27 setembro 2012

Coadjuvantes mais queridos que protagonistas


Quando pergunta-se a respeito das personagens de determinada obra literária (ou até mesmo um filme e novela, por exemplo), é comum que a maioria das pessoas desenvolva uma predileção pelos protagonistas. Não todas, claro, mas é natural que a personagem de maior relevância seja "íntima" de seu leitor e, consequentemente, mais querida. Sem generalizar, contudo, e levando-se em consideração o fato de que toda a regra tem sua exceção, deixo abaixo uma lista bem-humorada de algumas personagens coadjuvantes que, por serem tão bem compostas, acabam roubando o lugar das protagonistas nos corações de quem as lê.


Romeu, no final das contas, é mais interessante que a própria Julieta
Julieta Imortal, de Stacey Jay,
Quem leu o livro - e gostou -, já pode comemorar, pois um segundo exemplar, agora sobre a história de Romeu, está surgindo. E eu fico extremamente grata, uma vez que Julieta, com seu jeitinho de moça de séculos remotos e romantismos com um homem que nem sequer a amava me deixou meio mordida... Romeu, apesar de fazer a linha bad boy, acabou me cativando pela complexidade de sua alma perturbada.


Penny é protagonista, mas Tracy é especial...

Lonely Hearts Club, de Elizabeth Eulberg
Sob a influência de ondas juvenis impregnadas de um verdadeiro feminismo, Lonely Hearts Club é um livro divertido, com uma protagonista engraçada e até carismática, mas a qual me irritou em diferentes momentos com suas atitudes exageradas e extremistas. Tracy, sua melhor amiga, em compensação, mostrou-se todo o tempo mais flexível, compreensiva e, à exceção de algumas brigas bobas, acabou conquistando lugar cativo em meu coração de leitora, juntamente de Diana, uma patricinha que se mostrou como amiga valiosa.


Mais Cam, menos Luce e Daniel

Fallen, de Lauren Kate
Li Fallen e parei por aí. Tenho certeza de que não continuarei a série, simplesmente pelo fato de ter achado o livro meloso, pouco original e um mero passatempo, se me permitem a sinceridade. Mas já que estamos falando de coajuvantes e protagonistas, deixo claro que, para mim, o "vilão" ou anti-herói, assim digamos, foi bem melhor trabalhado que o casal apaixonado e bipolar. Cam sabia o que queria e lutou, embora não tenha dado muito certo. Luce, em compensação, é quase, quase uma Bella Swan de tão sem graça. Sem ofensas, claro.

Não sei se por pena ou predileção, fico com Estevão
A Mão e a Luva, de Machado de Assis
Aquele momento em que alternamos, com grande ousadia, de Fallen para Machadão ~autor se remexendo no túmulo~. Li este livro numa época em que os romances românticos (não, não é pleonasmo) eram tudo para mim. E vinha José de Alencar, Camilo Castelo Branco, Alexandre Dumas, daí em diante... Até o momento em que me deparei com a fase pouco reconhecida do autor, mais romântica, ainda "fraca" se comparada ao seu imponente Realismo. Naquela época, adorei Helena e achei A Mão e a Luva meio insosso, embora não possa me esquecer do quanto eu preferi o jovem passional e inocente que era Estevão em relação à mente racional de Guiomar, que acabou entregando-se ao melhor amigo do rapaz, Luiz Alves, fazendo com que o outro sumisse do Rio de Janeiro para nunca mais. Ah, essas mulheres machadianas! Sempre polêmicas...


Aragorn, querido Elessar
A Sociedade do Anel, de J.R.R. Tolkien
Aqui temos um impasse, uma vez que Aragorn não é, realmente, aquilo que podemos chamar de coadjuvante, levando-se em consideração a extensão dos núcleos literários de Tolkien, especialmente no que se diz respeito a O Retorno do Rei, terceiro volume da saga em que o próprio nome faz alusão ao personagem. Ainda assim, neste primeiro livro, não posso negar que, com todo o enfoque em Frodo e na formação da Sociedade do Anel, já desenvolvia um favoritismo agudo por Passolargo, Aragorn e nomes derivados. No filme, o rostinho esbelto de Viggo Mortensen ajuda, claro.



É chegado o momento final, de fortes emoções, pois entre Harry e Rony, fico com Rony!
Harry Potter 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, de J.K. Rowling
Apesar de Harry ser o ícone heroico da infância e adolescência de muitos de nós, não tenho como negar que prefiro seu melhor amigo a ele, também não tão coadjuvante assim. Acho que Rony sempre teve mais carisma, bondade e uma lealdade de poucos. No momento de As Relíquias da Morte em que ele, corrompido pelo medalhão, abandonou Harry e Hermione, chorei como criança. Quando voltou para salvar o irmão fiel e camarada de se afogar no lago, mais ainda. Já quando Harry quase bateu as botas, naquele estranho momento de comoção em que ele encontra Dumbledore num lugar indescritível que me lembrou muito de O Mundo de Sofia, só consegui viajar na maionese. "Tá. E o que vem agora?".
E a plateia grita: HEREGE!

E eis aqui, ao fim, uma verdadeira precursora da tendência "coadjuvantes melhores que protagonistas", cumprindo as honras da casa.


Parabéns, Bella!


Uma boa quinta-feira a todos,


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