21 fevereiro 2013

Por que ler Literatura Clássica

Foto: We Heart It/ Eterno Encanto
Frequentemente, no blog, me deparo com comentários de leitores que falam a respeito de uma das minhas paixões literárias: os clássicos. Muitos questionam e alegam não conseguir um real envolvimento com suas histórias. Outros, também, não menos comuns, às vezes acham que seja uma questão de maturidade. Algo que siga uma linha de raciocínio semelhante a esta: os clássicos são feitos para os mais velhos, os juvenis, para os adolescentes e os infantis, claro, para as crianças.

Como blogueira e leitora, não teria a ousadia de negar a ordem natural dos fatos, mas também sou crente e uma prova de que, em se tratando de maturidade literária, os anos podem ser bem relativos. De uma forma meio precoce para uns ou apenas interessante para outros, introduzi a Literatura Clássica em minha vida com cerca de 13 anos. E não por obrigação, como é de costume que seja, porém, por pura curiosidade em saber sobre o que tanto falavam meus professores e grandes expoentes culturais brasileiros, na televisão e em revistas. Acredito que tenha sido até mesmo vontade de ler catálogos literários ou notícias a respeito do assunto nos quais eu pudesse reconhecer aqueles tantos títulos e autores pródigos. Se me perguntassem se já tinha lido algo de Robert Louis Stevenson, por exemplo, por mais que não o tivesse feito, saberia reconhecer as obras que o tornaram famoso e, quem sabe, uma parte de sua história.

Esta curiosidade também foi alimentada quando li um título da L&PM Pocket no qual, nas últimas páginas, havia cerca de 600 nomes de livros publicados pela editora (fã dos bons clássicos) e apenas uns 40, naquele meio, que eu pude reconhecer. Daí até a indignação total de alguém que se considerava uma ávida (e muito jovem) leitora, foi um curto passo. Logo passei a me aventurar pelas palavras de Júlio Verne, Machado de Assis, José de Alencar, William Shakespeare, Miguel de Cervantes, Alexandre Dumas, Voltaire, Camilo Castelo Branco, Emily Brontë, Jane Austen, Leon Tolstói, Vladimir Nabokov, Edgar Allan Poe, Patrick Süskind e mais uma boa galera (para não perdermos a jovialidade) que estava em alta estima com a high society literária. Tempos de boas experiências, outras nem tanto, contudo, necessárias e enriquecedoras, de alguma forma.

William Shakespeare | Foto: Correio Democrático
Abaixo, então, seguindo até algumas sugestões que já me haviam sido feitas, deixo uma lista com 7 motivos pelos quais você, como leitor ainda meio arisco em relação aos clássicos, deveria tentar lê-los:

1. Porque eles são, de uma forma ou de outra (por mais que você tente fugir ou negar), a origem de toda a Literatura com a qual somos contemplados hoje.
Observa-se daqui que, quando passamos a lê-los, é constante que reconheçamos, em obras modernas, a sua inspiração. Simplesmente porque o clássico é o alicerce do moderno, mesmo do vanguardista que, ao tentar romper com a forma, acaba, ainda assim, se prendendo a alguns modelos do passado.

2. Porque a Literatura Clássica costuma abranger um rico contexto histórico e, consequentemente, se torna também uma experiência enriquecedora.
Em Anna Karenina, por exemplo, Tolstói apresenta ao seu leitor a conturbada situação política da sociedade russa à época. Nos livros de Machado de Assis, apesar de a obra constantemente estar no íntimo de seus anti-heróis, é visível a crítica ferrenha que o autor faz à sociedade carioca no período imperial. E quer mais que Literatura e História unidas e inseparáveis? =P

3. Porque você enriquecerá o seu vocabulário, tenha certeza quanto a isso.
Mas, Ana, eu não consigo ler esse tipo de livro sem um dicionário ao lado! Fico desmotivado... Acredito que, neste caso, seja apenas uma questão de costume. Até porque, como já mencionei em um vídeo feito para o blog, os vocábulos - por mais arcaicos e esquisitos possam parecer - normalmente se fazem compreensíveis pelo contexto. É claro que haverá uma ou outra palavra que causará polissemia e aí, sim, você acabará recorrendo ao pai dos burros. Mas é também uma questão de manha e adaptação. Só com José de Alencar é que demora um pouco para surtir efeito... hahaha

José de Alencar | Foto: Lit. Helena Kolody
4. Porque, conforme você criar o costume de ler clássicos, eles logo se tornarão livros como outros quaisquer.
E é claro que sempre foram e serão, no entanto, mais uma vez, o tal do hábito fará com que o gênero, em leituras futuras, deixe de ser um bicho de sete cabeças.

5. Porque a sua paixão por Literatura, normalmente, após a leitura de bons clássicos (um conceito relativo, claro), só tende a aumentar.
Creio que, quando nos aprofundamos no cerne de toda a obra literária, a tendência seja a de haver uma identificação maior com a arte das letras e um conhecimento muito mais amplo a respeito dela, por sua vez.

6. Porque clássico deixa de ser tabu também.
E você certamente terá mais liberdade para falar a respeito deles com amigos leitores ou professores de Literatura, quem sabe, sem aquele medo constante de estar falando besteira ou de não ter compreendido a obra como deveria.

7. Porque, acima de tudo, você não tem a obrigação de gostar de todos eles e, só por poder conhecê-los, certamente já passará por grandes experiências.
Neste caso, o motivo vem da mania que algumas pessoas têm de achar que todos os clássicos mereçam ser aclamados, festejados e eternamente amados. O que é um grande equívoco, já que, como com qualquer outro livro, não existe nenhuma obrigação de achá-los fantásticos. Tem gente que gosta, gente que odeia, que adora, e por aí vai...

Os clássicos da L&PM Pocket | Foto: L&PM Blog
Curiosidades sobre minhas leituras clássicas
- Detestei Machado de Assis na primeira vez em que tentei ler Dom Casmurro. Quando peguei o livro outra vez, todavia, consegui concluí-lo em um dia e saí devorando uma boa parte da obra do autor. Hoje, como vocês bem o sabem, ele é meu favorito entre todos os favoritos.
- Gostei muito de Senhora (José de Alencar), embora tenha achado a escrita da obra extremamente complicada à época. Achei que Iracema foi um porre, por outro lado.
- Não gostei de um livro sequer que li de William Shakespeare (das peças de teatro), mas adoro seus sonetos.
- Voltaire é meio pé no saco, ao meu ver.
- Sou incapaz de ler Clarice Lispector, com o perdão pela metonímia. Mas ela nem é clássica e isso foi só um desabafo.


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