Este é um texto de caráter exclusivamente crítico que não visa ofender ou ridicularizar.
Feitos para atingirem quase (eu disse QUASE) que exclusivamente as mulheres, os romances que seguem a linha “água com açúcar” existem desde que o mundo é mundo e continuam a ser produzidos em larga escala. O que você acha deles? Gosta? Não gosta?
Podem me dizer que isso é tendência de autores novos, mas perdoem-me, pois não é. Os romances aguados e adocicados em todos os sentidos são escritos há tempo. Há muito tempo. Voltando um pouco nos séculos, temos, por exemplo, Jane Austen. Desculpem-me os fãs, acho que a autora tem uma escrita incrível, peculiar, todavia vá dizer que a fórmula das histórias dela não são extremamente simples, precursoras de toda uma geração romântica que nos apresenta um mocinho e uma mocinha, quase sempre passivos da ação de um (ou dois) vilão(ões) ou de seus próprios sentimentos que os impedem de ficarem juntos.
O enredo é simples e vem vestindo várias faces e características com o passar dos anos. Princesas e príncipes, plebeias e plebeus, rainhas e reis, pessoas normais... Eles podem ser incrivelmente semelhantes, as tais das almas gêmeas ou ainda, uma aposta que também dá certo, serem completamente opostos, daqueles que soltam faíscas quando estão juntos. Tem também aquela história, aquela bem conhecida de nós todos na qual o vilão vira o mocinho (Edward Cullen, oi?). Caro leitor, eu ADORO romances. Sério mesmo. Tinha uma época, tempos remotos, na qual eu lia a geração romântica mesmo, aqueles livros incrivelmente melosos com uma linguagem incrivelmente poética e densa que me ensinou muito. E eu gostei, sabe? Li Camilo Castelo Branco, José de Alencar em seu período mais doce e até mesmo a não tão famosa fase de Machado de Assis da corrente literária romântica que terminavam de uma forma, ou extremamente utópica (“Felizes para sempre”) ou de uma forma extremamente trágica. Confesso que sempre adorei as trágicas, nada pessoal.
Este é o primeiro destaque do mês que estou trazendo a vocês e achei o assunto adequadíssimo para vir à tona porque, sinceramente, tenho observado uma quantidade considerável de autores sendo extremamente tendenciosos nas fórmulas românticas, abusando do melodrama e esquecendo muitas vezes de dar essência, personalidade aos seus livros e também, nada surpreendente, às suas personagens dependentes de romances que as tornam verdadeiras parasitas. Já repararam na enorme massa de livros quase sempre jovens, infelizmente, que tendem a falar repetidamente daquela historinha da paixãozinha que surge do nada e vira um amor eterno? Tenho certeza de que sim. Fico triste, sinceramente, porque são tantas histórias que poderiam ser boas perdendo-se entre as juras de paixões tão profundas quanto um pires... Só para variar, capitalistas como somos, alguns autores deixam de importar-se com a qualidade de suas obras para vender o que o público gosta de ler. E ei, se você faz parte do público que procura um diferencial, seja exigente! Critique! Aposto que já se cansou de historinhas que passaram do prazo de validade com aqueles diálogos que até parecem ser iguais. Incrível, não?
E sabem de uma coisa curiosa? Abri os olhos para escrever esta postagem enquanto lia Anna e o Beijo Francês. Permitam-me explicar-lhes, por favor! Não estou dizendo que o livro siga esse paralelo, adorei o livro, apesar de eu achar Anna meio boba no começo, não acho que ele seja como estes dos quais falo sobre. Mas tem uma passagem na qual Anna e St. Clair conversam e ele diz como um autor (o pai da Ana, que muita gente está dizendo ser uma crítica a Nicholas Sparks), terrivelmente, tem a capacidade de escrever de uma forma tendenciosa sobre o câncer e as pessoas se curvarem perante a essa obra. Uau, nunca tinha parado para pensar nisso porque, de certa forma, é terrível mesmo.
E aí vem à tona o nome de Sparks. Tem tanta gente que adora os livros dele. Li A Última Música e gostei. Mas só. Pronto. Acabou. Eu também chorei, mas não por algo realmente profundo, por algo que as pessoas simplesmente choram e isso não me agrada. Se você parar para prestar atenção, as obras dele seguem um modelo. A de todos os autores, eu sei. Todavia, vamos lá... Temos uma mocinha ou um mocinho revoltado e eles descobrem com a vida de uma forma triste e também feliz o que é o amor, a mudança que eles nos provoca e o quão importante é a religiosidade, o quanto ela pode nos apoiar. Tá. É tão politicamente correto que me cansa. E é esse o poder que os romances melosos têm tido sobre mim! Eles CANSAM, sabe?
Será? |
Não é que eu não goste de romances, todavia essa coisa de “Você é a minha vida agora” me cansa e mais ainda porque eu sei que ela vai continuar a ser best-seller, vai continuar a vender horrores e vai continuar a passar na sessão da tarde. E por mais que as pessoas satirizem isso, ironizem aquela historinha água com açúcar, elas vão continuar a assisti-las e tê-las aos montes em suas estantes.
Falar de amor é lindo, contudo está perdendo todo o seu lirismo em meio a essas histórias capengas que começam de uma forma esquisitíssima e duram quase sempre, para sempre.
Adoro romances e vou continuar a gostar deles, mas confesso que um dia desses um título e uma história de Stephen King estavam incrivelmente mais convincentes quando eu buscava por algo emocionante. É.
Agora deixe a sua opinião! Quero saber o que você acha a respeito dos romances melosos... Solte o verbo!