25 janeiro 2013

Como salvar uma vida, de Sara Zarr

Lendo Como salvar uma vida, esperava algo menos tocante, algo que mexesse menos comigo, não esperava que esse livro fosse me conquistar assim, aos pouquinhos. Lentamente. Como quando comemos alguma coisa saboreando cada pedacinho dela. Foi assim que Como salvar uma vida ficou na minha cabeça. Diversas vezes durante a leitura parava de ler, olhava para o livro e absorvia lentamente as informações. Pensando nos fatos, repensando neles. Mandy e Jill me conquistaram.

Em Ohama, vive Mandy, uma adolescente de 18 anos, grávida e sozinha no mundo. Sua mãe é uma mulher promíscua e alcoólatra, que tem uma filosofia de vida um tanto quanto antiquada e machista. Saindo de sua própria boca, Mandy só atrapalhou sua vida. Vivendo em uma realidade totalmente diferente, temos Jill, uma pessoa que não pode reclamar nem de longe da vida que leva, já que tem tudo. Menos seu pai. E aposto que ela trocaria tudo por isso. Por fim, temos Robin, a mãe de Jill que tem seu coração partido após a morte do marido, tanto quanto Jill.

Em Denver, o mundo de Jill perdeu as cores para ela. Nada é mais a mesma coisa. Nada mais é igual. Mac levou um pedaço de Jill junto com ele quando morreu. Lidar com o luto nunca é fácil, muito menos quando se trata de alguém muito próximo a você. Mac e Jill eram inseparáveis e se amavam incondicionalmente. A perda a bruta de Mac não é fácil, muito menos quando Robin decide adotar uma criança. O filho de Mandy. E é esse o ponto em que as duas histórias se misturam, se encontram.

Mandy acha que Jill é, de certa forma, ingrata, acha que se tivesse Robin em sua vida e a condição que elas têm não teria do que reclamar. É uma vida de sonho. Jill desconfia de Mandy, acreditando que talvez só queria se aproveitar da bondade de Robin. Duas adolescentes terrivelmente abaladas emocionalmente e duas adolescentes que buscam algo que perderam, ou que nunca tiveram: amor.
"Às vezes é melhor que as pessoas achem que você é estúpida ou que não se importa." - Mandy
A narrativa do livro é revezada entre Mandy e Jill. Uma das coisas legais da edição do livro é que a fonte muda conforme quem está narrando, assim fica mais fácil se você "se perder". Cada uma sofre a seu modo, cada uma digere suas dúvidas, pensamentos e inseguranças de seu modo. Sara Zarr foi tocante. Gostei do livro e quase chorei diversas vezes. Acho que eu me sentia como elas, ou tentava entender o que as duas estavam sentindo. Não deve ser fácil. Mandy e Jill me mostraram o quanto é possível alguém se fechar para o mundo e, ao mesmo tempo, o quanto é possível, mesmo após isso, alguém voltar a acreditar. A ter fé e esperança.
"O luto tem tantas partes. Partes tristes, partes de ira, partes de culpa, partes de arrependimento, e partes que representam certo tipo de dor que não tem nem uma palavra pra expressá-la." - Jill
Adoro a capa do livro. É nostálgica, triste, deprimente, esperançosa, solitária e especial. Como vocês podem ver na imagem acima. Acho legal a marca de pegadas na areia. Faz você pensar em quem estava lá antes, no banco, sobre quem chegou depois e porque essas pessoas estavam sozinhas. Gosto da capa, gosto do livro, gosto da Mandy e da Jill. Acho que Sara Zarr acertou certinho na criação de seus personagens. Ela não hesitou em moldá-los para dar a impressão de que conhecemos eles como conhecemos a nós mesmos.

E aí, vocês vão querer conhecer a Mandy e a Jill?


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