21 julho 2012

Projeto Oficina de Escrita - sobre crônicas


Muitos de vocês, pessoal das letras que não perde uma oportunidade de escrever um texto, já devem ter participado ou procurado saber de oficinas de escrita. São uma ótima pedida, se não o paraíso, para aspirantes a escritores, pessoas que acham uma maravilha dedicar certas horas a ouvir profissionais da área e poderem produzir e ler e trocar escritos. É, realmente, muito bacana.
Contudo, todos devemos admitir: são cursos caros. Essas oficinas não são nada acessíveis e muitas vezes a galera que tem bem o perfil de tal curso simplesmente não pode se dar ao luxo de pagar sua inscrição em um deles. Foi pensando nisso que nós (Victor e Ana), bolamos um projeto super legal. Trata-se de uma espécia de oficina de escrita: mais curta, informal, sem grandes pretensões, livre e, o melhor: gratuita! Na verdade, nem chega perto de uma real oficina ou curso, foi só um nome que demos. É simplesmente uma oportunidade despretensiosa de falarmos um pouco de certos gêneros e instigarmos vocês, leitores, escritores e contistas, a trocarem textos conosco. Uma ótima pedida para as férias paradas e sem inspiração. Então, como vai funcionar? Bem, até o final do mês, publicaremos nos blogs dois textos que escrevemos em conjunto: o primeiro sobre crônicas e o segundo sobre resenhas. Falamos um pouco do que entendemos sobre ambos os gêneros e, ao final, convidamos vocês a nos escreverem algo daquela linha. Nós leremos todos os textos que vocês nos enviarem e selecionaremos os melhores para publicar em nossos blogs (com devidos créditos) na semana seguinte. Não é uma competição, apesar de que premiaremos os autores das produções que mais nos encham os olhos com marcadores e livretos. As crônicas e mais tarde resenhas que receberemos não precisam ser necessariamente inéditas, por mais que a ideia seja fazer vocês produzirem a partir do nosso texto e do projeto em si.

Sem mais delongas, seguem os nossos comentários sobre crônicas:
A crônica é um gênero textual criado, originalmente, com o intuito de relatar os acontecimentos em sua ordem cronológica para eventuais registros. Esta da qual falamos, contudo, surgiu em meados do século XVIII, com o nascimento da imprensa na França, geradora de um novo formato em que o jornalista tinha livre-arbítrio, utilizando-se de um fato real, para compor uma narrativa curta e pessoal.
Quando falamos em crônica, uma das coisas que, particularmente, mais me agrada é o seu caráter tão democrático em se tratando de estilo e espaço. O cronista, ao produzir seu texto, pode variar entre os tipos sem temor. Para os observadores, há sempre a possibilidade da descritiva; aos falantes, a narrativa; aos cheios de argumentos, a dissertativa; aos indecisos, narrativo- descritiva; aos engraçadinhos, a humorística; aos inspirados, a lírica; aos eternos apaixonados, a poética; aos que não largam o ofício de noticiar, a jornalística; aos conhecedores, a histórica.
Um detalhe bem interessante, na minha opinião, é que a popularização desse gênero em vários jornais, revistas e portais da internet o torna bem comum, destacando, por meio disso, os melhores textos dessa linha. Das várias crônicas que leio semanalmente – e que muitos leem também– são poucas aquelas que realmente balançam meu dia e ficam na minha cabeça. Abordar um bom tema e explorá-lo com maestria não é para muitos, ainda mais na linguagem simples típica desses textos. Outro fator que considero destacável é que por mais que consideremos um autor um ótimo cronista, não é em toda edição que ele publicará uma crônica, como citei acima, que irá te marcar. É muito mais dos temas e seu desenvolvimento do que da escrita, por mais que esta também seja notável.
Em termos de estrutura, pedem-se no mínimo três parágrafos, no qual o primeiro leva a introdução, o 2º, desenvolvimento e o 3º, como é de praxe, a conclusão. Por ser um texto mais livre, entretanto, nada impede o seu autor de prolongar a estrutura, desde que de maneira bem dialogada, e sem extrapolar as regras basicamente jornalísticas de ser breve e sucinto, sempre.
Crônicas são muito gostosas de ler e de se escrever. Quando estou com uma ideia ou um fato fervilhando na minha cabeça, é quase certo de que sairá uma crônica. São os temas latentes, que mexeram e encucaram o autor, e que farão – ou tentarão fazer – o mesmo com seu leitor. Uma das cronistas mais conhecidas atualmente, a qual eu leio todo domingo, é a Martha Medeiros. Eu gosto muito também das crônicas do João Paulo Cuenca publicadas na Megazine ( aquele caderno que já nem sai mais no Globo ). Para vocês verem, lembro de crônicas deles que foram publicadas há mais de um ou dois anos. Encontrei uma da Martha para dar um gostinho não só da autora, mas do que eu considero uma crônica marcante: A Mulher e o GPS. Na procura de textos dos dois autores, acabei encontrando um trecho de entrevista com o João Paulo Cuenca super legal, no qual ele responde sobre o que o inspira a escrever uma crônica: Uma crônica é um recorte urbano, uma idéia ou sentimento que te atravessa. Pra mim ele disse tudo que um ótimo texto do gênero tem que ter.
Agora que já falamos um pouquinho, é a vez de vocês! Enviem seus textos para blogdasresenhas@gmail.com . Queremos ler suas produções ;)

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