30 janeiro 2011

À amiga de minhas memórias


   Remexo as gavetas de minhas lembranças à procura de espaço para os elementos de meu presente. Encontro ali a minha vida há alguns poucos anos e sorrio ao fitar uma fotografia na qual brincávamos juntas.

   Éramos crianças e considerando nossa condição de jovens, não faz muito tempo. Ainda assim, parece ter sido o suficiente para desfazer as linhas deste companheirismo com o qual os anos foram tão injustos.
   Dia de festa na rua de nosso bairro. Bandeirinhas coloridas por todas as partes, aroma de doces pairava no ar, os grupos bailavam ritmos típicos brasileiros enquanto brincávamos com nossas prendas juninas. A vizinhança estava em um clima atípico de excitação e amizade. Você sorria e conversava comigo, aquela conversa de criança alegre da qual nasciam os primeiros vestígios da confiança mútua, da forma mais pura e verdadeira de companheirismo. Deste nosso companheirismo que por anos se prolongou entre risos e choro, sonhos e idealizações, brincadeiras e infortúnios, saúde e doença, silêncio e balbúrdia.
   Dizíamos que seríamos madrinha de casamento uma da outra e, mais tarde, dos filhos. Nossos filhos e nossos maridos também seriam amigos como nós. Melhores amigas como éramos, quase irmãs.
   Nunca haveria segredos, brigas e o fim, o tão inesperado fim. E então houve; Houve sem eu nunca bem saber o porquê, houve e ocorreu da pior maneira que poderia. Matando cada memória como um câncer ainda não descoberto. Este câncer que, felizmente, não foi capaz de tocar a foto com uma lágrima que repousa em minhas mãos agora.
   Sinto muito, amiga. Mais do que você nunca pôde imaginar.

Dedicado a todas as amigas e amigos do mundo. Aos que foram, aos que são e aos que serão. Que todos permaneçam em nossas memórias, como uma brisa fresca que soprou na agonia do mais alto calor.


5 comentários:

On Anoite disse...

O tempo e os sentimentos que ele nos faz ter conforme ele passa.
se der da uma passada no meu blog.

www.onanoite.blogspot.com

Anônimo disse...

gosteii, relembrou bem os amigos de verdade, sorte minha que essa pessoa ainda não saiu de minha vida e nem irá sair. COntinua assim que vai longe com o blog :D

Lívia Neves disse...

Lindo texto. Infelizmente hoje não tenho mais os meus amigos mais antigos. Apenas uns que conheço há 4, cinco anos. Sinto saudades do meu tempo de criancinha em que corria pela rua com meus amigos ;D

Rapha disse...

Que texto lindo *---* Adorei!
Tenho muita saudade de ser criança, andar de bicicleta com os amigos e nao pensar em nada ;~

Ana Ferreira disse...

On Anoite: Ah, o tempo... ;~

Césinha Moreira: No lugar dessa pessoa, surgirão outras. Mas nenhuma é igual à primeira. Os amigos mudam, mas permanecem daquele jeitinho em nossas memórias!

Lívia Neves: Obrigadá!
Nostalgia, né? ;~ Também sinto fala. E a gente chegava a acreditar que esses amigos seriam para a vida toda.

Rapha: Ahh, que bom que gostou! *-*
Acho que todos nós temos essa saudade...