22 janeiro 2012

Pelas estradas do seu verão

Conto/Crônica da Ana é uma coluna postada mensalmente, ao penúltimo domingo de cada mês. Às vezes um conto, noutras uma crônica, todos de autoria da Ana com o ímpeto de trazer um outro tipo de literatura com textos mais curtos e muitas vezes do próprio cotidiano.
Para finalizar o mês, uma crônica que escrevi originalmente para o Blog das Resenhas e que posto aqui agora para meus leitores com uma mensagem de férias e verão. 


A gente passa o ano inteiro esperando por algo e quando esse “algo” chega, não surpreende, não entusiasma, é simplesmente um outro período que há de se repetir. Assim eu vejo as férias de verão, com toda a sua suposta grandeza e enormes alegrias que deveria proporcionar.

Verdade seja dita que todos adoramos estar de folga da escola, do trabalho e até mesmo da vida por algum tempo que promete ser só nosso,  que planejamos de maneira eufórica com os amigos toda uma programação de um período feliz e jovial, que, em algum momento, fantasiamos com um amor de verão… Mas é realmente disso que precisamos para podermos estar contentes e realizados?

Vi, certa vez, a foto de uma personagem de Fernanda Torres, creio que do filme “Os Normais”, dizer que detestava o verão, essa obrigação de todo mundo estar feliz e ficar saudável, com o corpinho pronto para ser exibido na praia. Pois concordo. O verão é uma estação linda, colorida, naturalmente exuberante e alegre, contudo cada outro instante do ano tem a sua magia e ninguém é obrigado a gostar de passar o dia inteiro no litoral, sorrindo para quem passar. As férias são suas, aproveite-as como quiser.

Se tiver vontade de passar o dia jogando video game, juro que não será uma pessoa pior. Se estiver se sentindo sozinho, chame os amigos para jogar também. Se mudar de ideia e quiser ir à praia, dispa-se de suas neuras e vá exibir esse corpo branquinho para o sol que adora brilhar. Você também não precisa gostar de calor, de viver ao ar livre: não estamos em uma selva e é mais que seu direito querer se trancar em seu quarto com o ar condicionado ligado.

Sei que provavelmente lê muito e está habituado com grandes histórias de amores estivais – Soul Love, A Caminho do Verão, O Verão que Mudou Minha Vida -, mas ninguém também é obrigado a encontrar sua cara-metade ou uma mera paixão nos dias ensolarados e nas noites estreladas de dezembro, janeiro e fevereiro. Na verdade, sempre vi mais charme e potencial no sentimento que nasce entre dois corpos frios que se aquecem no inverno, ou nas paisagens coloridas, florais e inspiradoras da charmosa primavera. Quem sabe até no outono, em meio a uma alameda de folhas alaranjadas…

O verão deve ser, acima de tudo, um estado da alma. Tempo para pensar em si mesmo, para relaxar ao seu modo… É uma estação inteiramente de cada um. As férias não precisam esbanjar a aventuras com amigos na floresta ou a grandes empreitadas românticas, mas apenas àquele frescor típico de quem esteve em paz, preparando-se para mais um cotidiano que será vivido ao longo de um ano.


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