Parece bobagem e soa bem esquisito na frase, mas é que quando a literatura (fictícia ou não) envolve em suas páginas e histórias outros leitores, apaixonados pelos mesmos livros que nós, de carne e osso, tudo fica meio mágico, com aquele toque todo passional quando um autor vai redigir sobre aquilo que tanto gosta.
Pensando nisso e aproveitando minha leitura do momento, selecionei 3 livros (lidos e um semi-lido) para introduzi-los com uma sinopse, minhas impressões e alguns trechos que também falam a respeito de sua temática principal.
Coração de Tinta retrata a vida de Meggie e de seu pai, Mo, dois apaixonados declaradamente por livros. A menina de 12 anos desenvolveu o gosto justamente pela influência familiar e nas descrições muito delicadas de Cornelia Funke, podemos notar que todo o lar deles é repleto por obras literárias, a ponto de poderem esbarrar em alguma por acaso. Mo tem como profissão restaurar tais obras e a filha o chama delicadamente de médico de livros. Apesar do pouco dinheiro e das viagens constantes, justificados pelos clientes espalhados por todas as partes, levam uma vida bastante tranquila, até o dia em que surge à porta de sua casa um homem estranho, semelhante a um artista circense que atende por Dedo Empoeirado e necessita conversar com Mo, quem conhece como Língua Encantada. No dia seguinte, Meggie é avisada de que deverão viajar imediatamente e logo pressente que a chegada daquele visitante significa algo muito errado. A partir daí, a grande aventura começa em meio a reinos perdidos e aldeias esquecidas, com personagens nunca antes imaginadas e, é claro, toda a essência dos livros.
Comecei a ler esse livro recentemente e estou positivamente impressionada com a narrativa dele, tão encantadora a forma com a qual ela flui. No mais, a obra preserva toda a juventude para a qual foi escrita, cheia de viço e de uma sabedoria distinta, além de excelentes trechos justamente sobre livros, os quais destaco abaixo:
"As páginas farfalharam cheias de promessas quando ela o abriu. Meggie achava que esses primeiros sussurros soavam de maneira diferente em cada livro, conforme ela soubesse ou não o que ele lhe contaria."
"-Você mesmo sempre diz que os livros têm que ser pesados, porque o mundo inteiro está dentro deles."
"Quando você abre o livro, é como num teatro: ali está a cortina. Você a arrasta para o lado e a apresentação começa."2. A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón
A Sombra do Vento é um livro sobre o qual vocês cansaram de me ouvir falando a respeito aqui no blog. A história dele é totalmente fantástica, daquelas que faz com que criemos um carinho todo especial e torçamos o tempo todo pelas personagens, sempre surpreendentes.
Conhecemos aqui Daniel Sempere, próximo de completar 11 anos, perambulando pela madrugada na gótica Barcelona de Zafón ao lado de seu pai, dono de uma livraria na cidade e também apaixonado pelo ofício literário. O garoto está indo conhecer um lugar que marcará sua vida, O Cemitério dos Livros Esquecidos, uma biblioteca com um acervo gigantesco e que o faz suspirar de admiração e dúvida com a missão de escolher apenas um deles. Mas na verdade, é o livro quem o escolhe. Um tal de A Sombra do Vento que entrará em sua vida de maneira totalmente inesperada e conduzirá os rumos dessa história sobre livros e vida.
"Cresci no meio dos livros, fazendo amigos invisíveis em páginas que se desfaziam em pó e cujo cheiro ainda conservo nas mãos."
"Cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreveu, e a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espírito cresce e a pessoa se fortalece."
"Certa vez ouvi um cliente habitual da livraria de meu pai comentar que poucas coisas marcam tanto um leitor como o primeiro livro que realmente abre caminho ao seu coração. As primeiras imagens, o eco dessas palavras que pensamos ter deixado para trás, nos acompanham por toda a vida e esculpem um palácio em nossa memória ao qual mais cedo ou mais tarde - não importa os livros que leiamos, os mundos que descubramos, o quanto aprendamos ou nos esqueçamos - iremos retornar."3. A Menina que Roubava Livros, de Markus Zusak
A Menina que Roubava Livros é daquelas histórias emocionantes, inesquecíveis, que fazem com que seu leitor sinta de tudo, impressione-se, emocione-se e aterrorize-se com a natureza do próprio homem em uma guerra.
Liesel Meminger, ainda uma criança, tenta encontrar consolo nas páginas de livros após ter perdido o irmão e ter se visto separada da mãe. Uma história contada pela própria Morte, a menina mostra-se sempre disposta a aprender e batalha arduamente contra toda a ignorância ao lado de seu pai, o homem que a criou após nada ter restado para a mesma, com todo o carinho e dedicação possíveis. Também na guerra, Liesel descobriu como um livro pode tranquilizar alguém, como uma voz que conta uma história pode inspirar esperança em um portão onde todos aguardam por mais um bombardeio.
"Ela roubava livros. Ele roubava as estrelas."
"Uma sobrevivente. Um acordeão quebrado. Um beijo tarde demais. Um livro perdido e devolvido em tempo."
"Como se veio constatar, Ilsa Hermann não deu apenas um livro a Liesel Meminger nesse dia. Deu-lhe também um motivo para passar tempo no porão - seu lugar favorito, primeiro com o pai, depois com Max. Deu-lhe uma razão para ela escrever suas próprias palavras, para ver que as palavras também lhe tinham dado vida."
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Para finalizar, deixo um trecho de um livro que ainda não li, embora tenha bastante vontade, que promete ser marcante: A História Sem Fim, de Michael Ende.
"Quem nunca chorou, às escondidas ou na frente de todo o mundo, lágrimas amargas porque uma história maravilhosa chegou ao fim e é preciso dizer adeus às personagens na companhia das quais se viveram tantas aventuras, que foram amadas e admiradas, pelas quais se temeu ou ansiou, e sem cuja companhia a vida parece vazia e sem sentido? (…)"Uma boa quinta-feira a todos!
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