08 março 2012

O Dia Internacional da Mulher e a força feminina na Literatura

A Literatura desde seu distante início nada mais é que reflexos da humanidade: do que vivemos, do que sonhamos, do que passamos e conquistamos. A mulher em meio a essas conquistas sempre enfrentou grandes dificuldades e tabus para encontrar seu lugar ao sol na sociedade.

Nossas personagens literárias do século XXI (e até outras de tempos mais remotos também) vivem em uma diária luta para que seus ideais e vontades ganhem eloquência perante o homem. São mulheres fortes, corajosas, apaixonadas, intensas, belas à sua forma e até, quem diria, frágeis.

Dizem alguns homens que entre os mistérios mais sombrios e antigos da Terra encontra-se a natureza feminina, difícil de se desvendar e de controlar. Um espaço paradoxal e complexo, meticulosamente rico em detalhes e oscilações. Uma natureza que esbanja trovões de ira, tempestades de força, furacões de sensualidades e brisas com leveza e aroma graciosos. Somos assim, afinal, meio mal interpretadas, complicadas na medida certa e compreensíveis até certo pontos. Somos mulheres e hoje, em uma singela homenagem ao nosso dia, selecionei 10 personagens femininas que fazem jus ao sexo forte, não tão frágil como é constantemente visto.

Liesel, de A Menina que Roubava Livros 
Estranho começar a lista do Dia Internacional da Mulher com uma menina, mas a verdade é que Liesel Meminger se viu forçada a crescer ainda muito jovem, tendo que suportar grandes pesos e fardos, carregar segredos e dores insuportáveis. Viu o irmão morrer e foi deixada pela mãe à própria sorte para viver com outra família em meio à guerra e à pobreza. Uma pequena grande mulher que, a todo tempo, batalhou e batalhou para sobreviver, ganhando admiração da própria Morte por uma força tão surreal e desconhecida. Uma heroína inesquecível.



Kim, de Garota, Traduzida
Também muito jovem, Kimberly partiu da China com sua mãe em direção aos Estados Unidos, com grandes expectativas de um futuro brilhante e reluzente como promete a falsa imagem da América da liberdade. Ao chegar em Nova York, entretanto, encontrou apenas desilusão, tristeza, frio, miséria, fome e muito, muito trabalho para sobreviver em meio a condições desumanas. Ao longo do livro, a menina Kim torna-se uma adolescente e descobre o amor em sua forma mais sincera, mas ainda com sua alegria em amar, novos problemas surgem e a jovem continua a lutar por sua vida e por seus sonhos, com uma promessa de dar algo melhor à sua mãe.


Penny, de Lonely Hearts Club
Se fosse necessária uma representante adolescente para um movimento feminista, esta com certeza seria Penny Lane. Apaixonada por seu colega de infância, está decidida a dar o próximo passo na relação, não sem muitos medos, mas disposta pelo amor que acredita sentir por ele, até descobrir, no dia em que tinha planejado perder sua virginidade, estar sendo traída em sua própria casa. Daí em diante Penny vai ladeira abaixo e resolve, de uma vez por todas, ficar longe de qualquer ser do sexo masculino por tempo indeterminado. Com seu feminismo inesperado, funda um clube que chama a atenção de muitas meninas e descobre que não é a única descontente com as atitudes da população masculina. Daquelas protagonistas que nos fazem rir horrores, Penny também pode ser uma verdadeira amiga para toda menina-moça-mulher que já teve seu coração partido.

Emma, de Um Dia
Emma é daquelas personagens inesquecíveis. Ao longo de Um Dia (sem trocadilhos, ok?) acompanhamos seu desenvolvimento como pessoa e mulher desde sua formatura da faculdade até sua fase mais madura como uma adulta completa. Quando mais jovem, Emma tinha em si um mundo inteiro de revoluções de todos os gêneros. Feminista, anarquista (ou de esquerda), socialista, apaixonada pelas artes e por atuar, uma ideologia ambulante que teve muitas decepções e frustrações na vida, mas que também prosperou e amadureceu como mulher, sendo capaz de compreender muitas coisas que negava e vivendo o grande amor de sua vida. Emma, apesar de todas as dificuldades externas e internas e si, nunca deixou de viver um dia após o outro, com esperanças de um futuro melhor, contudo os pés no chão, sempre pronta para a queda mais dura.

Elizabeth, de Orgulho e Preconceito
Elizabeth Bennet é, muito possivelmente, a mãe de todas as outras heroínas que personificam a força feminina. Nascida da pena de Jane Austen, tem em si um ímpeto todo revolucionário, até romântico, uma verdadeira mulher à frente de seu tempo, cheia de sonhos e aspirações na vida, principalmente a de poder viver um grande e sincero amor. Não é afinal, também, como todas as outras, perfeita. Orgulhosa e cheia de outros defeitos, Elizabeth erra muito, mas acerta ao saber reconhecer o valor de Mr. Darcy, que a ama, acima de tudo. Tem em si certa ironia que a tornam ainda mais inesquecível e inspiradora para outros autores.

Gemma, da trilogia Gemma Doyle (Belezas Perigosas, Anjos Rebeldes e Doce e Distante)
Gemma é, de todas as personagens, a minha predileta. Primeiramente, como já declarei muitas vezes aqui, tenho verdadeiro paixão pela trilogia Gemma Doyle e a protagonista dela, ao meu ver, tem um papel muito grande nisto. Irônico até é o fato de não ser tão difícil desgostar de Gemma, pois a intensidade é visível na moça, que sempre tem seus defeitos ressaltados por Libba Bray, a autora. Ao início da primeira leitura, achei-a mesquinha e egoísta, orgulhosa, e talvez até o seja, mas tem muitas qualidades, que não superam seus erros, apenas a tornam mais humana e passional. É uma heroína brava, misteriosa e, novamente, uma mulher à frente de seu tempo, contra os ideais da hipócrita sociedade inglesa vitoriana em relação ao papel feminino.

Zoia, de O Palácio de Inverno
Zoia é a leitura mais recente da minha lista e já mereceu, entretanto, grande destaque aqui. Entre todas as personagens é a mais descrente e desiludida com a vida, cheia de medos e receios do passado sombrio que viveu, chegando até a ter depressão em certo estágio de sua caminhada e tentado o suicídio. Ainda acima disso, está a sua força inabalável e a vontade de sobreviver, fazendo jus ao seu nome que, em russo, quer dizer vida. Zoia ama e é dedicada à família e ao marido, que enfrenta todas as fronteiras de um país sob um regime ditatorial para estar com ela.



Éowyn, da trilogia O Senhor dos Anéis 
Ainda que a extensa maioria seja a favor de Arwen no quesito romântico, não há como negar que em toda a mitologia de Tolkien não haja nenhuma outra mulher tão forte e tão corajosa quanto Éowyn. Como qualquer outra, entretanto, ela se apaixona e fracassa, mas sua destreza na guerra e sua vontade de lutar são suas qualidades mais notáveis, intensas em escala suficientemente alta para que seja capaz de vencer o senhor dos Nazgul. Digna do título de rainha, não se senta no trono apenas como uma imagem a ser admirada, mas uma verdadeira líder, capaz de tudo por seu povo, leal até a morte. Demorei muito tempo para compreender a personagem como Tolkien provavelmente gostaria que todos tivéssemos compreendido, todavia seu valor é indiscutível, especialmente nos livros, que lhe dão maior destaque.

Hermione, da saga Harry Potter
Muitos já deviam estar aflitos esperando pela aparição de Hermione e, obviamente, com seu lugar mais que merecido, aqui a mocinha está. Novamente desde o início, ao conhecermos aquela menina inteligente e astuta, esperávamos algo grandioso dela. Ainda que não tenha estado em combate direto todo o tempo ou em meio a situações de perigo, Hermione sempre travou uma batalha de mentes e de soluções, buscando pelo melhor a fazer nos livros e na vida, pesquisando e revirando passado, presente e futuro em busca de auxílio e de respostas. Nos últimos volumes da série, seu amadurecimento é inegável e as situações de provação pelas quais se vê obrigada a passar apenas provam que é uma das personagens femininas mais fortes da literatura atual.

Daenerys, da série As Crônicas de Gelo e Fogo
Daenerys, ao início de A Guerra dos Tronos é ainda uma jovem pura, uma criança indefesa que sente um medo enorme de seu irmão e único parente, Viserys. Não muito depois, é entregue em casamento a Khal Drogo que a impõe uma vida totalmente nova e não menos difícil, mas aprende a sobreviver e a resistir, apesar de tudo. Até o primeiro contato que tem com a liberdade, ao domar uma égua e ao sentir o poder como khaleesi. Quando descobre que carrega o filho de Drogo em seu ventre, cresce muito como personagem e deixa, de uma vez por todas, o medo e a insegurança para assumir sua responsabilidade como progenitora do herdeiro e, futuramente, a senhora do fogo e dos dragões.

Após esta longa lista, só posso desejar a todas as leitoras do blog UM FELIZ DIA INTERNACIONAL DA  MULHER e que sempre tenhamos dentro de nós um pouco dessa essência de força e coragem que cada uma das personagens nos ensina e reflete.

Uma boa quinta-feira,

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