01 março 2012

A situação do incentivo literário no Brasil


É bem conhecido por todos nós que ainda resta um extenso caminho até que o Brasil se torne um país de leitores. Entre uma iniciativa e a solução, há uma série de problemas que provavelmente desanimam - e muito, diga-se de passagem - todos aqueles que já pensaram, alguma vez, em propagar o gosto literário. Entre outras coisas, temos que lidar com os números precários que estimam uma média de 4,9 livros lidos por ano pelos leitores brasileiros e, ainda, de acordo com o Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional, apenas 28% da população considerada adulta, com idade entre 15 e 64 anos, tem pleno domínio da leitura, o que envolve a  capacidade de ler textos longos, localizar e relacionar mais de uma informação, além de comparar dados e identificar fontes. É pouco, muito pouco.

Tampouco temos muitas bibliotecas ou livrarias. A falta de um acervo maior naquelas e da precariedade no que diz respeito aos cuidados básicos requeridos para livros, tanto os mais novos quanto os mais antigos, especialmente, afasta os poucos leitores em potencial que poderiam vir a se interessar. Em falando-se de livrarias, ainda que sejam instituições voltadas para o lucro, não geram o retorno esperado em um mercado cheio de desinteresse como o nosso Brasil. Os preços também não são muito animadores e a falta de procura apenas faz com que estes aumentem ou continuem em faixas que limitam os grupos menos abastados da sociedade.

Em uma nação tão grande e paradoxal, o incentivo literário deve ser bem estudado e moldado adequadamente para suprir as carências e necessidades culturais de cada região. Ainda que alguns desses projetos não sejam tão divulgados, o território brasileiro conta com algumas iniciativas extremamente interessantes vindas não apenas do governo, mas também de outros apaixonados pela Literatura que tentam promover sua paixão tão benéfica. Abaixo, selecionei algumas que considerei especialmente sólidas e que talvez possam até vir a ajudar os leitores do blog de diversas partes deste imenso país.

1. Máquinas de vender livros em metrôs - Em São Paulo, SP 
Livros ao seu alcance; atende todos os gostos e bolsos; 24 horas do dia e 7 dias da semana, este é nosso slogan! 

A iniciativa partiu da empresa 24x7Os exemplares ficam expostos em máquinas nas várias estações de metrô paulistanas para que o leitor possa selecioná-lo. Uma vez tendo pagado, o volume sairá apenas como as latas de refrigerantes das populares máquina. O mais interessante do projeto, entretanto, é o fato de que cabe exclusivamente ao leitor escolher qual preço pagará pela obra adquirida, independentemente do valor. Ao ato de retirá-la, o preço verdadeiro será divulgado. Veja aqui a relação de estações que contam com as máquinas. O acervo é bem variado: há livros sobre tecnologia, romances, piadas, clássicos nacionais e internacionais e até mesmo a Constituição Federal.

2. Bookcrossing - Em todo o Brasil, especialmente em São Paulo capital, Florianópolis e Blumenau
Leia, registre e liberte!


Trata-se aqui de uma iniciativa mais ousada, que exige de seus adeptos um certo desapego material de seus livros. O projeto nasceu em 2001 nos Estados Unidos pelas ideias do programador Ron Hornbaker e conta hoje com a participação de 130 países, mais de 6,2 milhões de livros registrados e 852 mil membros no site oficial. Seu principal objetivo é o de propagar a leitura deixando livros espalhados pela cidade com a proposta do projeto para que outras pessoas os encontrem e leiam também, sempre passando-os para a frente. Para que tudo não vire uma total bagunça, há um registro próprio do Bookcrossing chamado BCID. Se encontrar algum exemplar deles por aí, não deixe de registrar no site.

3. Barca dos Livros - Em Florianópolis
Biblioteca comunitária e Sociedade Amantes da Leitura


O projeto nasceu em 2000 pelas mãos da educadora Tânia Piacentini, decidida a democratizar o acesso à leitura das obras que recebia a cada ano da Federação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Morando próxima à Lagoa da Conceição, decidiu utilizar-se de uma barca para fazer passeios com crianças, acompanhadas de livros. Além do lazer, havia toda a tranquilidade requerida para a atividade, mas custava caro e as barcas eram promovidas anualmente. Com a divulgação e o sucesso do projeto, uma biblioteca comunitária foi construída, em 2007 às margens da lagoa e os itinerários da barca são mantidos mensalmente até hoje. A Biblioteca que conta com um acervo de mais de 100000 livros também promove diariamente atividades gratuitas ou a preços baixíssimos como saraus, discussões literárias, leituras compartilhadas, encontros com autores, cursos e oficinas, grupos de conversação, jantares, mostras de cinema e música, etc. Conheça um pouco mais a respeito no site oficial.

4. Mudando a História - Em São Paulo, Ribeirão Preto, Mogi das Cruzes, Santos, Manaus e Parintins
Doe agora!


Um projeto que surgiu entre uma parceria da Fundação Abrinq com a International Youth Foundation e Nokia. Consiste em selecionar jovens leitores jovens para serem mediadores de infanto-juvenis entre crianças mais novas das comunidades carentes, contribuindo para o amplo acesso à literatura e ao livro de qualidade. Jovens entre 13 e 25 anos podem se candidatar a contadores de história, necessitando de uma formação básica anteriormente e sendo a participação expressamente voluntária. Mais a respeito no site da Fundação Abrinq.

Fontes:

Fazendo uma pesquisa detalhada pela internet, é possível encontrar ainda mais iniciativas literárias por todo o Brasil. Quem sabe não haja algum projeto bem perto de sua casa e você nem saiba? É sempre bom procurar. 

Uma boa quinta-feira,

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