26 abril 2011

Sobre cenários literários...

   Ao ler um livro, é impossível não nos atermos aos detalhes, desde a composição emocional da personagem em questão até os cenários, os tantas vezes imaginados cenários nos quais se passam as nossas histórias favoritas.

   Quem nunca parou para pensar, nunca constituiu em sua mente a imagem do local aonde aquela cena inesquecível do clímax do livro se passava? Pois foi pensando nisso que selecionei fotos de algumas das paisagens mais queridas por diversos escritores e acrescentei algumas informações a respeito de gêneros, livros, além de trechos passados nos mesmos.

Castelos
    Para os fãs da literatura fantástica ou ainda da medieval, o cenário é bastante conhecido e, normalmente, querendo ou não, é desenvolvido em algum lugar afastado que localiza-se na Antiga Europa.
   Autores prestigiadíssimos como J.R.R. Tolkien e J.K. Rowling consagraram suas sagas adoradas mundialmente (O Senhor dos Anéis e Harry Potter, respectivamente) em castelos, por exemplo.
"- Vocês vão ter a primeira visão de Hogwarts em um segundo - Hagrid gritou por cima do ombro -, logo depois dessa curva.
   Ouviu-se um Aooooooh muito alto.
   O caminho estreito se abrira de repente até a margem de um grande lago escuro. Encarrapitando no alto de um penhasco na margem oposta, as janelas cintilando no céu estrelado, havia um imenso castelo com muitas torres e torrinhas."
ROWLING, J.K.; Harry Potter e a Pedra Filosofal, p.99 ; Editora Rocco

 Escolas e Internatos
   Os leitores dos mais aos menos assíduos já estão cansados de saber que o cenário predominante da literatura juvenil hoje e sempre é o das escolas. Desde tempos mais remotos, quando eram internatos ou instituições de ensino para moças, os lares do aprendizado preencheram a cabeça de muitos jovens com aventuras e histórias extraordinárias.

   Quase todos os personagens queridinhos atualmente passaram pela escola em algum momento de suas trajetórias literárias. Lá conheceram seus amigos,os primeiros romances e paixonites despertaram, as responsabilidades da vida lhes foram impostas.
   Em obras contemporâneas, temos os exemplos das amigas que se conheceram em Gossip Girl e Pretty Little Liars. Tratando-se de paixões, quase todos os juvenis encontram o amor de suas vidas eternas na escola. Haja visto os mais vampirescos tais quais, impossível não citar, Crepúsculo, Vampire Diaries e toda essa linha de caninos maiores (porém de muita duvidosa braveza). Isso não é, afinal, novo. As escolas vêm de muito tempo atrás nas histórias e aparecem em clássicos no formato de academias (A Inglaterra vitoriana de Jane Austen), seminários (Os polêmicos de Machado de Assis e outros realistas brasileiros como Gonçalves Dias e Raul Pompéia), internatos, até chegarem às escolas que temos atualmente.

   “A carruagem sobe a colina que vai dar na porta principal de Spence. Estico a cabeça para fora da janela para olhar o enorme edifício. Tem alguma coisa se projetando do telhado. É difícil distinguir o que é naquela luz fraca do anoitecer. A lua sai de trás das nuvens e eu as vejo claramente: gárgulas. O luar passeia sobre o telhado, iluminando pedaços das figuras – dentes afiados, uma boca arreganhada, olhos raivosos.
   Bem-vinda à escola para moças, Gemma. Você vai aprender a bordar, a servir chá, a fazer reverência. Ah, por falar nisso, você corre o risco de ser exterminada no meio da noite por uma das terríveis criaturas aladas do telhado.”
BRAY, Libba; Belezas Perigosas, p. 39; Editora Rocco


Bibliotecas
   As bibliotecas costumam ser um apêndice das próprias escolas ou castelos, mas têm uma história toda especial à parte.
   Quem não se lembra de Hermione, Harry e Rony na seção reservada da Biblioteca de Hogwarts em busca de informações secretas? Quem não se empolgou com Dan Brown pelas bibliotecas do Vaticano? E quem não se envolveu nos romances escondidos que passaram entre a poeira e os livros com diversas personagens modernas?

   “O tal Isaac nos convidou a entrar com um leve assentimento. Uma penumbra azulada cobria tudo, insinuando apenas os traços de uma escadaria de mármore e uma galeria de afrescos repleta de figuras de anjos e criaturas fabulosas. Acompanhamos o vigia através daquele corredor palaciano e chegamos a uma grande sala circular, onde uma autêntica basílica de trevas jazia sob uma cúpula esfaqueada por focos de luz que desciam desde o alto. Um labirinto de corredores e estantes repletas de livros se erguia da base até a cúspide, desenhando uma colméia em cuja trama viam-se túneis, escadas, plataformas e poentes que deixavam adivinhar uma biblioteca gigantesca, de geometria impossível. Olhei para meu pai, boquiaberto. Ele me sorriu, piscando o olho.
   - Daniel, bem-vindo ao Cemitério dos Livros Esquecidos.”
ZAFÓN, Carlos Ruiz; A Sombra do Vento, p. 9; Editora Suma de Letras

Igrejas
   As casas religiosas servem, muitas vezes, de paisagem para os segredos dos refugiados ou não sob seus dogmas. São lugar de encontros proibidos, paixões oprimidas, proteção e, muitas vezes, significam completamente o contrário, fazendo a linha mais gótica e pitoresca, deixando um cenário tão divino completa e erroneamente macabro.
  “Ela não respondeu à própria pergunta, mas, quando Gabriella levantou os olhos apavorados, tudo o que pôde ver foi uma cruz enorme com um Cristo moribundo e coberto de sangue, que a fez berrar ainda mais alto por tudo o que aquilo significava.”
STEEL, Danielle; Um Longo Caminho para Casa p. 80; Editora Record

Cemitérios
    Inspirando mais medo e fazendo parte, especialmente, das literaturas gótica e fantástica, os cemitérios fazem alusão nas obras a coisas ruins, sombrias e relativas naturalmente à morte.

   São sempre descritos com poucas cores e uma tristeza toda característica que só os santuários dos mortos podem ter.
   Autores contemporâneos como, por exemplo, Lauren Kate (de Fallen) fazem alusões aos cemitérios em suas obras. Olhando mais para trás, temos o macabro Edgar Allan Poe e Patrick Süskind, com O Perfume.
“O mato rasteiro dominava tudo. E não satisfeito de ter-se alastrado furioso pelos canteiros, subira pelas sepulturas, infiltrara-se ávido pelos rachões dos mármores, invadira as alamedas de pedregulhos esverdinhados, como se quisesse com sua violenta força de vida cobrir para sempre os últimos vestígios de morte. Foram andando pela longa alameda banhada de sol. Os passos de ambos ressoavam sonoros como uma estranha música feita do som das folhas secas trituradas sobre os pedregulhos. Amuada mas obediente, ela se deixava conduzir como uma criança. Às vezes mostrava certa curiosidade por uma ou outra sepultura com os pálidos medalhões de retratos esmaltados.
   - É imenso, hein? E tão miserável, nunca vi um cemitério mais miserável, que deprimente – exclamou ela, atirando a ponta do cigarro na direção de um anjinho de cabeça decepada. – Vamos embora, Ricardo, chega.”
TELLES, Lygia Fagundes; Antes do Baile Verde p. 140; Companhia das Letras


   Espero que tenham gostado da postagem de hoje!
   Comentem sobre seus cenários favoritos e até mesmo os trechos. Quinta-feira trarei mais algumas paisagens famosas literariamente.
   Aguardem!





10 comentários:

Robledo Cabral Filho disse...

Ana, confesso a você que muitas vezes acho difícil visualizar exatamente aquilo que os autores descrevem. Muitas vezes, crio meus próprios cenários imaginários, que podem até ter algumas semelhanças com aquilo que os autores dizem, mas que diferem em outros aspectos. Não sei se isso é um "problema" meu ou se acontece com mais gente. Acho incrível quando um autor consegue descrever perfeitamente um local, mas provavelmente é uma tarefa extremamente difícil, e explorar excessivamente os pormenores levanta o risco de tornar a leitura cansativa, chata, desnecessariamente prolixa...

Duas coisas que quero destacar: 1) Apaixonei-me pelo estilo do Zafón! Quando li a sinopse desse "A Sombra do Vento", cheguei a imaginar uma coisa muito bobinha, mas o quote que você destacou me deu a impressão de uma literatura muito madura, sensata, profunda. Exatamente o que eu admiro. 2) Não pude deixar de sentir um arrepio quando li o quote de "Um longo caminho para casa". Vistas isoladamente, aquelas linhas não representam muita coisa; contudo, eu li a obra e consigo me lembrar com muita clareza das emoções turbulentas de Gabriella... Foi o único livro da Steel que li até hoje, e recomendo a qualquer leitor voraz.

=*
http://livrosletrasemetas.blogspot.com/

Entre Fatos & Livros disse...

Olá meninas!
Eu visualizo bem os cenários. O que eu mais gosto é o de HP, Hogwarts! Há parece ser tão lindo e tão misterioso. Fora que eu tenho uma quedinha por castelos. Um de meus sonhos é fazer um mochilão para conhecer o maior número possível deles. Adorei o post!

BjoO
Pri
Entre Fatos e Livros

Vanessa disse...

AAAAAAAAAAADORO TODOS! AUSHAUS Adoro cemitérios, adoro bibliotecas, escolas, internatos e principalmente caastelos. Faltou florestas UAHSAUSUA Adorei, adorei.

Beijos, Vanessa.
This Adorable Thing

Mayara disse...

Ana, que postagem legaal, amei muito *-*
Meu cenário favorito sempre foi a biblioteca, primeiro porque gosto de livros e depois porque acho legal quando acontece algo em um lugar tão cheio de cultura *-* O Grande mentecapto possui momentos na igreja :D
Também gosto muito de histórias envolvendo cemitérios, porque geralmente possui terror e adoro um terrorzinho, haha *-*
Castelos são legais porque me lembram princesaaas <3
E escola eu nem preciso dizer porque é legal né? Simplesmente porque é nosso cotidiano e meio que nos dá esperança de acontecer o que aconteceu no livro, tipo esbarrar em alguém e encontrar seu amor UAHUSHAUHSUA :D
Parabéns pela postagem, show!

Bruna Tenório disse...

Eu viajo muuuito quando estou lendo algum livro. É impossível você não mentalizar o lugar onde a história se passa!

Anônimo disse...

Ah que vontadeeeeeee de conhecer tudo isso.
Menos o cemitério. kkk
Blog Coisas de Menina ♥
http://coisasdemenina29.blogspot.com/

Sandra disse...

Ana, adorei esse post, ficou ótimo!
Eu adoro ficar viajando pela imaginação e criando os cenários na minha mente.
Escolheu fotos lindas e a minha preferida foi a do cemitério.

Beijo imenso pra vc!

Ana Ferreira disse...

Robledo, Um Longo Caminho para Casa também foi o único livro que li da Danielle Steel e eu não precisaria ler mais nenhum para confirmar a emoção da história linda, linda! Leia logo Zafón, heim? haha

Pri, ah Hogwarts é encantadora, não? Quem não gostaria de estudar lá!

Vanessa, também adoro todos! E as florestas estão na próxima postagem, haha

Mayara, adorei seu comentário heiuehieu Especialmente a parte da escola! Esbarrar em alguém, ÓTIMO! Também tenho a minha quedinha pelos góticos cemitérios, muahaha

Ana Ferreira disse...

Bruna, acho que essa é a maior sacada dos livros! Nós viajarmos para as histórias!

Danielle, não é? haha

San, muito obrigada. Fiz com toda a dedicação para vocês!

Beijos a todos!

Teorias de Gi disse...

Achei esta postagem muito interessante de verdade...eu lembro quando li os livros de Dan Brown sempre rico em detalhes e os lugares todos sitados em seus livros existem e toda a vez que citava algum cenário ou obra vinha na internet e pesquisava, vizualizava o local ou a obra.
A Laure em Fallen ja descreve um cenário q acho q seria incrivel...uma escola/internato com um cemitério e ua antiga igreja como ginasio de esportes, acho tudo isso incrivel!