02 fevereiro 2013

O primeiro ano do resto de nossas vidas


Foi exatamente com essa frase que meu pai se referiu aos anos que estão por vir. Parece-me que é o nome de um filme da década de 80 e, neste caso, caiu bem para nomear as experiências pelas quais passarei num futuro não tão distante. Com certo impacto e aquele papo metalinguístico já comum entre nós, achei que daria para título. Explico adiante.

Como já falamos em várias retrospectivas, 2012 foi um ano que marcou. O que é também uma observação meio hipócrita de nossa parte, pois cada ano que se passa deixa conosco memórias e arrependimentos distintos: as tais das marcas. Diria que, para mim, no entanto, foi decisivo, sendo curta e grossa. Um ano que trouxe consigo o final do Ensino Médio, a reaproximação de uma turma que há certo tempo já estava dividida, confirmou decisões e exigiu muita maturidade. Seja na dedicação integral aos estudos, nas renúncias ao descanso, na percepção de que era chegado o momento de virar adulta - ainda que cedo - ou na aceitação das tantas frustrações e perdas ao longo do caminho. Caminho longo este, aliás.

Mas o ano acabou, o blog comemorou seu segundo aniversário e 2013 bateu em nossas portas com as mesmas belas promessas de todos os outros anos. Na minha, entretanto, trouxe consigo uma conquista com um gosto estranho de novo, de medo e de pura alegria. Como muitos já devem ter lido em meu perfil, sou de Santos, litoral de São Paulo, e morei ao longo de toda a minha jovem vida na região. Neste ano, entretanto, após obter a minha classificação na Unesp, estou indo morar a 400 e tantos quilômetros daqui para estudar em Bauru. Aos 17 anos, all by myself. Porque quero muito estudar Jornalismo e sinto que, ainda com todas as inconveniências, será o caminho certo.

E tudo isso soa de maneira muito estranha agora. Essa solidão repentina que vai chegar, uma hora ou outra, como chegou para todos os Buendía de Gabriel García Márquez, essa sina de universitário que encontra nas festas toda a companhia que deixou de ter por horas, como também este texto que redijo agora, tentando expressar toda a complexa gama de emoções. Porque juntamente com essa fase, tenho certeza de que virão muitas obrigações e desafios, além de uma falta de tempo ainda maior que a de sempre. Perguntaram-me, então, como ficaria o blog. Pensei, pensei bem. E cheguei à conclusão de que, em nome de cada coisa boa e momento alegre proporcionado, o blog vive.

Lembrei-me então de 2010, quando essa ideia louca chamada Na Parede do Quarto entrou em minha mente. Quando aparentemente era apenas mais um blog falido de poesias daquela Ana tão cheia de espírito, aos 14 anos. Pensei que, com o esforço e o prazer crescente de ver aqueles pequenos números aumentarem, talvez a sorte desta página tenha se revertido. E como eu torci por cada novo sucesso no blog! Mudei os padrões, apanhei para mexer em HTML, cheguei de intrusa nos meios que queria atingir  conversando com gente grande de igual para igual, desenvolvendo um caráter crítico e deixando muita coisa para trás. Percebi que - aos poucos - de comentário em comentário, a cada novo seguidor que aparecia em minhas páginas pessoais me dando um alô, naquele feedback enorme e inesperado de um texto descompromissado, naquela carta escrita com tanto carinho, nas madrugadas passadas em claro e nas recusas de sair com os amigos para publicar uma postagem, enfim percebi que o blog já era uma parte de mim. Uma parte importante, cheia de responsabilidades, boa e grande demais para ser deixada para trás.

Então digo a vocês que fico. Porque assim, meio subjetivamente (bem subjetivamente), o blog também me ensinou a gostar da ideia de querer ser jornalista. E agora eu estou correndo atrás deste meu grande sonho, indo realizá-lo, que é o que tenho feito desde o começo disto, com essa parte de mim bem viva. Podem esperar que, a partir de agora, mesmo com todas as dificuldades e as eventuais faltas de tempo, darei um jeito de o blog continuar a dar certo. O primeiro ano do resto de nossas vidas chegou, enfim.

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