Desde muito jovens, aprendemos com o meio que vivemos a aceitar as críticas. Também haverá de se lembrar o leitor que na própria escola, o professor de Português já dizia que criticar não é ofender, todavia expor uma opinião a respeito de algo que está sendo executado, boa ou ruim. Acatamos assim que as resenhas postadas semanalmente neste blog são críticas e nada mais.
O leitor, quando deixa sua opinião em determinada postagem, à semelhança do blogueiro, está criticando a partir do momento em que toma lados abertamente. Apenas com esses comentários, enfim, somos capazes de discernir o que produzimos, de mudar, de melhorar e avançar, nunca regredir. O verdadeiro problema, entretanto, é quando a opinião passa a ser deveras pessoal e o argumento se torna ofensa, trazendo um desconforto a ambas as partes, um fato que muitos temos visto ocorrer constantemente e várias vezes, talvez por medo ou por discrição, deixamos de lado, como um sopro fétido que agride as narinas momentaneamente e logo vai embora com o vento.
Não muito tempo atrás, descobri através do Twitter o nascimento do Vergonha Literária e, verdadeiramente falando, achei a proposta do blog interessante, um meio de comunicação livre para falar daquilo que incomoda em meio à blogosfera literária, da ignorância de muitos autores de postagens incoerentes e incoesas, dos massacres de divulgações promocionais pelo Twitter e de alguns erros de acentuação ou crase "simples", por exemplo, levando em consideração o corpo geral do texto do blogueiro em questão.
A página, apesar de poucos seguidores, tenho certeza de que está dando o que falar e recebendo um bom número de visualizações diárias, tantos foram os blogs e blogueiros amplamente criticados e não apenas criticados, mas ofendidos por algumas falhas na reprodução de seu conteúdo, grandes e pequenas, e na sua forma de lidar com as redes sociais. Todos que visitaram o Vergonha Literária já devem ter reconhecido algum blogueiro em meio a vários e sentido assim, muito naturalmente, um desconforto pelo alvo indefeso, que nem sequer foi alertado de sua gafe.
Navegando pela página, na barra lateral, notar-se-á a presença do gadget de "Contato", que leva os seguintes dizeres: "Achou alguma coisa? Ficou com vergonha? [...] Manda aí!". E é neste momento que somos levados a um questionamento comum não apenas por aqueles que foram agredidos, porém por todos que não o gostariam de ser. Não seria mais fácil comunicar o autor da postagem a respeito do seu erro e evitar toda a chateação? Se o leitor se mostra hábil para mandar um e-mail para a equipe do blog em questão, por que não redirecioná-lo para o próprio autor e esperar que ele o assuma e corrija de acordo com as normas da Língua Portuguesa? Qual é a função deste Vergonha Literária e de tantos outros blogs que seguem o mesmo padrão senão a de ofender e ridicularizar os blogueiros descuidados, desestimulando-os a produzir aquilo que talvez lhes faça tão bem?
O leitor do Na Parede do Quarto provavelmente haverá de se lembrar também do artigo publicado há pouco tempo aqui, A geração alienada e varonil lhes escreve literatura, em resposta a uma senhora que redigiu um texto altamente preconceituoso para o Portal Literal da plataforma Terra, agredindo toda uma geração jovem de leitores e blogueiros, alegando causas como desestruturação familiar e social, alienação e outros equívocos em disparate. Além da generalização contida em cada único vocábulo, houve a menção aberta de blogs grandes como o Literalmente Falando e o Viagem Literária, por exemplo, considerados por ela como veículos de propagação de uma má literatura. Mais uma vez, neste caso, quem ataca baseia seus argumentos em massas da maioria e não procura se informar de maneira mais eficaz a respeito do seu objeto de ataque, julgando-o por sua aparência ou por uma única postagem. E sobra para a blogosfera literária, novamente, o peso de não apenas tentar espalhar algo bom como a Literatura por um país tão desapegado da educação como o Brasil, mas também de se fiscalizar constantemente em suas estatísticas de não estar sendo alvo de algum veículo esmagador que lhe põe a estima em baixa.
Como qualquer ser humano, somos passíveis de erros. Não temos toda uma gramática da Língua Portuguesa gravada em nossas mentes, entretanto, em vários blogs, o que vejo são textos bons e enxutos, livres de falhas, além de blogueiros totalmente conscientes, abertos para a crítica e para as dicas que seus leitores pensam em lhes oferecer. Naturalmente, como "amadores" em uma área que lida tanto com o uso da língua, precisamos nos fiscalizar e impedir a propagação de palavras com grafia incorreta, trechos incoerentes e compreensão inadequada dos diversos gêneros textuais.
O blogueiro literário deve, sim, saber distinguir uma resenha de uma sinopse, empregar a crase corretamente e se habituar às regras da Nova Ortografia, que já é vigente desde o início deste ano de 2012. Se ele não souber, contudo, que os outros o tenham em mente para auxiliá-lo e fazer com que melhore e corrija seu texto, aumentando a quantidade de bons blogs literários, em vez de contribuir para a extinção dos mesmos. Unidos e sem ofensas, tenho certeza, somos capazes. Feliz dia do blogueiro! Literário...
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