31 julho 2012

Fragmentando "Cem Anos de Solidão"

Não tenho o costume de fazer postagens com trechos de livros que ainda não foram resenhados no blog ou até mesmo, como neste caso, de livros que eu não tenha terminado de ler. Mas Cem Anos de Solidão (de Gabriel García Márquez), como imaginei antes de iniciar sua leitura, lendo tantas críticas e resenhas mais que positivas, é um caso à parte.

Apesar de ter alcançado a centésima página de uma resma em que estão contidas 400, convenço-me a cada palavra de que Gabito (como o autor é carinhosamente chamado pela mídia e por leitores) foi realmente um merecedor do louvável Prêmio Nobel de Literatura com seu acervo que orgulha a Colômbia até hoje, através de um novo estilo tido como Realismo Fantástico em que fundem-se realidade e fantasia através de uma narrativa envolvente e de períodos longos.

Abaixo, alguns trechos que selecionei carinhosamente nas primeiras 100 páginas desta leitura incrível em que narra-se a história da família Buendía de geração em geração.

"Considerava como uma brincadeira do seu destino travesso ter procurado o mar sem encontrá-lo, ao preço de sacrifícios e incômodos sem conta, e tê-lo encontrado, ao preço de sacrifícios e incômodos sem conta, e tê-lo encontrado agora sem procurá-lo, atravessado no seu caminho como um obstáculo intransponível."
p. 18
"- Ainda não temos um morto - ele disse. - A gente não é de um lugar enquanto não tem um morto enterrado nele."
p. 19
"[...]e onde já não cheirava mais a mulher, mas a amoníaco, e onde tentava se lembrar do rosto dela e topava com o rosto Úrsula, confusamente consciente de que estava fazendo algo que há muito desejava que se pudesse fazer, sem saber como estava fazendo porque não sabia onde estavam os pés e onde a cabeça, nem os pés de quem nem a cabeça de quem, e sentindo que não podia aguentar mais o ruído glacial dos seus rins e do ar do seu intestino, e o medo, e a ânsia aturdida de fugir e ao mesmo tempo de ficar para sempre naquele silêncio exasperado e naquela solidão terrível."
p. 32
"- Palavra de honra?
- Palavra de inimigo - disse José Arcadio Buendía. E juntou num tom amargo: - Porque uma coisa eu quero lhe dizer: o senhor e eu continuamos sendo inimigos."
p. 61 
 "A casa se encheu de amor. Aureliano expressou-o em versos que não tinham princípio nem fim. Escrevia-os nos ásperos pergaminhos que lhe dava Melquíades, nas paredes do banheiro, na pele dos seus braços, e em todos aparecia Remedios transfigurada: Remedios no ar soporífero das duas da tarde, Remedios na calada respiração das rosas, Remedio na clepsidra secreta das mariposas, Remedios no vapor do pão ao amanhecer, Remedios em todas as partes e Remedios para sempre."
p. 68
"Levou-o para a cama. Limpou-lhe a cara com um trapo úmido, tirou-lhe a roupa e logo se despiu por completo e abaixou o mosquiteiro para que não a vissem os filhos, se acordassem. Tinha cansado de esperar pelo homem que ficou, pelos homens que foram embora, pelos incontáveis homens que erraram o caminho de sua casa[...]"
p. 69
 Espero que as indicações caiam bem ao dia. Já leu alguma obra de García Márquez? Interessou-se por Cem Anos de Solidão? Comente comigo!

0 comentários: