02 agosto 2012

Pauta musical: Você já ouviu Zeca Baleiro?

Fonte: Catraca Livre Uol
Deixando um pouco os livros de lado (não tanto), trago-lhes hoje uma pioneira Pauta musical no NPQ em que falo de um cantor pelo qual tenho grande apreço e admiração. Diretamente do ano de 1966, maranhense de raça e de carisma, Zeca Baleiro vem, com seu jeito descontraído, conquistando fãs e ouvintes há anos e mais anos.

Natural da cidade de Arari, descendente de sírios e brasileiros arretados, recebeu o nome de José Ribamar Coelho Santos em homenagem ao santo do maranhão, São José Ribamar. Já o apelido de Zeca Baleiro, especialmente o curioso Baleiro, surgiu de sua paixão por doces, especialmente as balas (como diz o nome artístico) que eram sua companhia frequente na universidade e acabaram motivando seus amigos a batizá-lo de tal maneira. Antes de ser Zeca, tentou a vida como Baleiro abrindo uma loja de guloseimas chamada de Fazdocinhá. Mas a vocação falou mais forte e logo o cantor deu início à sua carreira que segue com força até hoje.

Dono de um estilo delicioso no qual uma MPB tão sua mistura-se ao samba, ao rock e ao pop, Zeca mantém a tradição cultural brasileira com letras bem-humoradas, românticas, tristes ou lamuriosas e que, no entanto, jamais perdem o tom apaixonado. Com um talento inegável não apenas na voz rouca e distinta ou no domínio dos instrumentos, o cantor é também um compositor de sucesso, já tendo redigido letras para Gal Costa, Simone, Elba Ramalho, Luiza Possi, Renato Braz, Vange Milliet e Claudia Leitte, por exemplo. Cheio de carisma, tem famosas parcerias musicais com Lenine (em Paciência, exemplo mais famoso),  Lobão, O Teatro Mágico, Fagner, Zeca Pagodinho, Rita Ribeiro e até mesmo Charlie Brown Jr. Inusitado? Eu diria autêntico.

Uma das características na música de Zeca Baleiro que mais me chama atenção é a sua forma tão lírica de escrever. Suas composições, ao contrário de muitas outras que embalam as programações de rádios brasileiras a torto e a direito, têm um enorme sentido e eloquência que sempre misturam poesia e algo de um coração meio vagabundo, como uma das canções interpretadas por ele diz. Quando o cantor fala de amor, fala com gosto, com graça e uma voz cadente, ébria de amar. Sem soar piegas ou repetitivo, entretanto, varia facilmente para letras que tratam com grande humor do bordão musical Toca Raul ou de redes sociais, como o próprio Facebook.

Tive o privilégio de ir a um show de Zeca Baleiro neste ano e, sem precisar me utilizar de muitas outras palavras, adorei cada momento sinceramente. Com um carisma inegável e uma presença de palco agitadíssima para um cantor de música popular brasileira, é impossível não sair de uma apresentação sem cantarolar trechos de suas músicas inteiros e querer sair declamando Zeca por aí como se não houvesse amanhã. 

Zeca e Lenine | Fonte: Voluvia
Disse Zeca Baleiro...
"Quantas canções falam de você
Tantas paixões sem você não são
Não pare nunca pra eu não morrer
Nem voe tão mais além do chão
Deixa, me deixa em paz, ó meu coração
Chega, o que liberta é também prisão
Deixa, deixa assim, só e salvo e são
Quem tanto bate um dia apanha
Chega de manha, não me assanha
Doido, louco, maluco coração"
Fragmento da canção Calma aí, coração
"Se tudo passa como se explica
O amor que fica nessa parada
Amor que chega sem dar aviso
Não é preciso saber mais nada"
Fragmento da canção Quase Nada
"As frases são minhas
As verdades são tuas
Enquanto te desejo
Me vejo chorando no meio da rua
Beijo teu sorriso num dia de sol
Que entra pela porta
E canta pela janela
A noite mãe do dia
Molhava tua boca
Na língua da poesia
Oh meu grande amor de versos perdidos"
Fragmento de Versos Perdidos
Fonte: Jornal Estrondo
"Mas ontem
Eu recebi um Telegrama
Era você de Aracaju
Ou do Alabama
Dizendo:
Nego sinta-se feliz
Porque no mundo
Tem alguém que diz:
Que muito te ama!
Que tanto te ama!
Que muito muito te ama,
que tanto te ama!..."
Fragmento de Telegrama, canção mais famosa do cantor
"Mamãe, eu fiz o disco do ano
E até mesmo o Caetano parece que aprovou
Mamãe, eu sigo na minha rota
Veja só o Nelson Mota disse que o disco é show
Só falta que a Folha de São Paulo
Comece a incensá-lo
Dizer que eu sou o cara
Ou então, que os rapazes da Veja
Me chamem pra uma cerveja
Veja só que coisa rara
Mamãe, não sou mainstream, nem sou cool
Eu sou assim vapt vupt
Caiu na boca do povo
Mamãe, é bom ser experiente
Ainda mais independente
Não ser nem velho nem novo
Só falta ser capa da Rolling Stone
O hype dos ringtones
O mega hit no youtube
E as cantoras que há de sobra
Festejarão minha obra
Não saio mais desse clube
Mamãe, eu fiz o disco do ano
Parece até que o Hermano falou bem na Piauí
Mamãe, o fato é que eu tô na moda
Mamãe, fiz um disco foda
Faz um download
Ouve aí."
Fragmento de Mamãe no Face 
Outras canções que recomendo: Ópio, Flor da Pele, Canteiros, Toca Raul, Paciência, Meu Amigo Enock e por aí vai...

 Além de músico, o cantor é autor de dois livros e escreve mensalmente uma crônica para a revista Istoé.

Apesar de a música não ser da autoria de Zeca Baleiro, deixo-lhes abaixo com um vídeo em que ele interpreta Disritmia, de Martinho da Vila, mas numa versão bem mais interessante, ao meu ver, e com uma letra linda que emplaca, inclusive, a trilha da personagem Liara na novela Cheias de Charme. Vale a pena ouvir!

Me deixe hipnotizado pra acabar de vez com essa disritmia...

Fontes:


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