planeta, não investia muito em educação, assim como a Índia, que ainda não investe.

   O sistema educacional da China regride no que diz respeito à liberdade de expressão, ao conhecimento de outras culturas. A rigidez é similar à encontrada em outros importantes países asiáticos. Há, entretanto, a enorme população, que impede o progresso na área, com tantas as escolas requeridas e a falta de opções dos chineses, que buscam dinheiro e acabam dando prioridade ao trabalho. É a mesma a situação da Índia, em termos de população e opção, embora neste país, a pobreza e a desigualdade sejam mais acentuadas.
   O regime da China apenas não é tão duro por não exigir fé religiosa, ao contrário da Índia, que vive em meio a conflitos dogmáticos.
   As crianças chinesas usam uniformes tais quais as japonesas. As crianças pobres indianas muitas vezes estudam no chão. Já os indianos com um pouco mais de dinheiro, podem chegar a frequentar escolas de padrões ingleses, por conta da descendência.
   A Índia deixa a desejar no que diz respeito a estudos. A China está no caminho, no começo.

6. Países Muçulmanos e Africanos

A grande maioria dos muçulmanos está na Ásia, principalmente na Indonésia, aonde encontra-se o maior número de adeptos do Islamismo no mundo. Uma parcela significativa está na África, e o que têm em comum, infelizmente, é a pobreza. Seguida da educação retrógrada, muitas vezes pautada sob radicais influências religiosas. 

    Muitos países muçulmanos são prejudicados pela crença. Na escola, os meninos são priorizados. O homem deve saber ler e fazer contas para administrar o comércio. A mulher, supostamente, ganha muita liberdade estando no mesmo patamar. Por isso, deve saber o essencial sobre cuidar de uma casa. Cozinhar, passar, lavar, limpar, cuidar dos filhos e do marido. Claro que nem em todos os países e ainda que fossem em todos, há mulheres que são permitidas pelas famílias a entrarem em instituições de ensino, até cursarem a universidade e seguirem carreira. Os números crescem, mas há muitas que param no meio do percurso para casarem-se (e casam-se muito jovens, geralmente aos 14, 15 anos) e cuidarem dos filhos. Algumas não retornam, pois é desejo do marido que permaneçam apenas em casa. Em países extremistas, como o Afeganistão, o quadro é totalmente comum.
   Na África não tão religiosa, há o caso típico da pobreza extrema em grande parcela do continente, salvo por uma África do Sul que desenvolve-se, um Egito atraente ao turismo, e uma Líbia que ocupa a primeira posição do ranking educacional africano, por exemplo. Nas nações necessitadas, quem sobrevive deve trabalhar. Estudar deixa de ser a prioridade em países nos quais nem sequer a água do momento de sede de algumas horas é certa.


Créditos pelas fotografias aos usuários do Deviantart e We Heart It
Pesquisas em Wikipédia, Portal São Francisco, Europa.eu e Adur-Rj.org

Um bom início de semana!







2 comentários:

Adriana T disse...

Muito interessante parabéns pela pesquisa.

Bruna Tenório disse...

Incrível como o alto nível de educação se concentra apenas nas maiores potências econômicas.