23 junho 2011

23
jun
2011

Desculpa se te chamo de amor, Federico Moccia


Título original: Scusa ma ti chiamo amore

Autor: Federico Moccia
Tradução: Gian Bruno Grosso
Editora: Planeta Brasil
Número de páginas: 413
ISBN: 978-85-7665-436-0
Edição: São Paulo, 2009
Gênero: Literatura Italiana, Romance
Para comprar: R$19,90 na Fnac
"E se for amor, amor de verdade?
Niki é uma adolescente espevitada que está prestes a terminar o ensino médio. Alessandro é um bem-sucedido publicitário de 37 anos, que acaba de ser abandonado por sua noiva. Apesar dos vinte anos de diferença, Niki e Alessandro se apaixonam perdidamente e viverão uma adorável história de amor que irá contra todas as convenções e preconceitos sociais.
Um delicioso romance sobre o poder do amor, que emociona e provoca, e com personagens que se expõem ao turbilhão de sentimentos. Um livro imperdível!"

 "Sinto muito. Decidi. E você ouviu muito bem. Desculpa, mas vou te chamar amor."
p. 224

  Simples, sublime, uma fórmula pouco complicada, uma história por vezes meiga, noutras ardente, sempre falando puramente de amor. E olha, esses italianos sabem mesmo falar de amor!
   Li uma resenha sobre o livro e fui procurá-lo, por curiosidade. O preço estava bom, comprei-o e acabei ficando cada vez mais interessada pela história, até que tive uma agradável surpresa com este romance distinto e leve que entrou para a minha lista de prediletos do gênero.
Michela Quattrociocche e Raoul Bova: Niki e Alex no filme!
   Não sei se já o classificaram como livro juvenil mas, se o tiverem feito, foi um tremendo erro. Eu não creio que Desculpa se te chamo de amor seja um livro comparável àqueles de grupinhos e estereótipos nas escolas americanas de todos os dias. Não mesmo. Comecemos por aí, a propósito. Os adolescentes de Federico Moccia são adolescentes mesmo, vivendo à flor da pele as emoções novas da vida. Aqui, eles não brigam pela vaga no time de futebol da escola ou das líderes de torcida, não vão dançar no baile de formatura com o par bonitinho. Nesta Roma apresentada a nós pelo autor, conhecemos jovens de todos os tipos; alguns que estão nem aí para a vida, que bebem, fumam, cometem uma série de leviandades a troco de mera divesão, jovens sonhadores, carentes de amor, jovens dedicados que aguardam a chegada de algo grande, jovens que estão descobrindo o sexo, jovens que só falam de sexo...
   É com esse elenco jovial, cheio de viço que temos o contraste da vida dos adultos. Vidas conturbadas que dividem-se em emprego e a família, vidas que escondem outras vidas e casos fora do matrimônio, vidas em turbulência, vidas que sofrem os impactos de mudanças repentinas.
   Destes dois grupos surgem Niki, a garota dos jasmins que irradia leveza, alegria, a garota das frases engraçadas, positiva e que tem em si a beleza, a grandeza de ser jovem; e Alex, por fim, o publicitário que estava a um passo de atingir sua vida madura em todos os sentidos, o homem responsável, competitivo que ainda não se conformou com o abandono da noiva, Elena.
   Num acidente de trânsito, ela em sua moto, ele em seu carro, seus mundos se colidem e a história que dali resulta dá tamanha graça ao livro. Deparamo-nos com todos os problemas de uma história de amor entre duas pessoas separadas por 20 anos de idade. Uma distância que de alguma forma os atrela, os completa. Niki dá a Alex um pouco de sua alegria, de sua liberdade e da forma simples de enxergar a vida. Alex ensina Niki a amar.
"E depois a pergunta mais difícil.
- Desculpe, mas o senhor me ama ou não?
 E a resposta mais simples.
- Não sei, mas eu estou nessa!"
p. 250

      Paralelamente à história de Niki e Alessandro, temos outras que se entrelaçam. As amigas de Niki, as Ondas, Diletta, Olly e Erica. Jovens que juntas enfrentam seus problemas, sua adolescência, a vida e a maturidade que vem por aí. Diletta, a inteligente, a romântica que sonha com o amor verdadeiro, que se resguarda e também a seu corpo pelo momento ideal. Olly, palavras divertidas e/sobre sexo, que garantem boas risadas, aquela jovem com medo de amor que se entrega aos prazeres levianos, aos pequenos momentos. Erica, a amiga fiel, que namora com o mesmo rapaz desde tantos anos de sua adolescência, a garota com sede de liberdade e de paixão, uma nova paixão. 
   Os amigos de Alex. Enrico, apaixonado, com medo de perder Camilla, sua mulher. Pietro, marido e pai de família que se diverte com várias mulheres fora de seu casamento. Flavio, o correto, aquele que sente falta de algo em sua vida. Destaque também para Andrea, valiosíssimo amigo, demonstrará em algum momento.
   Além disso, Mauro e Paola, personagens de caráter mais figurante, têm seu enredo e seu caso mostrados em capítulos à parte.
   A narração do livro é em terceira pessoa, porém, o discurso é indireto livre, assumindo muitas vezes os pensamentos das personagens e tornando-o mais peculiar.
   O diferencial de Federico Moccia é aceitar ser comum. Seus personagens têm fraquezas, têm qualidades, erram, acertam, amam e não têm medo de se apaixonarem. Todas as formas de amor retratadas no livro podem ser presenciadas em nosso cotidiano. Moccia fala de amor platônico, de amor carnal, de amor dor, de amor que encoraja, de amor esquecido, de amor com ciúme e une tudo em uma narrativa gostosa, com metáforas lindas, embora algumas vezes falte a descrição de certos fatos que podem deixar o leitor meio perdido. Gostaria de ter tido um aprofundamento maior em algumas partes, mas a grandeza das histórias de amores e desamores superam essa dificuldade.  
   Um livro sublime que mostra o valor das coisas simples e até onde as pessoas vão pelo mais nobre dos sentimentos. Após lê-lo, tenho certeza de que você começará a compreender as coisas de uma outra perspectiva, compreenderá, acima de tudo que, quando se ama de verdade, não há idade, opção sexual, credo, contratempo, medo e limite.

Classificação final:

4 de 5 (Muito Bom)

Desculpa se te chamo de amor tornou-se um filme por conta do sucesso do livro na Itália e no mundo. O nome traduzido para o português virou Lição de Amor. Niki e Alex são interpretados por Michela Quattrociocche e Raoul Bova (o mesmo bonitão de Sob o sol da Toscana) respectivamente. Assista ao trailer abaixo:

   Desculpa se te chamo de amor tem como continuação o livro Desculpa, quero me casar contigo que, a propósito, eu estou louca para ler!


Beijinhos,