06 agosto 2012

1 livro por dia, 7 livros por semana

Fonte: Howaboutabook
Pensando em realizar algumas alterações no blog e promover novas colunas para refrescar o conteúdo, trago-lhes hoje um modelo de postagem que, conforme espero, poderá ser encontrada aqui numa frequência ou semanal, ou quinzenal, conforme vocês opinarem.

A ideia do 1 livro por dia, 7 livros por semana é simples. Ainda que não leiamos realmente essa quantidade admirável de romances num espaço de tempo tão curto, pretendo, com esta coluna, dar algumas sugestões de sete livros de gêneros distintos que já tive o prazer de ler e os quais compartilho com vocês, possibilitando um leque de opções do qual o leitor talvez tome uma ou duas dicas para si e suas futuras leituras. A variedade de gêneros foi pensada para agradar a todos os gostos e idades e, conforme a postagem for ganhando seu espaço, também trarei dicas de quem visita o blog para incorporar o grupo seleto de livros do momento, com os devidos créditos.

Para esta primeira edição, temos...

1. Um domingo para voltar à infância
Jornada pelo Rio Mar, de Eva Ibbotson - 258 páginas
Li este livro por volta dos meus 11 ou 12 anos e recordo-me dele com grande ternura até hoje. Uma das primeiras características que chama a atenção é o fato de a autora estrangeira - inglesa, se não me engano - ter usado o cenário brasileiro como fundo, a Amazônia, mais especificamente falando, e sem uma conotação depreciativa. Jornada pelo Rio Mar se passa em 1910 e conta a história da órfã Maia, que vem viver em nossas terras na companhia de seus tios malvados e de suas primas insuportáveis. Apesar de todos os infortúnios passados ao lado da "adorável família", a mocinha descobre no país um mundo de belezas incríveis, florestas enormes e cheias de histórias para contar, até que ela passe a construir a sua própria ao lado de seus amigos - os quais, confesso, não me recordo os nomes. Apesar de tê-lo lido mais jovem, duvido que ainda hoje, não teria me encantado com a escrita de Eva Ibbotson e o carisma da protagonista Maia.

2. Uma segunda-feira para sorrir, chorar, rir e pensar
Eu Sou o Mensageiro, de Markus Zusak - 318 páginas
Eu Sou o Mensageiro é um livro repleto de sentimentos. De palavras bonitas misturadas a outras mais feias e de personagens que, apesar de toda a simplicidade, mostram-se como pessoas incríveis, que o próprio leitor, tragado pela maestria literária já conhecida de Markus Zusak, aprende a amar. Ed é um verdadeiro perdedor, ao lado de seus amigos Marv, Ritchie, Audrey e Porteiro. Mas garanto que você vai torcer, vai vibrar e gargalhar até que ele vença ou, simplesmente, compreenda a verdadeira mensagem da vida. Muito diferente de A Menina que Roubava Livros, mas tão valioso e belo quanto ele, com um protagonista apaixonante.
3. Uma terça-feira para se surpreender (ou não)
O Assassinato de Roger Ackroyd, de Agatha Christie - 263 páginas
Não sei se eu que sou obtusa para descobrir o mistério por detrás dos romances de Agatha Christie, ou se ela realmente foi excepcional neste imprevisível O Assassinato de Roger Ackroyd. Novamente, por tê-lo lido há um bom tempo, não posso mencionar os detalhes com muita clareza, contudo, fazendo um breve apanhado, digamos apenas que um homem poderoso morre numa bela noite e que vários conhecidos seus presentes no local do crime tenham motivos para serem apontados como culpados. Inicia-se daí uma perseguição feroz e um despejo de provas e mais provas em que, por um mero deslize de atenção, o leitor pode perder o assassino da adaga tunisiana de vista até o final do livro.

4. Uma quarta-feira para interpretar e refletir
A Revolução dos Bichos, de George Orwell - 152 páginas
Ente os livros mais geniais ou bem idealizados já escritos, eu não poderia deixar de fazer alusão aos de George Orwell, especialmente este A Revolução dos Bichos que, numa notável inteligência literária, pode tanto ser lido por crianças à beira da adolescência (talvez nem todas pela linguagem meio maçante) como uma fábula, quanto por qualquer engajado na questão do "comunismo" russo em que, numa busca por tornar todos os cidadãos iguais, as disparidades políticas e sociais apenas se tornaram maiores. Os animais do Solar da Granja, em busca de sua liberdade, acabam caindo num regime ditatorial sem saída imposto pelos porcos,  criados para fazer menção às figuras de Trotski e Stalin. Um livro cheio de alegorias e metáforas para ser refletido e, apenas depois, lentamente digerido.

5. Uma quinta-feira para se apaixonar
O Penúltimo Sonho, de Ángela Becerra - 406 páginas
Tido como uma releitura moderna de O Amor nos Tempos da Cólera (Gabriel García Márquez), O Penúltimo Sonho é um livro belíssimo e incrivelmente melancólico desde o seu título. Tragado pela linguagem cadente da colombiana Ángela Becerra, logo o leitor se verá envolvido no romance utópico e atemporal de Joan e Soledad em que encontros e desencontros deixam-lhes no coração tanto dor quanto esperança, além da eterna espera para consumar um amor que prova não ter fim a cada página. Paralelamente a isso, acompanhamos as histórias de seus herdeiros, intrigados pelo mistério que envolvem a morte dos pais e pelos laços que os ligam. Fico sentimental só de falar sobre o livro. É lindo, lindo!


6. Uma sexta-feira histórica
Persépolis, de Marjane Satrapi -352 páginas
Apesar de possuir um denso conteúdo histórico, a premissa autobiográfica de Marjane Satrapi tem uma peculiaridade: é narrada em quadrinhos. Desde sua infância, nascida numa família liberal e que sempre lhe incentivou os estudos, Marji se vê obrigada a usar o véu e todos os outros empecilhos do regime xiita que dominou o Irã. Numa realidade em que quase tudo é proibido e na qual o desejo de ir além é maior que a própria repressão, acompanhamos a história da autora e de um Irã ditatorial em que temos momentos trágicos ou felizes, mas sempre numa linguagem leve e bem-humorada que mostra, acima de tudo, como podemos ser semelhantes, independentemente de nossa cultura, origem, crença ou religião.

7. Um sábado para os clássicos
Helena, de Machado de Assis - 144 páginas
Sei que isso deve ter soado um pouco estranho, porque sábado não parece o melhor dia para se ler clássicos, embora eu realmente acredite que Machado de Assis não mereça um dia certo, mas todos os dias possíveis. E Helena, apesar de pertencer à fase romântica do autor (vulgo a menos prestigiada) e talvez não ser tão acolhida pela crítica, é para mim um de seus livros mais belos, tristes e tocantes. Com Helena, a linguagem machadiana já mostra seus primeiros reflexos realistas e, acima de tudo, mostra ao autor o poder e a dor de um amor que indica ser proibido de todas as maneiras possíveis. A protagonista que inclusive dá nome ao livro, já está para mim no hall de grandes mulheres de Machado de Assis, talvez não juntamente com Capitolina, mas em algum lugar não muito distante dela.

Gostou da coluna? Quer enviar uma sugestão de livro para a próxima? Escreva nos comentários! Em breve responderei :)


0 comentários: