20 abril 2013

Desculpa, quero me casar contigo, de Federico Moccia

Aos desavisados, Ana Beatriz evitou dar spoilers do livro que precede este resenhado hoje.

Federico Moccia é um daqueles autores românticos até o último fio de cabelo. Suas histórias trazem, numa narração às vezes lírica, contos de amores quase que inabaláveis. Amores vividos com intensidade, de forma bela e sincera. Melosa também, por que não? Com Desculpa, quero me casar contigo, continuação de Desculpa se te chamo de amor, as coisas não poderiam ter sido diferentes. Talvez apenas um pouco mais complicadas, quem sabe.

Após viverem real idílio em uma paradisíaca ilha italiana, no auge de sua paixão, Alex e Niki acabam fadados à mesmice do cotidiano. Ela está na universidade e ele, por outro lado, atravessa um bom momento de sua carreira como publicitário. O relacionamento dos dois, no entanto, ainda que bem, parece necessitado de um novo fôlego, de outra empreitada. Também as Ondas - Olly, Diletta e Erica - melhores amigas da protagonista, enfrentam uma nova fase. No limiar entre a rebeldia da juventude e a consciência da maturidade, seguem adiante com seus amores, desamores e todas as descobertas que, de uma hora para outra, podem mudar abruptamente suas vidas.

Entre as tantas mudanças que senti à inevitável comparação entre os dois volumes desta "série", destacaria facilmente o comportamento das personagens. A Niki do primeiro livro, meio imatura e completamente menina, aos seus 17 anosestá mais adulta em Desculpa, quero me casar contigo. Por diferentes motivos, sente que é o momento para ser madura e mulher. Alex, por outro lado, ao mesmo tempo em que exala a uma paixão quase incondicional, também mostra certos aspectos de insegurança, meio menino diante da companheira que se exibe em uma nova fase. Gosto especialmente da forma com a qual o escritor soube lidar ao criar um triângulo amoroso na trama - ou algo próximo disso. Não tão artificial quanto tudo que vemos com certo cansaço por aí. 

Sou o Raoul Bova lindo e interpreto o Alex | Fonte: Movie Player
Neste segundo livro, aparentemente, é o tempo das grandes decisões. De dar passos maiores que as próprias pernas, de deixar uma situação de conforto para se aventurar por outros mares mais turbulentos, de ponderar sobre a verossimilhança de sentimentos que, não há muito tempo, pareciam absolutos. Moccia mostra, assim, de maneira muito sutil, o quão fragilizadas algumas ligações podem estar pela ação do tempo. Acima de tudo, que é necessário um esforço conjunto para que o amor se fortaleça a cada prova à qual é submetido. E para a felicidade ou infelicidade de alguns, neste livro do qual falamos, são muitas as provas.

Enquanto Desculpa se te chamo de amor era uma história sobre a descoberta do amor de maneira plural, atingindo quase todos de maneiras distintas e não menos intensas, Desculpa, quero me casar contigo fala de desgaste, redescoberta, mas, principalmente, sem negar o romantismo presente nas obras de Federico Moccia, de renovação.

E sem negar também o estilo do autor, tem-se aqui um livro cuja leitura flui de maneira fácil, com bons jogos de palavras e algumas empreitadas românticas um pouco "bregas" para os mais pessimistas. Com novos personagens, muita intertextualidade e diálogo com outras obras (as letras de música e os trechos de filme fazem toda a diferença nas reflexões pessoais de cada personagem), Desculpa, quero me casar contigo segue a fórmula de sucesso de seu antecessor, chegando mesmo a lembrar uma comédia romântica, porém faz com que a gente suspire e, ao fim, sinta uma saudade inevitável de suas personagens tão apaixonantes e tão apaixonadas de sempre.
" A todos que amam, amaram e amarão. Aos barcos que navegam e aos portos de escala, à minha família, a todos os meus amigos e aos desconhecidos: esta é uma mensagem e um pedido. A mensagem é que minhas viagens me ensinaram uma grande verdade: eu já tive o que todos buscam e só uns poucos encontram, a única pessoa deste mundo que eu estava destinada a amar para sempre. Uma pessoa rica de simples tesouros, que fez a si mesma e que aprendeu por conta própria. Um porto onde me sinto em casa para sempre e que nenhum vento ou dificuldade conseguirão jamais destruir. O pedido é que todos possam conhecer esse tipo de amor e que ele os cure. Se meu pedido for ouvido, desaparecerão para sempre todos os lamentos e as culpas, e acabarão todos os rancores."
p. 318 - Trecho do filme "Uma Carta de Amor" citado no livro

Informações técnicas
Título: Desculpa, quero me casar contigo
Título original: Scusa ma ti voglio sposare
Autor: Federico Moccia
Tradução de: Sandra Martha Dolinsky
Editora: Planeta
Número de páginas: 413
ISBN: 978-85-7665-561-9
Gênero: Romance italiano

Federico Moccia é um dos fenômenos editoriais mais impressionantes dos últimos tempos. Seus romances são uma referência indiscutível para o público jovem que se identifica com sua maneira de escrever atual, autêntica e incrivelmente romântica. Federico Moccia é um dos autores de maior sucesso entre o público jovem.
Os dois livros já se tornaram filmes.



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