16 março 2012

Trechos: Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios

Estava querendo implantar há um bom tempo uma seção de trechos no blog e achei que a sexta-feira veio a calhar. Na hora de decidir qual seria o tema, se escolheria um autor, um livro ou uma categoria abordada em vários, acabei pegando, como quem nada quer, o meu exemplar de Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios novamente e me lembrei do porquê de eu gostar tanto deste livro, já resenhado aqui.

Foram tantos os trechos maravilhosos marcados nele que acabaram ficando fora da resenha, que resolvi então disponibilizá-los aqui para compartilhar com os leitores uma verdadeira dádiva da literatura moderna brasileira, um livro de Marçal Aquino, publicado pela Companhia das Letras.

"Estou relendo o trecho em que o professor Schianberg se ocupa da separação dos amantes; As transitórias e as irremediáveis. Ele menciona um maluco norueguês que afundou um navio como oferenda pela volta da amada. O problema é que o navio não era dele, e deu cadeia. Eu afundaria todos os navios nesta noite, Lavínia. Incendiaria o porto. Só para ver o brilho das chamas refletidos nos seus olhos escuros."
p. 15

"O trecho está grifado no livro. Nele, o professor Schianberg dá voz a Nietzsche - "Há sempre um pouco de razão na loucura" -, para depois contestá-lo, lembrando que na loucura dos amores contrariados não há espaço nenhum para a razão, apenas para mais loucura".
p. 22

"Queremos o que não podemos ter, diz o professor Schianberg, o mais obscuro dos filósofos do amor. É normal, saudável. O que diferencia uma pessoa de outra, ele acrescenta, é o quanto cada um quer o que não pode ter."
p. 22

"Alguns amores levam à ruína. Eu soube disso desde a primeira vez em que Lavínia entrou na minha casa."
p. 25

"A grande desgraça é que as lembranças não bastam para confortar os amantes. Nunca aplacam. Ao contrário: servem só pra espicaçar as chagas daqueles que foram condenados à lepra do amor não correspondido."
p. 33

"O que acontece é que, quando estou com você, eu me perdoo por todas as lutas que a vida venceu por pontos, e me esqueço completamente que a gente como eu, no fim, acaba saindo mais cedo de bares, de brigas e de amores para não pagar a conta. Isso eu poderia ter dito a ela. Mas não disse."
p. 159

"Uma reserva de sonho contra tudo o que não é doce, sutil ou sereno. É o mais próximo da felicidade que podemos experimentar, sustenta Schianberg. Não sei que nome você daria a isso. Bem, não importa muito, chame do que quiser. Eu chamo de amor."
p. 228



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