04 maio 2013

A Queda dos Reinos, de Morgan Rhodes

Gosto muito de romances épicos e de aventuras, embora não pertençam ao gênero que cultuo com mais frequência. Foi sob esta premissa, então, que comecei a ler A Queda dos Reinos numa tarde dessas, de maneira extremamente descompromissada, e que acabei também me surpreendendo com a vastidão de conteúdo e de ação que a história tinha a oferecer. Repleto de intrigas, conflitos, surpresas e dono de enorme fluidez, é um daqueles livros cuja leitura a gente conclui em questão de umas poucas horas sem sequer notá-las.

Marcadas por uma narração que se divide entre as perspectivas de quatro personagens principais (semelhante à da série Crônicas de Gelo e Fogo, mas sinalizada pelos nomes de três diferentes reinos em vez de aqueles pertencentes ao elenco), o leitor conhecerá aqui as histórias de Cleo, Magnus, Jonas e Lucia num momento em que elas convergem e passam a representar uma única narrativa. Quatro jovens de idades e criações distintas que, em nome de uma guerra próxima entre os reinos de Auranos, Limeros e Paelsia, acabam irreversivelmente conectados.

Empregando elementos de fantasia e mitológicos, Morgan Rhodes se utiliza do advento dos grandes reinos medievais para criar uma história intrincada, na qual um dos maiores trunfos é a personalidade completamente oposta e bem formada de suas personagens. Com alguns tipos literários já conhecidos, a autora ousa ao impor também novas características e questões ligeiramente mais polêmicas num livro que é publicado para um segmento juvenil. Tem-se, primeiramente, Cleo, a princesa de Auranos, representante da alta realeza, impulsiva e talvez um pouco mimada pelo costume de ter tudo que sempre quis. Magnus, por outro lado, ainda que também faça parte da realeza - de Limeros, neste caso -, é a representação da amargura e de uma vida marcada pela opressão: especialmente a amorosa, a qual acabará por lhe render muitas lamúrias e infortúnios. Jonas, morador humilde de Paelsia, porém rebelde, com fortes paixões e aspirações a condições dignas para o povo de seu reino, que padece em pobreza. E Lucia, enfim, dona de um passado desconhecido a ela mesma e de uma força milenar, adotada pela família real de Limeros.

Primeiro volume de uma série, A Queda dos Reinos tem, acima de tudo, de forma inovadora e criativa, todos os elementos necessários para cativar e chamar a atenção de seu leitor. Introdutório, mas ágil na medida ideal, o livro apresenta seus protagonistas dando um bom panorama de suas personalidades, sem tardar a contemplar toda a história problemática e antagônica que gira em torno dos três reinos. Aborda, ainda, assuntos mais fortes, como incesto, vingança e ousa ao trazer a figura de um rei sádico, marcado pelo estigma de "Sanguinário" para ajudar a compor o quadro rico de personalidades de toda a obra.

Surpreendente em quase todos os sentidos possíveis, incrivelmente maduro e com algumas visíveis referências literárias a outras séries épicas talvez "maiores", A Queda dos Reinos é um belo início para uma coleção que, por essência, já nasceu promissora.

Obs.: Realizei esta leitura através de uma prova e posso dizer que, num contexto geral, o livro já estava muito bem revisado. O lançamento estava previsto para o dia 3 de maio (ontem).

Foto: Shanon Fujioka
Informações técnicas
Título: A Queda dos Reinos
Título Original: Falling Kingdoms
Autora: Morgan Rhodes
Tradução de: Flávia Souto Maior
Editora: Seguinte (exemplar cedido em parceria)
Número de páginas: 408
ISBN: 978-85-65765-13-8
Gêneros: Fantasia; Juvenil; Épico

Morgan Rhodes mora em Ontario, no Canadá. Quando criança, sempre quis ser uma princesa - o tipo que sabe como empunhar uma espada afiada para ajudar a salvar tanto os reinos quanto os príncipes das chamas de dragões e feiticeiros. Em vez disso, virou uma escritora, que é apenas boa e muito menos perigosa. Além de escrever, Morgan gosta de fotografia, viajar, reality shows, e é uma leitora extremamente exigente e voraz de todos os tipos de livros. Sob outro pseudônimo, é best-seller nacional de vários romances sobrenaturais. A Queda dos Reinos é a sua primeira fantasia.


0 comentários: