24 abril 2012

Contos de Aprendiz, de Carlos Drummond de Andrade

Título: Contos de Aprendiz
Autor: Carlos Drummond de Andrade
Editora: Companhia das Letras* (cortesia - parceria)
Número de páginas: 150
Edição: São Paulo 2012
ISBN: 978-85-359-2047-5
Gênero: Literatura brasileira; Antologia de contos

A muitos leitores não agrada o cotidiano gênero dos contos. Talvez por serem mais curtos que os romances, por trazerem em sua essência narrativas enxutas, em pequenos espaços de tempo, abrangendo a história de apenas um núcleo... Uma pena, afinal, tendo em vista a dimensão sentimental que essas poucas palavras às vezes podem vir a causar em nós.

Particularmente falando, tenho um grande apreço pelas sutis mensagens que os contos tendem a passar. Acredito até que seja muito importante introduzir-se na obra de um autor através de uma antologia, que é a menor célula de seu acervo, o pontapé inicial do romance. Em tratando-se de Drummond, contudo, a matriz do acervo literário fica por conta da poesia e também um pouco dela, em meio à prosa, faz-se presente neste Contos de Aprendiz.

Segmentado em 15 textos: A salvação da alma; O sorvete; A doida; Presépio; Câmara e cadeia; Beira-rio; Meu companheiro; Flor, telefone, moça; A baronesa; O gerente; Nossa amiga; Miguel e seu furto; Conversa de velho com criança; Extraordinária conversa com uma senhora de minhas relações; Um escritor nasce e morre, o elemento mais característico do estilo do autor é a simplicidade dos detalhes, a valorização de cada pequeno sentimento que desperta em suas personagens.

Em O Sorvete, por exemplo, presenciamos a história de dois pequenos amigos, meninos do interior que compartilham seus instantes de liberdade do internato caminhando pelas ruas da metrópole carioca em busca de aventuras, ou simplesmente da ocasional ida ao cinema para a qual sempre juntam dinheiro; até o dia em que algo mais atraente surge, a possibilidade de tomar sorvete, uma iguaria que nunca experimentaram e que repentinamente se torna um impasse em suas simples vidas. Num polo distinto, em A doida, somos emocionalmente tragados para a delicadeza do texto do autor, com uma narração melancólica onde uma senhora sofre uma vida de esquecimento e abandono à beira da própria morte, quando um jovem curioso aparece para assistir-lhe em seus últimos instantes.

O autor oscila e circula pelos diversos gêneros literários através de sua coletânea de contos. Mais familiar e alegre em A salvação da alma, repentino em Câmara e cadeia, completamente macabro e inesperado com O gerente. Também varia nos padrões e deixa a desejar em alguns momentos pela própria inconstância ou pelas minúcias de suas histórias, leituras rápidas instantaneamente enfadonhas.

De Drummond ainda fico com a poesia, mas recomendo que todo leitor curioso conheça mais a fundo, ou a raso, outro lado de sua obra com Contos de Aprendiz.

Avaliação Geral:
Nota 3 de 5 (Bom)



0 comentários: