24 agosto 2012

Um Homem Certo



Olá pessoal! Como vocês estão? Sei que ando sumida, como de costume rs, mas irei aparecer por aqui sempre que puder. Não vejo a hora de chegar dezembro, para que enfim termine meus estudos e tenha tempo livre para me dedicar ao máximo ao blog. Por enquanto, farei o possível para entrar sempre.

Bom, como ando estudando, tenho passado bastante tempo na biblioteca da minha escola. Numa dessas idas, me deparei com um livro da Clarice Lispector, chamado Visão do Esplendor que reúne alguns de seus contos. Achei-os maravilhosos, alguns até tirei lições de vida. Então, decidi postá-los aqui. Espero que vocês gostem e, caso aceitem positivamente, irei publicar outros toda sexta-feira. 
O conto de hoje tem o nome do título e mostra uma atitude que, certamente, você já deve ter feito: dizer "de nada" antes de a pessoa responder um "obrigado(a)". Em alguns casos, isso acontece já no automático, como é o caso do conto a seguir.

Um dia desses tomei um táxi e acendi um cigarro. Ao primeiro sinal de parada de luz vermelha, o chofer me disse: 
– A senhora quer ter a gentileza de me emprestar seus fósforos? 
Estendi-lhe a caixa, e quando a devolveu, antes que ele dissesse alguma coisa, falei distraidamente por hábito: 
– De nada. 
E ele: 
– Eu ainda não tinha agradecido. Por que é que a senhora disse "de nada"? 
– Ah, não tem importância. 
– Me desculpe, mas tem importância. A senhora deveria ter esperado que eu dissesse "muito obrigado" e depois é que a senhora ia responder "de nada". 
– Não importa, disse eu um pouco surpreendida. 
Mas importava sim. Seu tom, ao ter falado, era o de um homem que defende leis que foram violadas. Era como se ele tivesse caído em terreno perigoso. Olhei-o melhor: e vi quanto aquele homem era pouco livre e como ele precisava sentir-se preso, e aos outros também. Tentei então um doçura que o suavizasse, e, mais pela entonação de voz que por meio das palavras, eu lhe disse: 
– De verdade, moço, não tem mesmo importância... 
Mas ele insistiu duro: 
– De outra vez a senhora espere que lhe agradeçam. 
Nada mais havia a fazer, além do que eu também estava um pouco irritada. Até o fim da corrida não dissemos mais nada. E se há um silêncio mudo era aquele.

Digam nos comentários o que vocês acharam do conto, se isso já aconteceu com vocês e se gostariam de ver mais contos da Clarice por aqui.


Beijos,




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