17 maio 2011

17
mai
2011

Lonely Hearts Club, Elizabeth Eulberg

Lonely Hearts Club – Porque Ninguém Precisa de um Namorado para Ser Feliz, Elizabeth Eulberg  
 Editora Intrínseca
238 páginas
Nota: 5 de 5 (Muito Bom)
“Love is all you need... Ou será que não?
Eu, Penny Lane Bloom, juro solenemente nunca mais namorar enquanto viver.
Tudo bem, talvez eu reconsidere essa decisão em dez anos, ou algo assim, quando não estiver mais morando em Parkview, Illinois, nem frequentando a escola McKinley, mas, por hora, não quero mais saber de garotos. São todos a escória da humanidade, mentirosos e traidores.
Sim, todos eles. A essência do mal.
Claro que alguns parecem ser legais, mas, assim que conseguem o que querem, dão o fora em você e partem para o próximo alvo.
Então, cansei.
Chega de namorar.
Fim.”

   E com essas palavras, entregamo-nos a uma leitura leve, bem-humorada e altamente recomendada para qualquer mulher, de qualquer idade, que saberá compreender perfeitamente bem a mensagem do livro.
    A propósito, não é um livro que indico à ala masculina. Entendam... Lonely Hearts Club não é fútil, como alguns pensam. É uma leitura exclusivamente feminina que explora muitíssimo bem nossos problemáticos dilemas. Que vocês, homens, jamais serão capazes de entender, diga-se de passagem. Nada contra o intelecto de alguém.
    Penny Lane, logo ao início da história, sofre uma desilusão amorosa consideravelmente traumática e fica abalada, mais para revoltada, digamos. A jovem está cansada de sofrer com os términos de seus namoros, com as traições, com as grosserias, com todos os relacionamentos que só terminam em decepções, e decide afastar os seres do sexo masculino de sua vida de uma forma cômica e um tanto rebelde. A apaixonada pelos Beatles (costume de família e únicos homens que quer perto de si) descobre, por acaso, em um pôster de sua banda inglesa querida a solução de todos os problemas. Um nome que sobressai no título de um álbum dos garotos de Liverpool (Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band). Nasce daí o Lonely Hearts Club (Clube dos Corações Solitários, em português) e, juntamente com ele, uma revolução na vida de várias mocinhas em prol de uma causa. Elas não querem mais saber de namorar.  Querem parar e olhar para si mesmas, e esse é o grande barato do livro.
    A narradora e protagonista é extremamente carismática. Penny é divertida, é irônica e mostra-se uma amiga muito leal ao decorrer da história. Sua família, apesar de não ser o foco do livro, é interessantíssima e respira The Beatles. Os pais da moça e das duas irmãs conheceram-se em um encontro de fãs após a morte de John Lennon e, graças à extrema adoração pela banda, deram às três filhas nomes baseados em suas canções: Lucy (Lucy in the Sky with Diamonds), Rita (Lovely Rita) e Penny Lane (música homônima). O casal, apesar de não aparecer muito, é o sonho de todo filho adolescente: são liberais, curtem boa música e apoiam a filha no que ela necessitar. Destaque também para Rita, que é uma irmã muito companheira e uma amiga inestimável.
    Do núcleo do clube, as mais importantes, adoro Tracy. Ela é mais sonhadora, um pouco romântica e está ao lado de Penn em todos os momentos. Todos mesmo. Diane é a ex-líder de torcida mais legal de todas as ex-líderes de torcida! E as meninas que vão surgindo na história, novas integrantes e amigas, são retratos de moças e mulheres por aí. Temos a forte, a sensível, a engraçada, a tímida, a jogadora de basquete, a roqueira, a redatora da escola... Cada qual especial à sua maneira, impossível não nos identificarmos com uma delas, ao menos!
    A trama é bem ritmada, daquelas que lhe fazem querer mais, mais e mais. Os diálogos são vivos, carregados de ações e de fatos que não param de acontecer.
    Testemunhamos muitas histórias em Lonely Hearts Club. Histórias de namoros longos que acabaram por nada, de relacionamentos curtos e intensos, das decepções mais diversas e de foras ridículos...
   “Um dia, sem mais nem menos, ele veio até onde eu estava na hora do almoço e na frente de todo o mundo disse: “As rosas são muito vermelhas. As violetas são azuis para valer. O lixo é jogado fora, e você também acaba de ser..” Todos os idiotas na mesa dos atletas ficaram lá rindo.”
    ...E de paixões que, afinal, podem dar certo.
     Importante ressaltar outro fato interessante do livro. Além da diagramação muitíssimo bem feita, ele é dividido de uma forma muito criativa, com trechos de canções dos Beatles:Yesterday, Revolution, With a Little Help from My Friends, Here Comes the Sun, etc.
    É com esta forma descontraída que Elizabeth Eulberg valoriza a autoestima feminina e nos passa uma lição valiosa. Cada uma compreende o recado para si.
Lonely Hearts Club , ao contrário do que podem estar pensando, não é um livro contra homens. É um livro a favor das mulheres. E eu adorei!
“Eu realmente não sei por que todo o mundo decidiu vir aqui esta noite. Acho que tudo o que posso dizer a vocês é por que estou aqui... bem, além do fato de que moro aqui. - Todas riram, e eu respirei fundo. - Para ser sincera, estou cansada de tudo. Os joguinhos... os garotos... tudo. Duvido que haja aqui alguma menina que nunca tenha ficado obcecada imaginando se aquele garoto iria ligar, ou se teria companhia para ir a uma festa. E por causa da pressão para fazer isso e aquilo com um garoto, acabamos nos conformando com alguém que não vale a pena. E, quando realmente encontramos um carinha que pensamos ser especial, esquecemos as amigas. - Tentei não olhar para Diane. - Ou então mudamos alguma coisa em nós mesmas para agradar a um garoto, em vez de fazer o que nos deixa feliz ou o que sabemos que é certo. Por que fazemos isso? Por que nos damos o trabalho? - Senti meus nervos se acalmarem quando vi todas as meninas concordando. – Sei que algumas pessoas vão pensar que estou sendo pessimista, mas é sério: vamos analisar a população masculina da McKinley. - O riso tomou conta da sala. - Não é como se tivéssemos uma grande fartura de garotos decentes para escolher!”
p. 114