17 novembro 2012

Floresta dos Corvos, de Andrew Peters


Através da criatividade de nossos autores, surgem as mais diferentes histórias sobre os possíveis destinos do mundo, num futuro às vezes nem tão distante. Em Floresta dos Corvos, o desmatamento resultou em um planeta desolado de sua natureza. Alguns homens, no entanto, contrários ao destino cruel das árvores, levaram mudas de algumas delas até uma ilha isolada, Arborium, na qual os seres passaram a viver sobre as mesmas, modificadas e adaptadas às novas condições de vida.

Entre os habitantes de Arborium, também conhecidos como dendrianos, vive Ark, um jovem encanador, de família muito humilde e origens desconhecidas. Até então, nenhum acontecimento para ele havia sido suficientemente grandioso a ponto de mudar o seu dia a dia. Quando num instante de trabalho comum -  uma infeliz coincidência, a propósito –, entretanto, ele escuta planos sobre uma conspiração para derrubar o rei de seu país e tornar todos os dendrianos escravos, vê os rumos de sua vida serem alterados. Logo é glorificado à dura missão de tentar salvar o seu povo, enquanto simultanemente é perseguido pelos homens do cruel Crasp, o conspirador e conselheiro real, além de seu filho Petrônio, inimigo de Ark desde os tempos do primário.

A princípio, até mesmo por seu caráter infanto-juvenil, achei o ritmo da história de Floresta dos Corvos muito fraco, sem aqueles acontecimentos cruciais para dinamizar a narrativa e conquistar a simpatia de seu leitor. Aos poucos, todavia, fui convencida do carisma de Ark e de seu amigo Mucum numa trajetória em que os jovens, tão inexperientes e despreparados, só visam o bem de seus iguais, uma reflexão sobre a bondade do homem que, inclusive, se sobressai às páginas desta obra.

Entre as tantas características do livro, destacaria sua pureza, muito visível nos relacionamentos entre as personagens e na composição quase que heroica do protagonista. Este, além de enfrentar todos os perrengues necessários para combater o grande mal que pode se abater sobre Arborium, ainda vai descobrindo aos poucos  as suas origens, assustado com a dimensão que seus poderes podem ter.

Em Floresta dos Corvos, fica claro também que seu autor é, definitivamente, um apaixonado pela natureza e pelas árvores, um sentimento refletido nas atitudes do protagonista e na própria narrativa, que exalta as qualidades destes seres vivos de um ponto de vista particular. Contrariando a racionalidade da evolução, as árvores de Arborium comportam todo o peso de uma nação, além de algumas produzirem gás em sua seiva para espantar os visitantes indesejados e as possíveis ameaças à última ilha imaculada da tecnologia incontrolável do homem.

Acima de tudo, com sua aventura repleta de fantasias, os diálogos ingênuos entre as personagens e uma mensagem de esperança ao meio ambiente, Floresta dos Corvos é um livro ideal para os jovens leitores, sonhadores e àqueles que simplesmente procuram por uma dose de pureza e bondade.

Informações técnicas
Título:  Floresta dos Corvos
Título original: Ravenwood
Autor:  Andrew Peters
Tradução de:  Raquel Zampil
Editora: Intrínseca (cedido em parceria)
Número de páginas: 381
ISBN:  978-85-8057-251-3
Gênero:  Ficção inglesa

Andrew Peters tem mais de dois metros de altura e desde criança escala suas árvores preferidas. Ou seja, Floresta dos Corvos está em desenvolvimento desde então. Autor de mais de sessenta livros, também gosta de squash e fotografia. Ele mora em Shropshire, no oeste da Inglaterra, com a mulher e os dois filhos.

Um bom feriado a todos!




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