21 junho 2012

Um pouco sobre Machado de Assis

Em 1839, há exatamente 173 anos, na cidade do Rio de Janeiro, nascia Joaquim Maria Machado de Assis, filho de Francisco José de Assis com Maria Leopoldina Machado de Assis. Jornalista, contista, cronista, romancista, crítico, poeta e teatrólogo, não se sabia naquela época que o bruxo do Cosme Velho viria a ser um dos maiores, senão o maior autor de toda a literatura brasileira.

Lembrado pela genialidade de suas obras realistas, especialmente a famigerada tríade Dom Casmurro (1899), Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) e Quincas Borba (1891), começou sua carreira literária com poesias e ensaios, iniciando definitivamente, em meados de 1870, um caminho pela prosa tanto em contos quanto em romances. Para a escola romântica, contribuiu com Ressurreição (1872), A Mão e a Luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1876), já tendo esta última um notável aspecto realista que caracterizaria o legado machadiano a partir daí, mas sem grande notabilidade em relação às que ainda estavam por vir, como a tríade mencionada, Casa Velha (1885), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908), finalizando com introspectivo aspecto autobiográfico uma obra que inspiraria gerações de leitores.


Capitu e Bentinho na minissérie exibida pela Rede Globo, Capitu
Fundador da cadeira nº 23 da Academia Brasileira de Letras, tendo esta como patrono José de Alencar, esteve à frente da ABL na presidência por mais de dez anos, de 1896 a 1908, fazendo com que o espaço, naquele período, ficasse conhecido como a Casa de Machado de Assis. Anos após sua morte, que veio a ocorrer em 29 de setembro de 1908, o baiano Jorge Amado passou a ocupar sua cadeira na Academia, provando que apenas grandes nomes de nossa literatura tiveram o mérito de serem portadores dela.

De minha parte, tenho em Machado de Assis o modelo ideal de escrita, tamanha a complexidade de sua obra, com características tão próprias e tão inovadoras para sua época. Além de redigir histórias que retratam a realidade humana de maneira muito íntima e peculiar, o autor utiliza-se de recursos como a intertextualidade, a ironia e o discurso indireto livre no qual dialoga com seu leitor, tornando impossível, a uma segunda leitura, não reconhecer que o texto em mãos trata-se de uma obra machadiana.

Maria Fernanda Cândido e Michel Melamed
Dele já tive a oportunidade de ler e reler diversos contos segmentados e os romances A Mão e a Luva, ameno e prematuro, todavia interessante à sua maneira, Contos, coletânea que reúne provavelmente suas narrativas mais geniais, Helena, belíssima história de amor, e muito triste também, e Dom Casmurro, o qual ponho disparadamente no pedestal de minha obra predileta, tamanha sua irreverência literária ao tratar o ciúme e os amores humanos doentios.

Para aqueles que ainda não tiverem se iniciado na obra do autor e sentirem curiosidade, indico a leitura dos contos machadianos, como A Cartomante (na íntegra aqui) e A Missa do Galo (aqui). Em tratando-se de romances, muitas editoras publicam Machado de Assis no Brasil atualmente, além de várias edições especiais de jornais e do próprio governo, facilmente encontradas em livrarias, bibliotecas e sebos. Entre as mais econômicas e completas, no entanto, estão as da L&PM Pocket, que apresenta extensa variedade. Em comemoração aos 173 anos de Machado de Assis, deixo-lhes, enfim, com alguns dos trechos mais célebres de suas obras, que refletem muito a ideologia realista e particular do autor do Cosme Velho, pai de Capitu, Bentinho, Quincas, Sofia, Helena e uma série de personagens inesquecíveis de nossa literatura.



"Os espíritos, disse ele, nascem condores ou andorinhas, ou ainda outras espécies intermédias. A uns é necessário o horizonte vasto, a elevada montanha, de cujo cimo batem as asas e sobem a encarar o sol; outros contentam-se com algumas longas braças de espaço e um telhado em que vão esconder o ninho."

Machado de Assis


"Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito."

Machado de Assis


"Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar."

Machado de Assis


"Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria."

Machado de Assis


Fontes: 
ABL - Machado de Assis
Releituras - Machado de Assis


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