12 março 2011

12
mar
2011

Palavras Escritas Sobre Linhas

Foto tirada do Weheartit
   Antes de criar este blog, assim como muitos de vocês, eu tive outros. Tive muitas ideias, postei-as, divulguei-as... Às vezes faltava-me a criatividade, o empenho e eu simplesmente desistia. Aqui, entretanto, sinto que pela primeira vez fiz a escolha certa. Aposto na versatilidade, nos mais diversos assuntos esperando trazer até aqui um público que gosta especialmente de algo. Um público que lê, veste, assiste a filmes, compra esmaltes, sente, ouve músicas, escreve... Entretanto, sinto que, muitas vezes, há um certo preconceito por conta das pautas talvez distantes. Uma ligação ente uma e outra muitas vezes incompreendida.

   Já recebemos alguns poucos (felizmente) comentários que julgavam de maneira extrema determinados assuntos vigentes de algumas postagens. Comentários que, ao certo, chatearam-me pelo simples fato de serem altamente preconceituosos, intolerantes e de, notavelmente, apresentarem uma opinião baseada em uma visão prévia. Julgaram o “livro” pela capa.
   Hoje, por exemplo, é dia da postagem sobre moda. Todavia, fiz questão de dar algumas palavras a respeito dessas visões periféricas que, embora sejam poucas. Incomodam-me.
   Eu adoro, adoro moda. Não tenho vergonha alguma de expor isso. Demoro para me vestir, jogo todas as minhas roupas sobre a cama até chegar a uma combinação estranha e mudar tudo novamente. Passo um bom tempo “paquerando” vitrines de lojas, desejando uma peça-chave para ir àquela festa, adoraria visitar um brechó de Nova Iorque e comprar algumas peças vintage de marcas que foram usadas em outrora. Isso, entretanto, não me impede em momento algum de gostar ainda mais de livros. Se tenho dinheiro e posso gastá-lo, resisto à tentação de comprar uma blusa fofa ou um sapato para comprar um livro que estava há um bom tempo em minha estante do Skoob de “Vou Ler”. Gostar de moda não me torna menos inteligente ou mais burra que qualquer outra pessoa. Não é só porque o blog não fala apenas sobre livros ou projetos de trabalhos humanitários, educação no mundo, que eu não posso escrever os meus contos ou crônicas sagradamente em todos os domingos para vocês.
   A moda não é a representação da futilidade. Se for, realmente, todos nós a vestimos descaradamente. Alguém aqui anda nu pela rua à fora? Quem nunca, alguma vez, importou-se em ir bem vestido ao encontro de alguém especial? A escolher a roupa certa para determinado evento e a sentir-se mal por estar muito simples em um lugar no qual todos trajavam algo mais luxuoso? A moda, ao contrário do que muitos pensam, acompanha a história mundial, os dogmas e os costumes de cada lugar. Nos anos 60, a geração “Sexo, Drogas e Rock'n'Roll” aderiu o preto, as jaquetas, as peças extravagantes que mostravam a sua revolta. Depois vieram os hippies e todas as roupas naturalistas que seguiam o seu estilo de vida “Paz e Amor”. E muitos séculos antes disso, na Idade Média, as mulheres usavam vestidos com armações não por algum motivo desconhecido, mas para reprimir o cheiro horrível que seus corpos quase nunca lavados exalavam. Nas crenças e costumes não seria diferente. As indianas não usam roupas que mostrem os ombros, já que isso é sinal de nudez. Em países muçulmanos, as roupas femininas são compridas para não mostrar as curvas e, seus rostos são, em muitos lugares, escondidos por lenços, burcas e xadores.
   Vamos nos privar desses preconceitos e dessa hipocrisia. Eu continuarei lendo e vestindo. Continuarei a cultuar a intelectualidade, continuarei a visitar o Lookbook e o Skoob, continuarei a ler mais blogs literários que os de moda, continuarei a sortear Linhas, o livro que aborda moda. Continuarei pelo simples fato de que palavras escrevem-se sobre linhas, e ainda que estas sejam feitas à tinta, continuarão a povoar os armários de todos nós, blogueiros, fashionistas ou escritores nas mais variadas peças e nos mais exóticos vestuários, sempre com um pouco da personalidade de cada um estampada.