06 outubro 2011

Julieta Imortal, por Stacey Jay

Título: Julieta Imortal
Título original: Juliet Immortal
Autora: Stacey Jay
Tradução de: Patrícia Dias Reis Frisene
Editora: Novo Conceito* (parceira-cortesia)
Número de páginas: 237
ISBN: 978-85-63219-57-2
Gênero: Romance; Literatura norte-americana
PRÉ-LANÇAMENTO!

Julieta Capuleto não tirou a própria vida. Ela foi assassinada pela pessoa em quem mais confiava, seu marido, Romeu Montecchio, que fez o sacrifício para assegurar sua imortalidade. Mas Romeu não imaginou que Julieta também teria vida eterna e se tornaria uma agente dos Embaixadores da Luz. Por setecentos anos, Julieta lutou para preservar o amor e as vidas de inocentes, enquanto Romeu tinha por fim destruir o coração humano. Mas agora que Julieta encontrou seu amor proibido, Romeu fará de tudo que estiver ao seu alcance para destruir a felicidade dela. 
"Para que serve a imortalidade, quando o amor é tão frágil e nenhuma vida humana tão longa?"  
É em um clima completamente romântico, dos pés à cabeça, que iniciamos a leitura de Julieta Imortal, um livro meigo, que traça uma analogia à obra shakesperiana, conhecida por provavelmente todos os seres humanos, Romeu e Julieta.

Agora, venhamos e convenhamos, manipular um clássico, o clássico dos clássicos ao seu bel prazer não é realmente a tarefa mais fácil que existe. Ainda mais quando essa mesma história será incorporada a uma de temática jovem, com seus principais padrões completamente alterados. Imagine que, sim, Romeu e Julieta  casam-se e até amam-se. Porém, uma espécie de deslumbramento toma conta do "mocinho" que o leva a condenar a vida da adorada Julieta Capuleto à morte em troca de sua imortalidade e de um futuro melhor para ela, que ficaria desmoralizada na sociedade, tendo aceitado um casamento proibido, desvirginada. Sente como é doce o amor? Pois é... Até dói. Imagine também que esse final trágico, pouco romântico, os tenha levado a fazer parte de dois grupos poderosos, com vidas bem mais longas que as de qualquer ser humano. Romeu, com a missão de partir corações, entra para os frios, de aura negra, Mercenários. Julieta, em contrapartida, com a missão de unir as almas gêmeas, torna-se um dos seres de aura dourada, supostamente bondosos, os Embaixadores da Luz. Duas almas que alojam outros corpos e vagam pelos séculos, sete séculos, enfrentando-se para ou manter ou para destruir o amor. Amantes? Certamente que não. Rivais? Com muito afinco.

Ao início, achei estranha, completamente estranha, toda essa "viagem" com os mocinhos do romance mais famoso de todos os tempos. Pensei até que poderia ser um insulto à memória do mais que póstumo Shakespeare em alterar tão drasticamente os caminhos de suas criaturas com uma temática muito semelhante à do livro mais recente de Stephenie Meyer, A Hospedeira. Ainda que não tenha lido integralmente este último, foi simplesmente inevitável compará-los. Também neste volume,  Julieta começa com sua alma residindo um novo corpo, o de Ariel, uma mocinha introvertida e amargurada com a qual a protagonista compartilhará memórias e sentimentos. Muito perto dela, Romeu tem Dylan como hospedeiro, um rapaz que apostou com os amigos que seduziria Ariel, a Esquisita,

Após uma briga violenta entre os rivais seculares, Julieta vai parar no carro de Ben, um rapaz jovem para o qual pediu socorro antes que seu "amado" a encontrasse e a matasse novamente, como tinha ocorrido na verdadeira tragédia. E é então que o livro começa, com o verdadeiro mocinho encantador vindo do México, zeloso por aquela menina louca que se jogou na frente de seu carro, tão necessitada de auxílio e, ao mesmo tempo, tão incrivelmente forte. Paixão à primeira vista? Acho que coube bem, no caso. Impossível não se deslumbrar com a gentileza e a preocupação de um desconhecido que lhe salva sem pedir nada em troca.
"- E não deixarei ninguém mais machucar você. Prometo - seus dedos acariciam meu rosto.
Sei que deveria me mover. Deveria abrir a porta e sair dali antes que o momento esquentasse, mas não consegui. Por alguma razão... não consigo. Estou perdida nele, na paixão de seus olhos, na suavidade do seu toque, na certeza de suas palavras."
A complicação do enredo? Não é apenas uma... Fato um: pela primeira vez em muito tempo, Julieta não consegue se comunicar com a Enfermeira, a superiora da ordem dos Embaixadores da Luz. Ela está sozinha no mundo, assumindo o controle da vida de Ariel, totalmente perdida. Fato dois: parece que Romeu também está, e vai pedir a ajuda daquela que o tempo lhe fez rival. Fato três: ao que tudo indica, a protagonista terá que unir Gema, melhor amiga de Ariel, ao rapaz supostamente "amado", sua alma gêmea. O único problema é que Julieta descobre-se perdidamente apaixonada pelo mesmo.

Tudo acontece muito rapidamente na história e, às vezes, é difícil de acompanhar o ritmo frenético, as paixões repentinamente eternas. A própria protagonista, narradora, à exceção de alguns raros trechos de Romeu, apresenta uma mudança de pensamento, no mínimo, esquisita, ao longo do livro. Achei-a irritante em algumas partes, extremamente frívola, boba, falando coisas que simplesmente não precisavam estar ali.Descrições desnecessárias, muito supérfluas, especialmente quando começava a falar de almas gêmeas. "Não posso ficar com ele, não somos almas gêmeas". Ou, "Romeu é minha alma gêmea e eu o odeio, ÓÓÓÓ". Romeu também é inconstante. Em alguns momentos, ama a moça. Em outros quer matá-la e debocha de tudo. Ambos acabam mudando bastante no final, felizmente.

Algo que, se comparado a outros fatos, não tem tanta importância e, ainda assim, acabou me cativando, foi a forma com a qual a moça tentou ajudar Ariel, reaproximando-se da mãe da menina após tantos anos ressentida e temerosa de desagradar a filha; fazendo-a enxergar, com o auxílio de Ben, que as cicatrizes por um acidente deixadas em seu rosto não a tornavam feia; reatando a amizade com o turbilhão que é Gema, tentando ajudá-la acima de tudo, de seus próprios sentimentos.

Se o decorrer da obra não me fez morrer de amores por alguns fatos importantes que foram deixados para trás, dando a impressão de terem sido "atropelados" pela paixão da história, creio que a conclusão tenha vingado em muito o que considerei uma história bonitinha, mas muito surreal por vezes. Impossível não darmos aquele sorriso bobo de quem consagrou o casal que se formou em apenas dois dias; não torcermos para que dê tudo certo para Ariel, a Esquisita e sua amiga Gema, sua mãe, Melanie; não desejarmos que, em algum momento, Romeu e Julieta ainda sejam Romeu e Julieta, eternizados pelas eras.

Recomendo o livro aos mais românticos, que certamente vão adorá-lo. Uma visão muito distinta, mas não menos interessante da obra shakesperiana e de que, acima de tudo, a pessoa amada não é necessariamente a sua alma gêmea. Ame uma, duas, três vezes na vida como se fosse a última!

Avaliação Geral:
Nota 3 de 5 (Bom)

Uma boa quinta-feira a todos,

17 comentários:

Bruno disse...

Tô com o livro em casa mas tenho uns 15 na frente D: Vou tentar ao máximo passa na frente, haha.
Eu li a versão de Shakespeare, e sinceramente, eu não gostei, um melodrama enorme, mas né, gosto é gosto. Mas vá que eu me de bem com Julieta imortal?

Tu tem uma carinha de ser "mais romântica" mas deu só 3 cupcakes, siuahuisa, meus olhos me enganaram!

Anônimo disse...

Caracas! Que resenha é esta? Super Boa! Deu a opinião, mostrou um pouco da história sem metralhar 100 spoilers por hora. Excelente.
Ainda não li o livro, ele está na minha lista! Sou fã de R & J e esta versão me interessa muito.

Luana disse...

Uau! Que reviravolta! Rs
Pela sua opinião o livro parece ser bom, mas como você disse, vai interessar mais aos mais românticos rs Eu mesma não costumo ler livros de romantismo, mas tem uns que valem a pena ;) Atualmente estou lendo um livro (q não tem nada a ver com romantismo rs ) : 'O estranho misterioso' conhece? Pra quem gosta de um bom mistério é recomendadíssimo!



Muito boa resenha, Ana.

Evellyn disse...

Bom ler sua resenha.. só tinha lido uma outra e a menina amou o livro, não citou esses pontos negativos que vc citou.. Bem, eu tb não gosto mt dessa coisa de olhou amou ou mudanças drásticas de comportamento mt repentinas mas as vezes nos livros elas se tornam razoaveis pq é um livro e tem aquele tempo para desenvolver toda a historia né? Diferente de uma novela na tv e tal...
Não me considero romantica na vida, mas nos livros eu costumo gostar de um mimimi! Hahah

Espero gostar!

bjs
Hey Evellyn!

Entre Fatos & Livros disse...

OIii! Que saudades de vcs!

Aff! Estou doida para meu livro chegar!! Tb qro ler!

Eu não li Romeu e Julieta, mas claro que conheço a história. Será bom ler esse livro. Eu amo clássicos e ele tem toda a cara de um, né. Vou ler de coração aberto e espero aproveitar as partes boas. E estou feliz por vc considerar que o livro tem um bom desfecho. Já ganha pontos comigo! Adoro bons finais!

BjoO
Pri
Entre Fatos e Livros

Unknown disse...

Já vi o livro, mais não pensei que fosse desse jeito, mais mesmo assim me surpreendeu. AMEI^^
E ótima resenha :)
Já estou seguindo o blog! Muito lindo, ele.. Super fofo *-*

Beijos:*
Natalia.
http://musicaselivros.blogspot.com/

*♡* Jane Dos Anjos *☆* disse...

Uau Ana, falando assim, tão intimamente de um livro, fique curiosa, vc nunca escreveu uma resenha tão boa... A historia de Romeu e Julieta nunca me agradou muito, eu li o livro, vi filmes e mesmo assim a historia não me enche os pensamentos. Julieta é uma menina boba e manipulavel e Romeu um boco que não conseguiu cuidar e ficar com sua amada, mais este livro me chamou a atenção por ser algo bem diferente, algo que eu jamais vi... vou ver se este ao menos eu compro pra ler.

Rrsrsrs... menina pessimismo é uma coisa que já nasceu comigo, eu defino assim. Sendo pessimista eu não irei esperar demais, sendo assim se acontecer algo ruim, eu já estarei pronta e se acontecer algo muito bom eu ficarei mais feliz do que se esperasse algo bom... rsrsrs... deu pra entender né? Rsrsrs... beijos Flor!! =D

Robledo Cabral Filho disse...

Ana, JURO para você que comecei a bater palmas aqui quando li isso: "Agora, venhamos e convenhamos, manipular um clássico, o clássico dos clássicos ao seu bel prazer não é realmente a tarefa mais fácil que existe." O tom da sua resenha é inigualável!

Esse livro chegou aqui em casa ainda ontem, então não tive muito tempo para folheá-lo. Acho a frase de capa bastante cativante, mas, como você provavelmente previu, me desanimei um pouco com todo esse direcionamento lúdico que a obra recebeu. Se eu já me sinto incomodado com a bagunça em que inseriram as obras da Jane Austen, com a inserção de monstros marinhos e zumbis, imagine você o que não sinto ao ver o clássico dos clássicos tão modificado. Claro que tudo isso não passa de um pré-julgamento e que a obra pode me surpreender, mas eu já estou com um pé atrás. Mesmo assim, meus parabéns pelo tom da sua resenha! Enquanto alguns blogueiros oscilam o tempo todo entre gostar e não gostar ["o livro é bem monótono, mas não que isso seja ruim!"], você define claramente o que pensa sobre a obra, transmitindo confiança e profissionalismo.

Um beijão!
Robledo.
Livros, letras e metas

Unknown disse...

Resenha super inteligente e sincera, adorei. Estou com o livro aqui pra ler e confesso que estou bem curiosa, pois adoro a história de Shakespeare. Irei de mente aberta, para não me chocar com tanta mudança...

Bjs,
Kel
www.itcultura.com

Unknown disse...

poxa.. realmente não imaginava que o livro fosse assim. Não que o tema fosse rum, mas eu esperava uma coisa COMPLETAMENTE ABSOLUTAMENTE diferente. Sinceramente desanimei bastante =/

j disse...

Como sou romântica, acho que vou gostar, então!
Desde que vi a proposta bem "audaciosa" do livro, fiquei bem curiosa para ler. Nunca li o original, nem sei se tenho vontade, mas quero bastante ler essa adaptação.

Beijinhos Ana, ótima resenha.

Alinne disse...

Pelo que li de algumas resenhas e também pela sua opinião irei adorar esse livro, principalmente por ser diferente;uma nova versão do clássico Romeu e Julieta e foi isso o que mais me chamou a atenção em conhecer essa história.
Parabéns pela excelente resenha.
Beijos.

Books e Desenhos

fabdosconvites disse...

Mesmo nao sendo uma resenha tão favrável, quero ler este livro. Bjs, Rose.

Unknown disse...

Não conhecia a sinopse desse livro e confesso ter ficado um pouco admirada (assim como você) com o que a autora fez com a obra clássica de Shakespeare! Adoro romance mas mesmo com os pontos positivos ressaltados (e os negativos também) não simpatizei muito com a obra! Achei extremamente surreal, mas isso por si só não seria motivo pois vários livros hoje em dia o são, mas talvez seja pela maneira como as coisas acontecem, e pelo rumo que a história levou! Fico feliz que ao menos os personagens tenham mudado (amadurecido) com o desenvolver do livro e que a conclusão tenha sido satisfatória, mas não gosto dessas mudanças de humor repentinas, nem resoluções sem sentido! Acho que esse é um dos que eu passo, mas quem sabe um dia! ^^

Bjão!

Luana Feres disse...

Adoro suas resenhas, Ana. Acho que você dá sua opnião sem obrigar a gente a ter a mesma. Faz sentido? Gosto da maneira que descreve e ainda sim, não é spoiler. E agradeço a você pela resenha, porque tinha uma imagem completamente deturpada do livro. Não consegui terminar de ler A hospedeira. Achei a protagonista incostante, dramatica, fraca. Abandonei e nem pretendo ler novamente. O fato de ser semelhante simplesmente sugou a curiosidade que eu tinha.

Beijos
Mulher gosta de falar

Teorias de Gi disse...

Bom não sou tão romantica assim rsrsrsrss acho q não é pra mim, por outro lado vc fez uma comparação a Hospedeira q eu tenho um enorme carinho por este livro ai to super na duvida...

Nathália Leocádio disse...

Nossa! Adoro essas "modificações" de clássicos. Me sinto lendo uma fanfic de uma pessoa que não gostou do final do livro original UHASIAHSI. Enfim, sua resenha ficou muito bem feita e envolvente, estou looouca pra ler esse livro!