03 janeiro 2013

Sonhos, de Alyson Noël

De uns tempos para cá, tenho preferido, com grande disparidade, os livros únicos a séries. Oneshot, como os familiarizados com o universo das fictions gostam de dizer, embora não exatamente com o mesmo sentido. No momento, entretanto, estou de férias e tenho desfrutado de uma quantidade considerável de tempo para tirar o pó de alguns livros, que possuem continuações, de minhas prateleiras. Meio exagerado dizer que fiz isso com Sonhos, uma vez que o título é lançamento de 2012 (parece que fui um dia desses!) e carrega consigo todas as características típicas de um juvenil de nossa época.

Afirmar que Alyson Noël foi inovadora em The Soul Seekers, sua mais recente série, da qual este é o livro um, seria um pouco fora da realidade. Apesar de possuir algumas particularidades no quesito fantástico e no modo de vida da protagonista, a série também tem aqueles clichês típicos que a maioria dos leitores não se incomoda em rever, tais quais: uma garota de dezesseis anos perturbada por alucinações, um rapaz bondoso e belo aparentemente predestinado a ela, uma avó sábia e mística que conhece todos os segredos por detrás daquilo que a neta vivencia, um poder familiar que cresce com as gerações e, claro, o destino do mundo, mais uma vez, entregue às mãos de uma jovem que pouco sabe da vida.

Esta jovem de quem tanto lhes falo é Daire, uma garota que leva uma rotina diferente, no mínimo, de todas as outras de sua idade. Sozinha com a mãe, uma maquiadora renomada de Hollywood, desde que se entende por gente, viaja ao redor de todo o mundo, sem jamais fixar moradia, a não ser nos sets de filmagens que vão e voltam. A ideia, ao princípio, causa deslumbramento em muitos. Em seu íntimo, na verdade, reflete muito a solidão das duas, desacostumadas ao ideal de família. Jennika, a mãe da protagonista, é extremamente jovem, tendo engravidado da menina aos dezesseis anos. Como se o baque não bastasse ao convívio familiar, ainda perdeu, durante a gravidez, o seu namorado, Django, pai de Daire e filho de uma senhora peculiar chamada Paloma que, após a morte dele, simplesmente desapareceu.


Apanhadores de sonhos e lendas, muitas lendas. Fonte
Apesar de todos os traumas, a vida das duas segue nos eixos aos quais já estão acostumadas, até o momento em que a protagonista passa a ser acometida por visões aterrorizantes de corvos e cabeças pegando fogo. Nestes instantes, as sensações são tão extremas que a colocam numa espécie de transe violento, responsável por ferir quem estiver por perto e render a ela o atestado de louca, de acordo com vários médicos. Jennika, assustada com os rumos que a situação pode tomar e tendo o coração partido por se tratar de sua filha, passa a cogitar a ideia de interná-la numa clínica. Mas é aí que Paloma Santos, a avó desaparecida volta às suas vidas disposta a oferecer uma possível cura com ervas medicinais, desde que Daire vá morar com ela em uma pequena cidade do Novo México. Lá, as duas passarão a se conhecer melhor e, principalmente, a protagonista passará a ter ciência dos reais motivos responsáveis por provocar nela as estranhas visões. O que tudo apontava ser uma doença, nada mais é que poder e magia. Em vez de louca, é no vilarejo de Encantamento que descobre ser uma Buscadora de Almas, manipuladora do equilíbrio entre o bem e o mal em diferentes mundos.

Como é típico dos livros voltados ao público juvenil, Sonhos é narrado em primeira pessoa e tem uma protagonista que representa a teimosia dos adolescentes. Incrédula até o último instante possível, rebelde por natureza e desacostumada à intimidade com outras pessoas que não sejam a sua própria mãe, chega à escola de Encantamento com um jeito meio introspectivo, o qual prevalece em sua personalidade, apesar de toda a força que também carrega consigo. Demorei para me acostumar com Daire, mas creio que, em nome daquilo com que sonha e de todas as suas desconfianças perante um padrão de vida completamente diferente do qual esteve acostumada, vale o adjetivo de protagonista interessante. Dace é o mocinho que nós estamos habituadas a adorar: gentil, paciente e impassível de má conduta. Cade, por sua vez, seu irmão gêmeo, representa o lado negro da força, o vilão de sorriso insuportável que insiste nos cortejos e intriga, mas não muito.

Entre tantas características mencionáveis de Sonhos, destaco a fluidez, novamente. A história tem um ritmo bom e ainda que soe acelerada demais em alguns instantes, tem o timing e a carga emocional ideais da juventude. Dando uma nova cara ao lado da fantasia - o mais importante de toda a trama, aliás - é muito interessante o investimento que Noël faz na misticidade de Encantamento e das lendas que rondam os poderes de Daire. Toda a história dos espíritos animais (corvos, cavalos, águias, lobos e coiotes), digna até de apêndices antes do prefácio da narrativa, remonta às culturas indígenas americanas da região, um tema diferente e interessante a se abordar, fugindo dos vampiros, anjos e não dos demônios, sinto muito, de sempre.

Não tenho o costume de ficar ansiosa para continuações, a não ser quando gosto muito, muito mesmo da série. Neste caso, então, posso dizer que estou curiosa para saber até onde a história de Daire irá. E olha que, com mais 3 livros a serem lançados no Brasil, vem muita história por aí.

Conheçam o lindo site da série: Soul Seekers

E o booktrailer rico do livro:



Informações técnicas
Título:
Sonhos
Título original: Fated 
Autora: Alyson Noël
Tradução de: Marcia Blasques
Editora: Leya (exemplar cedido em parceria)
Número de páginas: 318
ISBN: 978-85-8044-575-6
Gênero: Literatura fantástica norte-americana

Alyson Noël é autora das séries Os Imortais e Riley Bloom, além de sete outros livros. Vive em Laguna Beach, na Califórnia, onde trabalha em sua própria obra. Visite-a no site www.alysonnoel.com. Saiba mais e leia uma história exclusiva no site www.soulseekers.com.br

Uma boa semana a todos!

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