29 março 2013

Adeus, por enquanto, de Laurie Frankel

E se o amor continuasse além da vida?

Adeus, por enquanto é um livro um tanto quanto excêntrico: ele nos traz uma realidade fictícia, onde é possível, de certo modo, conversar com as pessoas que já faleceram. Já imaginaram como seria discutir sobre assuntos cotidianos com a sua falecida avó? Ou com o seu falecido filho? A ideia, é, de fato, extraordinária e incomum. Contudo, essa é a situação com a qual se depara Meredith, cuja a falecida vó ainda a chama para conversas no Skype.

Esse é um dos tipos de livro dos quais, se eu ficar aqui contando uma sinopse ou tentando dar uma ideia geral da história, acaba perdendo a graça. Então, não contarei a vocês mais do que já disse aqui. Hoje a situação é um pouco fora do habitual. Assim, o resto da resenha será mais voltada às minhas impressões e opiniões sobre o livro.

De início, esperava um P.S.Eu te amo com mais tecnologia, mas estava errada. O livro está longe de ser isso. Essa leitura nos faz refletir sobre o luto, sobre como as pessoas em luto o encaram, sobre como as pessoas ao redor delas agem e tudo que o luto nos proporciona. Perder uma pessoa amada não é fácil, normalmente a pessoa ainda é bem viva em nossa memória e é tão difícil se desapegar e seguir em frente... A maioria das culturas impulsionam as pessoas de luto a seguirem em frente. Só que cada um tem seu tempo. Cada um tem direito ao seu momento de luto. Agora, imagine se pudéssemos dizer todas as coisas não ditas? Acertar o pontos e relembrar o passado de uma forma mais viva do que a morte em si?

Julguei errado esse livro. Julguei que a leitura ia tomar um rumo que não tomou. Julguei o foco da história diferentemente. O livro é uma história de perda, superação, impacto da morte nas pessoas e na sociedade. É engraçado até se pararmos para pensar, desde sempre sabemos que todos morrerão algum dia, e ainda sim, quando chega tal momento, não nos conformamos e sempre achamos que o luto é algo que pertence somente ao vizinho, nunca a nós. Sendo que, na realidade, todos perdem entes amados. Alguns lutos são mais difíceis que outros. Algumas mortes nos pegam mais desprevenidos.
"Uma pessoa não é um evento - pessoas não 'acontecem'. Você não é a melhor coisa a acontecer comigo. Você é a melhor coisas a acontecer no universo. Você é a melhor coisas que existe ou que já existiu. Eu nem sabia que existia felicidade como essa."
Adeus, por enquanto me surpreendeu no fim e no meio. O começo também foi uma surpresa, porém gostei mais do livro após a segunda parte (sendo o livro dividido em três partes). Uma leitura gostosa, tranquila e curta. Uma das coisas das quais gosto em livros são de capítulos curtos, o que fez com que esse livro ganhasse pontinhos comigo nesse quesito. Não foi uma leitura que entrará para meus favoritos, mas foi memorável. Fez com que eu refletisse e pensasse muito sobre a morte e como ela é algo duro de se superar. Um tipo de livro que, dependendo de como ele te pegar, vai fazer você até chorar. Chorar por compreender os sentimentos, por saber como é. Quem nunca perdeu alguém, afinal?

Karine Pestana

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