Dos amores mais antigos do mundo, nenhum chega à tradição que o materno carrega consigo. Um amor que nasce sem olhos, sem cheiro, sem palavras... Simplesmente vem, de dentro pra fora; dos elos, o mais forte.
Mãe é uma coisa engraçada. Carrega o filho no ventre por longos meses, com enjoos, desejos estranhos, tonturas, dores na coluna, uns vários quilos a mais e dificuldades para dormir, mas fica toda boba quando aquela perninha que começa a compreender suas articulações dá um chute em sua barriga. Ainda que falte dinheiro, ainda que a gravidez espante o namorado, ainda que os parentes sejam contra e achem tudo um grande escândalo, mãe é teimosa e ama o filho desde o prematuro início, antes que aquela pequena criatura sequer tenha um cérebro ou um coração para que o sentimento corra por suas próprias veias.
Às vezes me pergunto se não vem da própria genética, se, por alguma mutação nos alelos, certas mulheres não tenham simplesmente nascido para a maternidade, como se cada órgão de seus corpos estivessem esperando pela formação do feto, como se seu coração pulsasse para dar vida ao filho que um dia abrirá os pequenos olhos para o mundo. Ao final, entretanto, comprovo que, como alguém por aí disse, há coisas que a Ciência não explica, e nem tampouco a religião, pois católicas, espíritas, protestantes, macumbeiras, agnósticas e ateias, todas as mães são iguais ou parecidas em matéria de amor.
Quando choramos pela primeira vez, lá estavam elas para nos aconchegar entre seus braços e nos ninar como se nada mais existisse. Quando demos nossos passinhos de crianças desajeitadas, quiséramos poder registrar seus sorrisos e guardá-los para sempre, tão puros deve ter parecido. A primeira ida à escola, de mãos dadas, como se o simples gesto pudesse fazer uma transmissão de confiança entre os corpos. A primeira homenagem de dia das mães; as traquinices, seguidas de broncas e conselhos que ecoariam por muito tempo em nossas mentes; os sonhos compartilhados à noite, nos dias em que o medo de dormir sozinho e a vontade de estar perto delas era a mais intensa entre tantas outras; as primeiras confissões da puberdade, as bochechas rosadas da vergonha de estar apaixonado aos 13 anos, o companheirismo na adolescência quando os pais vetam a saída de uma festa na madrugada, da qual elas são cúmplice secretas, ainda que seu maior desejo seja o de que nunca cresçamos, como eternas crianças, sempre carecendo de cuidados e afeto.
Sou apaixonada pela minha mãe. Não sei se algum dia serei capaz de amar tanto alguém como a amo ou pelo menos não da mesma forma. Ela, para mim, é um exemplo de mulher, um padrão de beleza, um alicerce de caráter, poço de sabedoria, apoio de determinação e certeza de que, se nada der certo, não faltar-me-á um abraço e uma mão delicada para secar lágrimas. Para mim, ela é a melhor do mundo. A que tem o melhor cheiro, faz a melhor comida, conta as melhores histórias, dá os melhores conselhos e que consegue, como uma super-heroína, ser além de mãe, melhor amiga.
Pois como diria Carlos Drummond de Andrade, "Mãe não tem limite/ é tempo sem hora,/ luz que não se apaga/ quando sopra o vento/ e chuva desaba,/ veludo escondido/ na pele enrugada". Então vai lá, sai dessa cadeira, agradeça a mulher maravilhosa que sua mãe deve ser, dê-lhe um abraço bem forte e não queira soltar jamais.
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