Através da criatividade de nossos autores, surgem as mais
diferentes histórias sobre os possíveis destinos do mundo, num futuro às vezes
nem tão distante. Em Floresta dos Corvos, o desmatamento resultou em um planeta desolado de sua natureza. Alguns homens, no entanto,
contrários ao destino cruel das árvores, levaram mudas de algumas delas até uma
ilha isolada, Arborium, na qual os seres passaram a viver sobre as mesmas,
modificadas e adaptadas às novas condições de vida.
Entre os habitantes de Arborium, também conhecidos como
dendrianos, vive Ark, um jovem encanador, de família muito humilde e origens
desconhecidas. Até então, nenhum acontecimento para ele havia sido
suficientemente grandioso a ponto de mudar o seu dia a dia. Quando num instante
de trabalho comum - uma infeliz
coincidência, a propósito –, entretanto, ele escuta planos sobre uma
conspiração para derrubar o rei de seu país e tornar todos os dendrianos
escravos, vê os rumos de sua vida serem alterados. Logo é glorificado à dura
missão de tentar salvar o seu povo, enquanto simultanemente é perseguido pelos
homens do cruel Crasp, o conspirador e conselheiro real, além de seu filho
Petrônio, inimigo de Ark desde os tempos do primário.
A princípio, até mesmo por seu caráter infanto-juvenil,
achei o ritmo da história de Floresta dos Corvos muito fraco, sem aqueles
acontecimentos cruciais para dinamizar a narrativa e conquistar a simpatia de
seu leitor. Aos poucos, todavia, fui convencida do carisma de Ark e de seu
amigo Mucum numa trajetória em que os jovens, tão inexperientes e
despreparados, só visam o bem de seus iguais, uma reflexão sobre a bondade do
homem que, inclusive, se sobressai às páginas desta obra.
Entre as tantas características do livro, destacaria sua
pureza, muito visível nos relacionamentos entre as personagens e na composição
quase que heroica do protagonista. Este, além de enfrentar todos os perrengues
necessários para combater o grande mal que pode se abater sobre Arborium, ainda
vai descobrindo aos poucos as suas
origens, assustado com a dimensão que seus poderes podem ter.
Em Floresta dos Corvos, fica claro também que seu autor é,
definitivamente, um apaixonado pela natureza e pelas árvores, um sentimento
refletido nas atitudes do protagonista e na própria narrativa, que exalta as
qualidades destes seres vivos de um ponto de vista particular. Contrariando a
racionalidade da evolução, as árvores de Arborium comportam todo o peso de uma
nação, além de algumas produzirem gás em sua seiva para espantar os visitantes
indesejados e as possíveis ameaças à última ilha imaculada da tecnologia
incontrolável do homem.
Acima de tudo, com sua aventura repleta de fantasias, os
diálogos ingênuos entre as personagens e uma mensagem de esperança ao meio
ambiente, Floresta dos Corvos é um livro ideal para os jovens leitores,
sonhadores e àqueles que simplesmente procuram por uma dose de pureza e
bondade.
Informações técnicas
Título: Floresta dos
Corvos
Título original: Ravenwood
Autor: Andrew Peters
Tradução de: Raquel
Zampil
Editora: Intrínseca (cedido em parceria)
Número de páginas: 381
ISBN:
978-85-8057-251-3
Gênero: Ficção
inglesa
Andrew Peters tem mais de dois metros de altura e desde criança escala suas árvores preferidas. Ou seja, Floresta dos Corvos está em desenvolvimento desde então. Autor de mais de sessenta livros, também gosta de squash e fotografia. Ele mora em Shropshire, no oeste da Inglaterra, com a mulher e os dois filhos.
Um bom feriado a todos!
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