Aos leitores que se assustaram, não, não é uma despedida! haha
texto de Ana Ferreira
Ando tão sozinha que só de pensar em você lendo estas palavras, já sinto-me feliz. O tal do “você” não é alguém especial, como deveria ser em textos meigos, românticos. Alguém por quem me apaixonei e que agora me lê com remorso. Não. É você mesmo, o leitor de cada dia, que se importou em algum momento com o que eu tinha a dizer. Estou pensando em nós dois.
Quando encontro alguém que escreve, sempre fico a me perguntar o porquê de aquele tal alguém estar fazendo justamente isso. Muitos dizem que para extravasar os seus sentimentos, libertá-los, trancá-los ou seja lá o quê. Alguns redigem cartas de amor; outros, poemas impregnados do ódio de uma paixão que aflorou com muita intensidade. Gente que gosta de fazer piada, gente muito séria, gente sentimental, hippie, tímida, a menina e seu diário. Nunca estranhei os escritores derivados das mais diversas causas, que assumem tantos papéis em suas vidas. Acho-os autênticos, dariam bons documentários. Estranho mesmo é o cara que me diz que não quer ser lido. Mas oras bolas, como não quer? Se escreve uma carta de amor, que o amante o leia ou um amigo, futuramente, com pena das palavras apaixonadas que quebraram-lhe o coração. Talvez vire um livro, daqueles que as moças românticas adoram selecionar trechos para chamarem de seus. Se escreve um poema de ódio, que passe por outras mãos e as impregne de sua revolta; se for autor de uma piada, que repasse-a aos amigos e sinta o prazer de ouvir as gargalhadas ou as repetições, por acaso, pelos lábios mais lindos do bairro; se for até um diário, quererá um dia que o rapazinho do qual o nome aparece entre o contorno de corações rosados leia e compreenda, ou talvez possam rir juntos do quão bobos, apaixonados sonhadores eram. Não sou uma vendedora de textos, uma exibicionista de palavras. Minhas frases são carentes de compreensão, de almas. Não escrevo para publicar simplesmente. Escrevo deixando um pedaço de mim em cada letra, esperando que alguém compartilhe dessa paixão comigo e cuide dela, faça com que cresça e se propague como uma brisa cheia de maresia, ou uma ventania chuvosa. Textos atemporais, tão cheios de Ana, que por sua vez se mistura a sonhos, a frustrações e paixões.
Alô, você leitor que por aqui hoje passa. Que vontade de falar-lhe dos meus anseios, dos meus medos... Lygia Fagundes Telles disse certa vez a um leitor, que adorava seus textos, embora não compreendesse muito bem suas palavras, que bastava-lhe ser amada. Compreendo, pois bem, o valor que a sua leitura, ainda que em anonimato, tem a mim, em mim.
Obrigada, meu caríssimo leitor desfigurado, cuja face não conheço, não sinto, mas cuja alma habita em mim a cada vez que seus olhos tocam em minhas palavras e as adoram por assim dizer. Obrigada por ter lido talvez apenas o título daquele conto enorme, mas por tê-lo compreendido de alguma forma. Obrigada por ter concordado, ou discordado, de meu ponto crítico. Acima de tudo: por tê-lo respeitado. Obrigada por ter deixado um comentário qualquer dia desses, ainda que breve, todavia que talvez tenha salvado aquele momento da minha vida. Obrigada por deixar-me entrar na sua, por aceitar-me, por conhecer-me tão profundamente através de algumas frases, palavras e vírgulas. Vírgulas, pois espero que ainda não tenha sido o momento para o nosso ponto final.
Ao leitor que sofreu com as desventuras de minhas personagens, mando todo o meu carinho. Ao que se emocionou com algum textos, um grande e caloroso abraço. Ao que tornou-se amigo, todo meu auxílio. Ao que resistiu aos temporais e tormentas na alma desta escritora, toda a minha inspiração. Ao que amou, todos os meus sorrisos, minhas lágrimas, de puro e sincero coração.
Que todos os escritores continuem a ter leitores, que todos os leitores possam ser escritores de vez em quando, que nossas palavras continuem a selar nossa união de almas na qual cada nova leitura é uma descoberta e cada reencontro é de pura adoração. Ainda que me reste um leitor, que sejamos eu e ele eternos, e escrevamos juntos o epitáfio dos textos de uma escritora que só desejou, um dia, ter sido amada.
15 comentários:
Ana nos presenteando com mais um texto maravilhoso, uma bela maneira de agradecer =)
Me pareceu até uma despedida, mas me tranquilizei, ao ver vc comentar que trata-se de uma vírgula.
Beijos e ótima semana =)
Parabéns pelo texto, muito lindo isso =D. Partilho da mesma opinião.
Ana, que texto lindo!
E me pareceu tanto uma despedida, juro que li com medo das próximas palavras, que você fosse dizer que estaria se desligando do blog ou sei lá!
Você escreve muitíssimo bem, principalmente por ser verdadeira e intensa em suas palavras, da pra ver exatamente que você não as escreve, você as sente!
Lindo, parabéns!
Beijos!
Amei seu texto!
Você escreve muito bem,ao ler conseguimos captar exatamente o que você está tentando falar!Continue assim,é ótimo!
http://caahwolf.blogspot.com/
Gostei do jeito que você escreve, Ana. Vou confessar que não gosto muito de clássicos pela linguagem rebuscada, do tipo que quer impressionar com o vocabulário. Prefiro textos como esse seu, real, despretensioso, verdadeiro. Me tocou, por que esse pensamento já havia me passado pela cabeça. Divagando quem lê o que eu escrevo, quem verdadeiramente gosta ou quem só está lá por motivos proprios. Não é de egoismo que se trata postar e você demonstra isso bem. Lindo. :)
Beijos
Mulher gosta de falar
Amei o texto Ana, você escreve docemente!! Eu adoro ler, não importa que tipo de livro, romance, aventura, poesias, contos, eu amo ler, mesmo que eu não entenda tudo eu posso sentir!!
Ahhhh... você tem carinha mesmo que gosta de verão e incluindo horario de verão... mais daqui a um mês me acostumo com o horario novo!!
Beijooos ^.^
Ana querida com certeza vc é muito amada, por nos presentear com sua belas palavras, com suas resenhassempre bem feitas, as quais leio mas nem sempre comento...com certeza vc mora no coração de cada leitor q passa por aqui, para ler seus textos e ficarem maravilhados com tuas palavras e por isso ter um dia mais feliz!
Eu que agradeço pela sua dedicação com seu blog seu empenhoque é de corpo e alma, vc merece todo carinho que recebe...Um leitor pode não te conhecer pessoalmente mas conhece sua alma e sua essencia e isso é muito melhor q qualquer outra coisa...continue assim cvai longe garota!
Beijusssss querida e linda semana!
Oi, Ana :) Que texto lindo! Eu amo escrever. Acho a escrita uma maneira fantástica de expressar os sentimentos, as emoções... E vc conseguiu isso com o texto. Vc transmite sensibilidade ao leitor e escreve muito bem.
Parabéns!
"O Perfume" é um livro intenso e único! Concordo totalmente com suas palavras.
Bjs ;)
Como sempre, texto ótimo. Como já comentaram aí em cima, palavras verdadeiras, e acho que isso é o que mais me prende a uma leitura.
Acho que palavras vêm às pessoas por motivos diversos, então aqueles que lêem se verão afetados de formas tão diferentes quanto. E que os que escrevam, continuem mostrando a que vieram.
Beijinhos
Parabéns Ana por mais um texto lindo e com belas palavras. Você demostra escrevendo claramente o que sente é isso é um dom maravilhoso.
Beijos.
Books e Desenhos
Adorei o texto, Aninha, e concordo muito com o que você disse. No fundo, todos somos escritores, mas escolhemos caminhos diferentes para nossas histórias, meios diferentes de contar nosso enredo.
Você escreve muito bem!
Beijos
Lu Tazinazzo
http://aceitaumleite.blogspot.com
Anaa, nossa que texto mais lindo, sério! Acho que de todos os que você escreveu esse foi o melhor, o que mais gostei de todos ^^
Até sublinhei algumas partes que mais gostei!
"Obrigada, meu caríssimo leitor desfigurado, cuja face não conheço, não sinto, mas cuja alma habita em mim a cada vez que seus olhos tocam em minhas palavras e as adoram por assim dizer."
Essas e muitas outras, principalmente mais perto do final. Não vou colocar tudo aqui para não ficar cansativo mas não poderia deixar de comentar e te parabenizar por essas lindas palavras de reflexão!
Beijão querida! e por favor, continue escrevendo!
liiiiiiiiiiindo o texto Ana! Concordo com a Eduarda; acho que de todos seus textos que ja tive o prazer ler esse foi o que mais me agradou! Também gosto de escrever e sempre fico nervosa quando aluém le minhas histórias kkk
Ana,
Eu até me sinto um pouco reticente em vir aqui, depois de ler um texto tão impregnado de carga passional, e fazer um comentário tão simplório. Não que eu discorde de você - de forma alguma! -, mas dá pra perceber, claramente, que você experimenta uma espécie de catarse ao escrever, que transfere seus sentimentos ao papel com integridade, como se toda a sua estabilidade dependesse disso. E eu admiro muito isso. E, sinceramente, eu amo metaliteratura. Por mais que muitas vezes nos matemos para sintetizar em linhas tudo aquilo que nos aflige (recomendo a leitura de "O martírio do artista", do Augusto dos Anjos), é inegável que há textos belíssimos sobre a produção poética - e o seu entra na lista. Concordo com cada linha escrita sobre as relações autor-leitor e autor-obra; afinal, se ler é conhecer mais sobre outras realidades, escrever é se auto(re)conhecer. Texto sensacional, minha cara Ana.
Um beijo,
Robledo - Livros, letras e metas
eu queria fazer um comentário mais sobre uma parte específica, dessa que todos desejam ser lidos. tem um tipo de escrita que não é exatamente para os outros lerem, aquela estilo diário que acaba sendo mais pra pessoa se conhecer. mas é só um comentário nada a ver porque eu sou chata, o resto do texto e até a essência é bem legal. parabéns! haha e parece mesmo despedida ;x
xxxSobre o seu comentário lá no blog, ainda bem que você também é viciada *-* HUAH é bom quando alguém te entende. e realmente toca aquela música, mas não tinha na lista nem no que eu baixei (mas já fui atrás u.u).
Eu consegui um torrent com todas, então coloquei aqui agora essa Far, Far e até agora eu to gostando bastante.
obrigada por lembrar e pela dica! haha
até \o
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