16 junho 2012

Sociedade Secreta Rosa & Túmulo, de Diana Peterfreund

Buscando por uma leitura fluida e despretensiosa, não poderia ter feito melhor escolha ao retirar Sociedade Secreta Rosa & Túmulo de minha prateleira para lhe dar uma folheada sem compromisso, até acabar completamente cativada pela narrativa de Amy com seu enorme bom-humor e ótimas doses do mundo universitário em sua faceta mais verdadeira e jovial.

Amy Haskel está em seu último ano na Universidade Eli, uma instituição extremamente conceituada nos Estados Unidos que carrega a fama de ter entre seus imponentes prédios um mundo de sociedades secretas (a maioria não tão secreta assim), segmentadoras dos melhores alunos de acordo com suas habilidades e aptidões profissionais. Logo, como editora de uma revista literária da faculdade, ela aguarda ansiosamente por sua carta de convocação para a Pena & Tinta, uma sociedade de não muito renome quando comparada a outras, mas suficientemente respeitável e a garantia de um melhor currículo para os literatos, no futuro. O que não esperava ocorrer, entretanto, era ser convidada a integrar a Rosa & Túmulo, uma das sociedades secretas mais poderosas do país que, tendo existido há mais de um século, jamais havia convocado mulheres, o que parece ter sido suficiente para dar uma verdadeira reviravolta em todos os aspectos de sua vida.



Repleto de festas e idas a bares regadas a quantidades respeitáveis de bebidas alcoólicas, relacionamentos amorosos intensos ou extremamente descompromissados, companheirismo entre colegas de quarto e, também, noites insones de estudos para testes, perspectivas adultas para o futuro e um mundo de ambições detrás de cada ação, Diana Peterfreund retrata com um humor delicioso e infalível a realidade aspirada por todo e qualquer universitário. Dando voz à sua protagonista Amy, na primeira pessoa, temos neste volume introdutório da trilogia uma linguagem que dialoga com o jovem adulto, abordando, não as primeiras descobertas da adolescência, mas a preparação para o mundo maduro em que fala-se com naturalidade sobre sexo e outros assuntos talvez considerados tabus em livros juvenis.

Na contracapa de Sociedade Secreta Rosa & Túmulo lê-se que pode ser considerado como uma mistura de O código da Vinci com O diabo veste Prada, o que, de minha parte, é um equívoco. Apesar de envolver o mundo das sociedades secretas que, em alguns aspectos, muito lembra a maçonaria, o romance em questão não tem sequer metade da pretensão conspiratória, ainda que fictícia, de O código da Vinci, nem tampouco o universo glamouroso e competitivo de O diabo veste Prada. A autora, neste caso, vem simplesmente criar algo seu, com algumas tendências de comédias românticas talvez e uns toque de filmes universitários, contudo autêntico até um certo ponto e incrivelmente gostoso de se acompanhar.

Há muito tempo que uma personagem não me fazia rir de gargalhar como fez Amy Haskel. O livro, posso afirmar, conta com passagens que farão até o leitor mais sério ir a delírio humorístico, especialmente no capítulo em que ocorre a iniciação da neófita, como a chamam seus irmãos. E não apenas a protagonista é extremamente cativante com seu jeito descompromissado, além de ter uma intertextualidade literária muito rica com menções bem-vindas a autores famosos e suas teorias, como todo o seu time de amigos, os Coveiros ou não. Temos em Lydia a melhor amiga que briga, bate o pé, mas não sai de perto quando os problemas aparecem. Brandon, por outro lado, é o quase-namorado que todas as meninas deveriam sonhar, todavia pelo qual Amy não consegue nutrir uma paixão verdadeira. Daí vêm Malcolm, extremamente carismático e companheiro, George, que provavelmente é uma personagem em potencial romântico para os próximos volumes da trilogia, Clarissa, uma burguesa nada convencional e, até certo ponto, adorável.

Como introdução de Sociedade Secreta, Rosa & Túmulo caiu como uma luva, adequado em cada especificidade para a função que desempenha, apresentando-nos ao mundo de Amy, de sua sociedade secreta e do que, provavelmente, ainda está por vir. Sem ir muito a fundo em nenhuma das questões e/ou núcleos apresentados, conta com um clímax sentido apenas levemente pelo leitor, tendo mais o papel de entreter que qualquer outro. O que é ótimo para quem estiver buscando por uma leitura voraz, não propriamente ávida ou que cause qualquer tipo de dependência emocional literária, mas simplesmente rápida, com letras grandes, períodos simples e muita, muita diversão.

Regem os padrões da série que cada capítulo comece com "Por meio desta, eu confesso:..."e, como boa seguidora de normas que sou, concluo essa resenha dizendo que, "por meio desta, eu confesso: Sociedade Secreta Rosa & Túmulo foi uma leitura cativante, em todos os sentidos possíveis".

"Estranho. Com a maioria dos homens, a admissão de amor não correspondido é um pouco insípida. Esqueça Cyrano de Bergerac, esqueça Romeu Montéquio, Ato Um, Cena Um. As garotas só se derretem por esses homens na ficção. Na vida real, gostamos que se façam um pouco de difíceis. Mostrem-me um homem enlouquecidamente apaixonado e eu lhe mostrarei um pateta."
p. 290
Informações técnicas
Título: Sociedade Secreta Rosa & Túmulo
Título original: Secret Society Girl
Autora: Diana Peterfreund
Tradução de: Fabiana Colasanti
Editora: Galera Record
Número de páginas: 397
ISBN: 978-85-01-07898-8
Gênero: Literatura juvenil




Sociedade Secreta: Rosa e Túmulo, é o livro de estreia de Diana Peterfreund. Formada pela Universidade de Yale (berço da famosa sociedade Skull & Bones, que teve entre seus integrantes John Kerry e George Bush), Diana sabe o que diz quando revela os segredos das sociedades secretas. Atualmente vive em Washington.



Um bom domingo a todos!

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