02 fevereiro 2012

O Atlas Esmeralda, de John Stephens

Resenha da semana é uma coluna na qual Ana dá sua opinião a respeito do livro lido no momento, com direito a trechos e informações completas sobre a obra e o autor. Postada aos sábados (sujeita a alterações).
Título: O Atlas Esmeralda - Os Livros do Princípio - Parte 1
Título original: The Esmerald Atlas
Autor: John Stephens
Tradução de: Lívia de Almeida
Editora: Suma de Letras* (cortesia - parceria)
Número de páginas: 295
Edição: Rio de Janeiro 2011
ISBN: 978-85-8105-013-3
Gênero: Fantasia; Magia; Ficção Juvenil; Literatura Americana
"Viu o rosto da irmã voltado para ela. Os olhos escuros cheios de confiança e de amor.
Numa voz que só Kate conseguia ouvir, Emma disse:
- Vai ficar tudo bem."
Nunca se sabe, exatamente, o que esperar de uma fantasia. A partir do momento em que o autor torna-se senhor de sua obra, estamos sujeitos a habitar os mais distintos mundos, conhecer tantas improváveis criaturas, viajar pelas fronteiras do tempo e admirar cada vez mais a engenhosa imaginação humana. Com John Stephens, nesta introdução de sua obra, não foi diferente.

Primeiramente, lendo a pequena biografia do autor na orelha traseira do livro, o leitor notará certa diversidade no caráter textual do mesmo, que tem sob sua autoria episódios de The O.C. e Gilmore Girls, por exemplo.

O Atlas Esmeralda é um infanto-juvenil que tem como protagonistas três irmãos: Kate, Emma e Michael. Abandonados pelos pais ainda muito jovens, Kate, irmã mais velha, prometeu à mãe, aos quatro anos de idade, que zelaria por seus caçulas até o dia em que eles voltassem. Dez anos se passam e ao longo de todos eles, o trio muda constantemente de orfanato, isolando-se das outras crianças pelo medo de partir novamente, sempre sob a vigília de Kate. Unidos tentam, de certa forma, evocar a presença das figuras materna e paterna, sempre esperando pelo momento em que os dois apareçam repentinamente e digam que foi apenas um pesadelo, mas conforme crescem e os anos passam, especialmente Emma e Michael, que mal têm memórias ao lado desta família, as esperanças se esvaem e o mundo real e traiçoeiro se apresenta novamente.

Após problemas em seu último e horroroso orfanato, os irmãos são transferidos para um que promete ser ainda pior, em uma cidadela perdida e esquecida em algum lugar da fronteira entre os Estados Unidos e o Canadá. Cambridge Falls é um lugar sombrio, que exala a desconfiança no olhar de cada morador que se encontra vagando pelas ruas, - o que é raro, a propósito - e que, incrivelmente, para uma cidade que abriga um orfanato, não tem crianças. Logo Kate, Emma e Michael suspeitam de que haja algo muito errado nesta transferência para um recinto tão hostil; justamente quando descobrem um livro de capa esmeralda perdido em um laboratório com ares de magia e vão parar, através de seu poder em uma foto, na antiga Cambridge Falls, uma paisagem extremamente diferente e que justifica muitos fatos do futuro.

A princípio, não sabia muito bem o que esperar do livro. Uma fantasia interessante, indubitavelmente. Mas o que era esse tal de Atlas Esmeralda? Qual era o grau fictício e plausível da história? Verdade seja dita, as primeiras páginas não me causaram uma impressão tão boa quanto gostaria. Não por nada em especial, pois creio que a escrita de John Stephens não falhe nesse quesito, mas provavelmente pelo próprio ritmo um pouco lento e por aquela impressão de que vinha história conhecida por aí.

O próprio leitor desta resenha, ao ler meu pequeno resumo, talvez tenha notado semelhanças na histórias dos irmãos com a clássica série Desventuras em Série, por exemplo. Três irmãos, orfanatos e as próprias características de cada um remetem, inevitavelmente, ao trio dos Baudelaire. Chegado o momento da introdução ao Atlas, entretanto, o desenvolvimento toma rumos próprios e bastante atraentes aos fãs da literatura fantástica.

A construção das personagens, para um primeiro livro, é bem acabada. Kate é a protagonista absoluta da história, provavelmente por sua ligação com o Atlas, o que a torna completa, cheia de qualidades e defeitos. Por ser a mais velha, é também madura e muitas vezes a criança que acabou, por consequência da própria vida, tornando-se adulta. É corajosa, mas não é irresponsável ou explosiva, bastante ponderada, mas não de uma forma irritante, sem extremos. Michael é o irmão do meio, o intelectual e conhecedor-mor do mundo dos anões, totalmente fanático e, aparentemente, um tanto covarde. Emma é, talvez, minha personagem favorita. Irmã caçula, fervorosa e facilmente irritável, com uma coragem e garra de abalar estruturas, defensora de seus irmãos, de seus ideais e de seus sentimentos até o último instante. Também aqui, como uma típica fantasia infanto-juvenil, temos o vilão caricato, a Condessa malvada, e o amigo mágico, o sagaz Dr. Pym.

Entre outros pontos fortes, algo que me comoveu e surpreendeu bastante, sem soar falso ou exagerado, nunca com um caráter figurante, como em tantos outros juvenis, foi o valor dado à família. Kate, Michael e Emma têm uma ligação muito forte entre si e, ainda que briguem, ainda que passem pelos piores momentos, nunca deixam de se apoiar ou de sacrificar algo em nome uns dos outros.
"O medo tinha desaparecido. Todo o seu corpo foi subitamente consumido por uma raiva ardente. Ela queria pular sobre a mesa e gritar com a Condessa, dizer-lhe como ano após ano, orfanato após orfanato, sem ter nada, nem mesmo uma cama para chamar de sua, Emma nunca havia desistido. Ela sempre lutou. Porque sabia que aonde quer que fossem, o irmão e a irmã estariam lá. Eram sua família, a única coisa certa na vida. E agora a Condessa havia tirado aquilo dela."
Uma vez encaminhado, O Atlas Esmeralda faz com que suas páginas passem rapidamente, num ritmo gostoso e que só não promete deixar saudade porque vem continuação por aí, sem nome ou data de estreia previsto ainda.
"O tempo, como Kate estava aprendendo, era parecido com um rio. A gente pode colocar obstáculos, até mudar seu curso rapidamente, mas o rio tem uma vontade própria. Quer seguir um determinado caminho. Você precisa obrigá-lo a mudar. Você precisa estar disposto a fazer sacrifícios".
Avaliação Geral:
Nota 4 de 5 (Muito Bom)

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E agora, o resultado do sorteio de dois kits marcadores que foi anunciado na última postagem. Todos os que comentaram até esta resenha estavam, automaticamente, participando. E os sortudos foram...


Parabéns meninas! Entrarei em contato com vocês! E para quem não tiver ganhado, aguardem, pois em breve teremos várias promoções!

No mais, gostaria de agradecer à Suma de Letras pelo envio do primeiro livro que selou a parceria com o blog e dar as merecidas boas-vindas à Companhia das Letras, que agora faz parte do nosso grupo de editoras também.

Uma boa quinta-feira a todos!

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