10 maio 2011

10
mai
2011

Como funciona uma editora por dentro?

   Olá, pessoal!

   Sei que alguns de vocês, assim como eu, praticam o ato da leitura e, provavelmente, por mais que conheçam diversas editoras e entendam um pouco sobre como elas funcionam, têm ainda muitas dúvidas a respeito, por exemplo, da relação com as gráficas? Ou quem sabe de como os livros são selecionados?
   Pois então, mandei um questionário para a nossa editora parceira, a Editora Baraúna, e eles esclareceram toda e qualquer incerteza que poderia ter-se sobre o trabalho por detrás das editoras. Quem sabe você não resolve trabalhar em uma?

1. Qual é o papel de uma editora?
A editora é a "administradora" da obra escrita pelo autor. Cabe à editora a produção do livro, divulgação e comercialização.
Esse processo começa com a seleção dos originais, ajustes, revisão, edição, diagramação .... e só vai terminar com a colocação dos livros nas livrarias, acompanhamento das vendas e prestação de contas aos autor.
Em poucas palavras: ao autor cabe o trabalho de criar a história, os personagens, o livro. Já à editora cabe transformar essas ideias em realidade e coloca-las à disposição dos leitores.

2. Como é a relação com as gráficas?
As gráficas são fornecedoras das editoras.
As relações geralmente são boas, já que as empresas são dependentes umas das outras. Naturalmente, sempre há uma pequena disputa comercial, porque a editora precisa conseguir os menores preços e a maior qualidade possível para que seus livros tenham sucesso no mercado.

3. Quais são os cargos que podem ser ocupados por trabalhadores da área literária, além de escritores?
Além dos cargos tradicionais de qualquer empresa, como vendedores, contadores, advogados etc, nas editoras trabalham os seguintes profissionais:
- EDITORES - encarregados de trabalhar os textos, juntos com os autores, para adequa-los às necessidades do mercado;
- DIAGRAMADORES - cuidam da formatação do livro;
- REVISORES - evitam erros de português, tanto ortográficos, como gramaticais
- DESIGNER GRÁFICOS - cuidam da capa e de todo o visual do livro.

4. Qual é a melhor parte de trabalhar em uma editora? E a pior?
A melhor parte de trabalhar numa editora é transformar o prazer da leitura numa profissão.
A parte ruim é a quantidade de leitura que tem de ser feita. Uma noite que se vá dormir sem ler e pronto ... a fila já fica parada ... rsrs

5. Como a Editora Baraúna seleciona os autores dos livros que publica? E quais são os critérios de avaliação de um livro?
A seleção é feita por qualidade. Os livros, independentemente do tema, têm de ser bem escritos e o autor tem de dominar o assunto que está escrevendo.

Para conhecer um pouco mais do trabalho da Baraúna, deixo uma indicação de livro:

Estigma, Antônio Patente
323 páginas

Obrigados a se internar nos ermos do sertão de Minas Gerais no correr do século dezenove para ficarem finalmente livres das perseguições cíclicas que recaíam sobre o seu povo no ambiente conturbado da sociedade europeia, Moisés e Matilda Tubaim finalmente encontraram lenitivo para suas angústias quando nasceu o filho Daniel, a quem destinaram a missão de desligar-se dos valores culturais do meio originário e integrar-se plenamente à terra que os recebeu, para que se tornasse um homem livre da intransigência e do preconceito atávico que há séculos estigmatizava os seres da sua raça. Após a morte dos pais Daniel imiscuiu-se necessariamente pelos costumes da terra e confrontou-se com a sua cultura em formação. Sua vida desde então tomou os rumos ditados pelas ingerências acidentais dos acontecimentos. Constatou que a perseguição aos dominados também vicejava no seio do sertão. Percebeu que o comportamento do povo que o habitava também se agregava aos interesses do poder dos donos da terra. Tornou-se vítima da intransigência e da arrogância. Testemunhou o genocídio dos índios. Não obstante, constatou que apesar disso os próprios costumes lhe fornecia os meios para que se opusesse ao preconceito e à universal intransigência, sem ter que descurar-se dos valores que lhes foram passados pelos pais, cujos restos e memórias tinham sido sepultados num buraco que o tempo cavou na pedra. No entremeio vivenciou experiências únicas e tomou conhecimento dos valores daquela terra luxuriante. Embebeu-se dos mistérios da realidade fantástica que permeava o meio único. Ouviu histórias. Confrontou-se com a verdade. Amou uma mulher especial, capaz de acreditar que as estrelas possuem pétalas. Viveu na margem rio da sua infância na certeza de que ele o ligava à terra que rasgara no primitivo das eras para construir um cenário de luxúria e encantamento que lhe serviria de abrigo, a ponto de tornar-se o cordão umbilical que sustentava a sua própria vida, lapidada pela fantasia extasiada dos elementos.
   Espero que tenham gostado da postagem de hoje!
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