20 janeiro 2013

Os meus autores do coração


Ainda que alguns leitores se recusem a escolher um livro ou um autor predileto pela extensa variedade com a qual a Literatura nos presenteia, sou da crença de que, mesmo que muito internamente, todos tenhamos os nossos favoritos.

Pensando nisso, resolvi trazer neste domingo, para vocês, uma pequena lista de 6 autores que admiro  com todo o meu senso crítico e, principalmente, com o coração. Porque, venhamos e convenhamos, algumas palavras vão muito além daquilo que a superfície expressa.

1. Machado de Assis
Vocês provavelmente já se cansaram de me ouvir parafraseando Machado de Assis por aqui. Mas eu, como tantas outras pessoas no Brasil e no mundo, não consigo deixar de achar a escrita do autor genial a cada novo romance, a cada novo conto e crônica. Suas palavras complicadas e seu estilo rico em intertextualidade, que muitas vezes assustam os leitores jovens, causam em mim um encanto semelhante ao de Capitu em Bentinho. Aprecio muitíssimo também os recursos estilísticos ousados dos quais se utilizava, em pleno século XIX, para falar diretamente com seus leitores. E a ironia, ah, a ironia machadiana! Isso sem contar o fato de que para um mulato, numa sociedade fluminense arraigada de preconceitos, era inimaginável vir a se tornar o maior nome da Literatura no Brasil.
Livro predileto: Dom Casmurro
Conto predileto: A Missa do Galo
Vale a leitura: Helena. Um romance que, apesar de pertencer à sua fase romântica, tenho em alta estima pela escrita melancólica e adorável.
"Está morto: podemos elogiá-lo à vontade."
Machado de Assis
2. John Boyne
A cada vez que descubro um novo livro de John Boyne, fico extremamente ansiosa para outra vez viajar pelo universo de suas palavras e de suas personagens apaixonantes, sensíveis e de quebrar o coração. Um dos grandes destaques do autor é a fluidez com a qual suas tramas são guiadas, sempre repletas de lembranças e de um riquíssimo contexto histórico que, por sua vez, se mistura à ficção, ao romance e, claro, ao drama.
Livro predileto: O Palácio de Inverno
" [...] mas alguns momentos daqueles anos, daqueles primeiros anos, permanecem e ressoam em minha memória. E se tardam como sombras nos corredores escuros da minha mente que vai envelhecendo, mostram-se ainda mais vívidos e notáveis por jamais poder ser esquecidos. Mesmo que eu logo o seja."John Boyne
3. Lygia Fagundes Telles
Lygia é, ao meu ver, um nome do qual a Literatura contemporânea deve se orgulhar. Mais conhecida pelos seus contos que por seus romances, a autora redige textos repletos de melancolia, que permitem interpretações ambíguas e contam com os melhores finais que já tive a oportunidade de ler. Parece besteira, contudo, aprendi a reparar em inícios e conclusões de contos através da habilidade da autora. Indubitavelmente, com o impacto que estas duas partes trazem, pode-se perder ou conquistar um leitor. Lygia, é claro, me conquistou.
Conto predileto: Apenas um Saxofone
"Solução melhor é não enlouquecer mais do que já enlouquecemos, não tanto por virtude, mas por cálculo. Controlar essa loucura razoável: se formos razoavelmente loucos não precisaremos desses sanatórios porque é sabido que os saudáveis não entendem muito de loucura. O jeito é se virar em casa mesmo, sem testemunhas estranhas. Sem despesas." Lygia Fagundes Telles
4. Carlos Ruiz Zafón
 Considero arrogância humana dizer que alguém nasceu para fazer algo, mas abro uma exceção para dizer de boca cheia que Zafón, definitivamente, deve ter nascido para escrever. Entre tantos adjetivos para descrever seu texto, destacaria envolvente. Com um estilo deveras sombrio, melancólico e cheio de personagens que possuem ricas histórias em seu passado, seus livros são dotados de tramas que se destrincham lentamente, abrindo espaço para outros mistérios e entrando muito silenciosamente no coração do leitor.
Livro predileto: A Sombra do Vento
"O coração da fêmea é um labirinto de subtilezas que desafia a mente grosseira do macho trapaceiro. Se quiser realmente possuir uma mulher, tem de pensar como ela, e a primeira coisa é conquistar-lhe a alma. O resto, o doce envoltório macio que nos faz perder o sentido e a virtude, vem por acréscimo."
Carlos Ruiz Zafón
5. Gabriel García Márquez
O que tenho por Gabito é uma admiração inenarrável, presente em mim desde antes de sequer ter tido a oportunidade de ler um livro dele. O estilo completamente diversificado do autor colombiano, responsável por lhe render o Nobel de Literatura, talvez não agrade a todos, mas tem algo de místico e de real, simultaneamente, que me foi irresistível desde o princípio. Isso sem contar as várias personagens inesquecíveis (várias mesmo) que surgem em suas histórias e se estendem a outros livros.
Livro predileto: Cem Anos de Solidão
"Não sinto nada mais ou menos, ou eu gosto ou não gosto. Não sei sentir em doses homeopáticas. Não me importa o que é de verdade ou o que é mentira, mas tem que me convencer, extrair o máximo do meu prazer e me fazer crer que é para sempre mesmo quando eu digo convicto que nada é para sempre."
Gabriel García Marquez
6. Libba Bray
De Libba Bray li apenas a trilogia Gemma Doyle, também muito famigerada aqui no blog, mas os três livros foram suficientes para que eu nutrisse um enorme carinho por tudo aquilo que a autora escreve. Mesmo que seu público-alvo seja juvenil, há em suas narrativas um inquestionável toque sombrio, grande sensualidade (que não se confunda com erotismo ou sexo a todo o tempo), questões polêmicas da vida (como abuso em meio familiar, homossexualidade, drogas) e fantasia suficiente para fazer a nossa já fértil imaginação de leitores ir além.
Livro predileto: Belezas Perigosas
''O mundo espera aqueles que querem ver. Parece muito mais do que um ditado. E talvez seja. Talvez seja uma esperança."
Libba Bray
E os seus autores do coração? Quem são?

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